A Filosofia Politica de Aristóteles
Por: KALLY21 • 1/3/2019 • Artigo • 5.480 Palavras (22 Páginas) • 198 Visualizações
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem por objectivo explorar a obra “a politica” da autoria do filósofo Aristóteles. Nesta obra o autor reforça a ideia de que o fim último da política é o bem colectivo. “em todas as ciências, assim como em todas as artes, a finalidade é um bem, e o maior de todos bens encontra se, sobretudo, naquela entre todas as ciências que é a mais alta, ora tal ciência é a politica e o bem, em politica, é a justiça, quer dizer, a utilidade colectiva.
Nesta obra o autor procura trazer elementos que mostrem o estado ideal, o cidadão e seus deveres na sociedade, as diversas formas de estado, bem como as melhores formas de organização do e funções do estado.
Aristóteles em sua obra, não traça o perfil de um governo, que sirva para todas condições sociais, mas defende a tese de que devem adaptar se as constituições às necessidades de cada povo. Considera a moral como a ciência fundamental e da qual faz parte a politica, Aristóteles considera a politica como a ciência mais importante, porque dentro do estado se cumprem os fins mais elevados. Para ele a melhor forma de governo é aquela em que todos os indivíduos actuam na vida política.
Apesar de ter tido um forte sentido prático, Aristóteles sempre considerou que a politica é uma ciência abstracta que busca o bem-estar total do homem. Ele parte de um estudo científico e comparativo dos governos que existiram no seu tempo, estas exposições basearam se na historia e na observação. Ele constrói uma ciência política independente da ética. A Politica, mais que um trabalho sistemático de filosofia política é um tratado sobre a arte do governo, porque analisa os males que existiam nas cidades gregas e os defeitos dos seus sistemas políticos, sugerindo medidas práticas para contornar problemas futuros.
Nesta obra, ela encontra a origem do estado nos esforços do homem para satisfazer seus desejos e necessidades individuais. Enquanto os homens se contentavam em levar uma existência pobre, satisfazendo suas necessidades mais elementares, não se tornou necessário uma sociedade política. Mas quando desejaram uma vida melhor, foi necessário reunir aquelas comunidades domesticas em uma entidade superior, com extensão adequada, a cidade-estado, a polis.
Assim o tipo de política mais semelhante á actual foi criada na Grécia por Aristóteles ao dar o salto da especulação lógica e metafísica ao campo do empírico. Assim “devemos a Aristóteles uma descrição e crítica, extensa e exacta das constituições políticas e históricas dos atenienses e dos espartanos, dos cretenses e fenícios. Ao estudar mais de cem constituições históricas, veio a ser o fundador da ciência histórico descritivo da política” (Dias, p.22.2010).
Segundo, Aristóteles o fim ultimo da ciência politica é a busca do bem comum porque uma vez que a ciência politica usa as ciências restantes e, mais ainda, legisla sobre o que devemos fazer e sobre aquilo de que devemos abster-nos, a finalidade desta ciência inclui necessariamente a finalidade das outras, e então esta finalidade deve ser o bem do homem. Ainda que a finalidade seja a mesma para um homem isoladamente e para uma cidade, a finalidade da cidade parece de qualquer modo algo maior e mais completo. Embora seja desejável atingir a finalidade apenas para um único homem, é mais jubilante e mais divino atingi-la para uma nação ou para as cidades.
Portanto, fundamentalmente o trabalho que nos propusemos fazer vai procurar demonstrar em que consiste a reflexão de Aristóteles no que toca a organização política de um Estado. Na verdade Aristóteles, parte da obra de Platão e outros pensadores da sua época para criticar e sugerir as melhores formas de viver na cidade.
OBJECTO DA CIÊNCIA POLÍTICA
Como é sabido, que toda a cidade é uma espécie de associação e que esta se forma projectando algum bem, porque o homem apenas trabalha pelo que considera como bem. Há na natureza um ser que ordena e outro obedece, quem ordena tem um espírito capaz de previsão e naturalmente autoridade e poder de chefe e quem obedece é dotado da força física para executar.
Naturalmente, a primeira sociedade constituída para satisfazer as necessidades quotidianas é a família. A cidade faz parte das coisas da natureza e que o homem é naturalmente um animal político destinado a viver em sociedade, a natureza dotou somente este de palavra, que tem por fim distinguir o útil do prejudicial e, por conseguinte o justo e o injusto.
O Estado esta na ordem da natureza e antes do indivíduo, este não se basta a si mesmo dai a necessidade da associação dos indivíduos. A natureza dá ao homem armas tais como prudência e virtude. Sem a virtude, ele é o mais cruel e feroz de todos os seres vivos. A justiça é a base da sociedade e chama-se justiça a aplicação do que é justo.
SOCIEDADE DOMÉSTICA: SENHOR E ESCRAVO
O estado é um conjunto de famílias e os elementos de conjuntos domésticos são aqueles da família que devem compreender indivíduos e escravos livres, ou seja, autoridade do senhor, conjugal e a geração de filhos. O escravo apenas serve para facilitar o seu senhor e pertencendo-lhe no seu todo. Aqui, o escravo é visto como coisa possuída que não se pertence a si, ou seja, um instrumento de uso.
Os indivíduos dotados de forca física estão destinados a escravidão, para eles, nada é mais fácil que obedecer. O senhor e o escravo diferem porque um é útil para vida civil, dividida entre os trabalhos de guerra e paz e o outro porque é forte para o trabalho destinado respectivamente.
Entre os homens, uns são livres e outros escravos e, para estes, é justo viver na servidão. Contudo, existe um interesse comum e uma amizade recíproca entre o senhor e o escravo, quando é a própria natureza que os julga dignos um do outro. A autoridade domestica é uma monarquia e a autoridade civil ou politica é aquela que governa homens livres e iguais.
O senhor, só o é porque se serve do escravo e deve para tal, saber mandar aquilo que o outro deve saber fazer.
EXAME DA REPÚBLICA
O autor diz que a “procura entre as sociedades políticas, a melhor para os homens, os quais tem todos os meios de viver segundo a sua vontade”, vai constituir o objecto de análise da sua obra, pois em vários autores existem constituições que falam da melhor maneira de dirigir o estado.
É que segundo o autor “ É preciso que os cidadãos participem de tudo ou de nada, de certas coisas e não de outras”. O autor dá ênfase á participação em qualquer processo pois só assim os cidadãos podem decidir e opinar sobre a sua vida.
Para o autor “deve se reproduzir no poder a faculdade de alterar que os homens se concedem uns aos outros”.
O estado significa uma associação de homens que possuem o meio de suprir a sua existência, deste modo é preferível aquilo que é mais capaz de suprir a si mesmo, da mesma forma que será preferível aquilo que for menos uno. Aqui o autor considera que a unidade do múltiplo é uma forma de ser que prejudica a sociedade porque damos uma importância muito grande ao que propriamente nos pertence, enquanto só ligamos as propriedades comuns na proporção de nosso interesse pessoal, portanto é impossível o uno.
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