A repercussão do entendimento kantiano na filosofia ocidental
Por: Rubens001 • 6/6/2019 • Ensaio • 2.394 Palavras (10 Páginas) • 171 Visualizações
A Europa após o despertar do sono metafísico : Sobre a repercussão do entendimento kantiano na filosofia européia
Resumo: O texto mostra a influência póstuma de Immanuel Kant na filosofia da Europa, que após este se viu obrigada a reformular-se, o sistema Leibniz-Wolff foi revisto e as correntes pós-Kantianas emergiram, sendo a maior delas a corrente dos idealistas, que influenciaram áreas para além da filosofia (como a política, a sociologia entre outras) desde a publicação da doutrina de Kant, em obras como a “crítica da razão pura” e as célebres antinomias, até as correntes discípulas destas idéias, como a corrente do idealismo, seu legado está a olhos vistos, se estendendo até a filosofia contemporânea e moldando-a.
Palavras-chave: Kant, Entendimento, Repercussão, Idealismo alemão, Filosofia européia, Schopenhauer, Fichte, Schelling, Hegel, Existencialismo
- Da introdução geral, e do impacto-geral de Kant na filosofia
A influência do pensamento kantiano a filosofia ocidental é, de certo, Inegável. O sistema kantiano foi de grande repercussão (tanto pela contestação dos filósofos posteriores, quanto aos discípulos de suas idéias) e hoje se mantém nas bases das principais correntes filosóficas modernas.
Esta monografia terá como ponto de partida e base bibliográfica mais fundamental o terceiro conflito das idéias transcendentais (também conhecido como terceira antinomia) e também a célebre obra “Critica da razão pura”. E tratará de sua repercussão entre os filósofos europeus, citando e explicando os pontos principais dos teóricos e das correntes filosóficas que trataram de criticar ou abraçar a visão kantiana acerca do entendimento
Primor do pensamento iluminista, Kant legou ao pensamento ocidental um ponto de virada. Tendo conseguido, em sua obra conciliar o racionalismo de Descartes, Spinosa e Leibniz, e o empirismo de Locke, Berkeley e Hume.
Após “despertar do sono metafísico” (como o próprio caracterizou) Kant passou, por meio de suas obras, a criticar logicamente o dogmatismo que imperava na filosofia de sua época (dogmatismo tal, que foi devido ao emprego do sistema Leibniz-wolff, e, em parte, das interpretações de Aristóteles que vigoravam na Alemanha da época) que pretendia afirmar verdades eternas a respeito da essência ultima de todas as coisas.
Sua obra rompeu com o caminho que a metafísica trilhava até então, Esta Tradicionalmente, segundo Kant ultrapassava os limites do entendimento. Tentando atingir o absoluto, e tratando de objetos que não são apreendidos empiricamente.
O impacto das suas ideais foi, no mínimo, vasto. A empresa kantiana legou a filosofia de sua época reações diversas. Desde a crítica de Arthur Schopenhauer e de Nietzsche, as correntes como o idealismo alemão e o existencialismo do século XX. É chavão cansado dizer que Kant foi um divisor de águas no pensamento ocidental moderno, mas não deixa de ser verdade
- Da crítica de Schopenhauer
Um dos filósofos que deu uma das criticas mais extensas e contundentes a Kant foi Arthur Schopenharuer. O auto-intitulado “mais fiel seguidor e continuador da filosofia Kantiana” se pôs a redigir uma intrigante crítica a obra de seu mestre, que ele mesmo caracteriza como “gênio”.
Em sua magnum opus “o mundo como vontade e representação” dita que o entendimento é a faculdade das representações. Ele é o conhecimento pelas causas, ligando o efeito a esta, tornando possível a intuição. (representação)
Mas esta é apenas parte do todo. O mundo não constitui apenas a representação, para Arthur (caracterizado como “cavaleiro solitário” da filosofia por Nietzsche), quem pode afirmar “o mundo é minha representação” também deve afirmar “o mundo é minha vontade”, pois vontade é a união entre sentimento e corpo, o que há de mais essencial no mundo, o que permite alcançar o sentido das coisas. Existente em todos os seres, providos de razão ou não.
Para Schopenhauer, Kant confundiu conhecimento abstrato com conhecimento intuitivo. O que é próprio do homem é a razão. Ela é a faculdade do conhecimento abstrato (representação). Mas esta o conhecimento intuitivo detém suas bases em uma coisa distinta (o que ele chamou pelo termo “vontade”)
O filósofo de Frankfurt afirma que, a forma de pensar kantiana despacha todo o conhecimento intuitivo para um plano inferior, onde este estaria condicionado por conceitos a priori, o que, em sua opinião, seria um absurdo, uma vez que conceitos são representações de representações, ou seja, abstrações da experiência, como imagens refletidas por um espelho, por isso, representações abstratas sob as fundações da vontade, sendo a representação apenas um “instrumento útil” dos seres racionais para interpretar o mundo regido pela vontade. E desta idéia, a filosofia schopenhaueriana desenvolve-se.
Arthur afirma que, na filosofia até então, a representação tomou um lugar que não é dela, extrapolando sua condição de mero instrumento e tornando-se fim último aos filósofos, que schopenhauer caracteriza como homens que não conseguem mais ver o mundo sem os óculos da representação, tendo assim, sua visão enviesada e incompleta
- Do idealismo alemão pós-Kantiano
A corrente do idealismo é, talvez, o mais puro e imediato legado das idéias de Kant, corrente que conta com pensadores de peso na filosofia como Fichte, Schelling e Hegel.
Tomaram como ponto de partida a dissertação kantiana do sujeito transcendental, mas, contudo, não se detiveram dentro dos limites da filosofia de Kant. Para os idealistas, Kant havia deixado, em suas dissertações, ideias que mereciam ser mais exploradas e potencializadas para mais além
É dito que o idealismo é um período de transição entre o iluminismo e o romantismo, um período de consolidação de uma filosofia moderna, revolucionária aos olhos de sua época
- Fichte: do idealismo ético
O primeiro e maior dos discípulos de Immanuel Kant, Fichte pregou a favor de seu idealismo por toda sua vida (este conheceu pessoalmente Kant) pronunciando que o apelo do idealismo seria ético: este seria a atividade, a ação, a independência, enquanto o dogmatismo (ou realismo) significa passividade, acomodação, fraqueza e debilidade.
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