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A IMPORTÂNCIA DOS EXPERIMENTOS MENTAIS FILOSÓFICOS

Por:   •  21/11/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.075 Palavras (5 Páginas)  •  180 Visualizações

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A IMPORTÂNCIA DOS EXPERIMENTOS MENTAIS FILOSÓFICOS

A experimentação mental é uma ferramenta que possibilita a ilustração de situações imaginárias estabelecidas com o intuito de obter conclusões apropriadas. Dessa forma, buscando responder a questionamentos e testar possibilidades, os experimentos mentais assemelham-se aos experimentos reais, desempenhando um papel essencial na construção do conhecimento científico e filosófico.

Historicamente, os experimentos mentais contribuíram para a obtenção de importantes resultados nas ciências e na filosofia, tanto por meio da consolidação como da destruição de teorias. Ainda na Antiguidade Clássica, os filósofos pré-socráticos já se utilizavam das “experiências do pensamento” para conduzir suas investigações. O paradoxo de Zenão de Eleia sobre Aquiles e a tartaruga, um dos mais célebres da história da filosofia, é um experimento mental. Conta-se que, em uma corrida, o herói grego Aquiles jamais ultrapassaria uma tartaruga se a ela fosse dada uma vantagem inicial. Isso porque cada vez que Aquiles percorresse determinada distância em um espaço de tempo, a tartaruga já teria percorrido outra distância, tendo ele agora que percorrer a distância inicial que os separa para alcançá-la. Sendo o espaço suscetível de divisão ao infinito, isso jamais aconteceria, pois sempre haveria um espaço a separar Aquiles da tartaruga. Esse experimento foi usado para defender as ideias de Parmênides acerca da impossibilidade do movimento, argumentando que, por ser impossível percorrer todas as infinitas partes de um espaço, o próprio espaço não pode ser percorrido. Apesar de sabermos hoje que considerar o movimento impossível é uma concepção equivocada, o pensamento de Zenão levantou questionamentos e apontou contradições existentes nas afirmações e teorias vigentes, impulsionando uma reavaliação crítica dos conceitos fundamentais de movimento, infinito, tempo e espaço, o que foi muito positivo para a pesquisa filosófica.

A alegoria da caverna de Platão, uma das mais fascinantes narrativas de toda a tradição filosófica ocidental, é outro exemplo da relevância da experimentação mental para o estabelecimento das bases de uma teoria. De acordo com o mito, pessoas vivem acorrentadas à parede de uma caverna desde a infância, vendo e ouvindo nada mais que sombras e ecos. Logo, elas assumem que essa é a realidade. Uma vez libertas, elas descobrem que são corpos que fazem as sombras, e vozes, os ecos. Tudo o que parecia ser real, na verdade, não passava de uma ilusão. Tal alegoria, sendo um dos pontos mais memoráveis da filosofia de Platão, aborda os mais expressivos fundamentos do seu pensamento filosófico: a concepção da existência de um mundo sensível – o mundo em que vivemos, onde somos aprisionados à ignorância pelos nossos sentidos – e um mundo inteligível – o mundo das Ideias, eterno e imutável, revelado através do exercício do pensamento. Ao longo dos séculos, essa alegoria repleta de metáforas e interpretações vem sendo objeto de estudos e debates, demonstrando a significativa contribuição dos experimentos mentais para o progredimento do entendimento humano.

Descartes, em suas famosas Meditações (1641), desenvolve sua investigação epistemológica com base no experimento mental do Gênio Maligno, levando à descoberta da existência do ser-pensamento e formando o eixo do conceito maior de sua obra: a ideia Cogito – “penso, logo existo”. Em sua primeira meditação, Descartes questiona a estrutura em que o conhecimento se baseia, expondo toda a sua fragilidade, e propõe sua reconstrução em bases certas e seguras por meio da dúvida metódica. Uma vez que a realidade conhecida pelo homem é definida por meio dos sentidos, esses sentidos podem distorcer a própria realidade, logo, é prudente contestá-los. Ele então conclui que há um gênio maligno, uma entidade ilusória, que constantemente o engana e o induz a acreditar em uma realidade não existente. Portanto, somente através do exercício do pensamento, da genuína racionalidade humana, seria possível buscar a verdade, e é conduzido por essa ideia que Descartes concebe a relação do pensamento com o existir. Essa proposta teve uma importância avassaladora na elaboração de uma nova ordem do pensar filosófico-científico, permeando as discussões acerca da teoria do conhecimento ainda no mundo contemporâneo.

Nas ciências, as “experiências

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