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A Virtude Do Egoísmo

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Por:   •  19/6/2013  •  7.884 Palavras (32 Páginas)  •  493 Visualizações

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AYN RAND

A VIRTUDE DO EGOÍSMO

INTRODUÇÃO

Diante do título deste livro, A virtude do egoísmo, não falta quem pergunte o porquê do termo “egoísmo”, com conotação positiva, ao lado de “virtude”—se todos “sabem” que “egoísmo” é o oposto de uma qualidade virtuosa de caráter.

O motivo é simples: “egoísmo” etimologicamente significa preocupação com nos-sos próprios interesses. O termo “egoísmo” não tem nenhuma conotação, positiva ou negativa; não diz se os interesses são bons ou maus; ou quais são. Cabe à ética respon-der a esse tipo de questão.

A ética altruísta responde que a preocupação com nosso próprio interesse é nociva; só tem valor moral uma ação praticada em benefício dos outros. Em lugar de perguntar: “O que são valores?”, o altruísta pergunta: “Quem deve se beneficiar dos valores?”—tornando o beneficiário da ação o único critério de valor moral. Tem o mesmo valor, por exemplo, o dinheiro ganho com o trabalho ou com um roubo—ambos são imorais porque o beneficiário é um “egoísta”.

Essa ética é trágica, porque não nos fornece um código de valores morais e nos dei-xa sem diretrizes morais. Essa falta de diretrizes tem levado a maioria das pessoas a desperdiçar suas vidas entre o cinismo e a culpa—cinismo, por não praticarem a ética altruísta; e culpa, por não se atreverem a rejeitar essa ética.

O que fazer? O primeiro passo é defender o direito do homem a uma existência mo-ral racional—ou seja, a um código moral que sirva para definir os interesses e valores adequados à vida; que mostre que é moral preocupar-se com os próprios interesses; e que afirme o direito das pessoas de se beneficiarem de seus próprios atos morais.

Na ética Objetivista, quem age é sempre o beneficiário da ação, que age de acordo com seu próprio auto-interesse racional. A satisfação dos desejos irracionais dos de-mais, ou a satisfação dos próprios desejos irracionais, não é um critério de valor moral: a moralidade não é um concurso de caprichos. É errado achar que qualquer escolha é moral, desde que guiada por um julgamento independente—um julgamento nada mais é que o meio pelo qual se escolhe como agir. É isso que torna a ética Objetivista uma mo-ralidade do auto-interesse racional—ou do egoísmo racional.

A ÉTICA OBJETIVISTA

O que é moralidade, ou ética? É um código de valores que orienta as ações das pes-soas e que determina o propósito e rumo de suas vidas. A ética, como ciência, trata da descoberta e da definição deste código.

Para definir um código de ética objetivo, racional e científico, é necessário respon-der às perguntas: Para que serve um código de valores? O conceito de valor, de ‘Bem ou Mal’, é arbitrário, ou é metafísico, uma condição inalterável da existência humana? A ética é o território dos caprichos ou da razão? A ética é um luxo subjetivo ou uma necessidade objetiva?

A alternativa a um código de ética objetivo, racional e científico, é uma ética mística com fundamentos sociais, com a sociedade no lugar de Deus. Nessa ética, o “bem da sociedade” é a fonte, o padrão e o critério ético; e “o bem” é tudo o que deseja a socie-dade.

O problema é que a “sociedade” não é uma entidade, é apenas de um número de pessoas; se a sociedade é um princípio ético, então alguns indivíduos falam e agem em seu nome, e nos impõem os seus caprichos. Caprichos de quem? O meu, o da sociedade, o de um ditador, tanto faz. Para o moralista atual, a ética é subjetiva e está proibida de abordar a razão, a consciência e a realidade—premissa que devemos questionar.

Comecemos pelo princípio: O que são valores? Por que precisamos de valores? “Valor” é o objetivo da ação, o que se quer obter ou se manter. O conceito de valor de-pende da resposta à pergunta: Valor para quem e para o quê? O que pressupõe que há uma entidade capaz de agir para atingir um objetivo em face de uma alternativa—onde não há alternativas, não é possível ter objetivos e valores.

Só uma entidade viva pode ter objetivos e agir para atingi-los. Todos os organismos vivos agem para conservar a sua vida. O que é o apropriado para conservar a vida? A ação que leva à sobrevivência do organismo. A inação é a antítese da vida, que tem co-mo valor supremo uma ação constante de auto-preservação.

Valores dependem de um objetivo último, um fim em si mesmo, e a vida é o único fim em si mesmo. O homem descobre o conceito de “valor” e toma consciência da questão do “bem e do mal” pelas sensações físicas de prazer ou dor. Sentir prazer ou dor é parte de sua natureza, parte do tipo de entidade que ele é.

A sensação física de prazer informa que o organismo está no curso certo de ação. A dor, que o organismo está em um curso errado de ação. Um organismo que só é capaz de sentir é orientado pelo mecanismo prazer-dor de seu corpo. Seu conhecimento e seu código de valores são automáticos.

Os organismos superiores possuem a faculdade da percepção, que lhe permitem ter consciência, não apenas de estímulos isolados, mas de entidades, de coisas. Diferente-mente das plantas e dos animais, as ações e a sobrevivência do homem requerem valo-res conceituais que não são adquiridos automaticamente. Um “conceito” é uma integração mental de uma ou mais percepções, isoladas por um processo de abstração e unidas por meio de uma definição específica. A organização de percepções em concei-tos permite compreender e reter uma quantidade ilimitada de conhecimento, maior que as percepções imediatas de qualquer momento dado.

A faculdade que dirige esse processo é a razão, que identifica e integra o material provido pelos sentidos e o processo se denomina pensar. Pensar não é uma função au-tomática, decidimos pensar—ou não, já que pensar requer um estado volitivo de consci-ência focalizada. Psicologicamente, “pensar ou não pensar” consiste em escolher “focalizar ou não focalizar”. Existencialmente, “focalizar ou não focalizar” é escolher entre “ser ou não consciente”. Metafisicamente, “ser ou não consciente” é escolher entre a vida e a morte.

Mas a responsabilidade do homem vai além: seu pensamento não é automático, “instintivo” ou involuntário, ou infalível. Deve pensar e assumir responsabilidade pelos resultados; e descobrir as leis da lógica, para dirigir o pensamento. Tudo que precisa tem que ser aprendido, descoberto e produzido por sua própria escolha,

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