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Antigona

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Por:   •  24/3/2015  •  1.844 Palavras (8 Páginas)  •  215 Visualizações

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Após a morte de Édipo em Colono, Antígona retornou com Ismene a Tebas, onde seus irmãos Etéocles e Polinices disputavam a sucessão do pai no trono da cidade. Os dois haviam chegado a um acordo segundo o qual se revezariam por períodos de um ano, a começar por Etéocles. Este, porém, transcorrido o primeiro período combinado, não quis ceder o lugar a Polinices, que se retirou dominado pelo rancor para a cidade de Argos – rival de Tebas; lá, após casar-se com a filha do rei Adrasto (Àdrastos), pleiteou e obteve apoio deste à sua idéia de obrigar Etéocles, pela força das armas, a entregar-lhe o trono de conformidade com o pactuado. Adrasto pôs à disposição de Polinices um forte exército. Etéocles, conhecendo os preparativos do irmão, aprontou a cidade para enfrentar os inimigos e incumbiu sete chefes tebanos de defender as sete portas da cidade em oposição aos sete chefes argivos, reservando para si mesmo o encargo de enfrentar Polinices. Após renhida luta os sete chefes tebanos e os outros tantos argivos entremataram-se; Etéocles e Polinices tombaram mortos um pela mão do outro. Creonte, irmão de Jocasta e tio de Antígona, assumiu então o poder, e seu primeiro ato após subir ao trono foi proibir o sepultamento de Polinices, sob pena de morte para quem o tentasse, enquanto ordenava funerais para Etéocles, morto em defesa da cidade pelo irmão que o atacava.

A peça inicia-se ao amanhecer do dia seguinte à noite em que os invasores argivos haviam sido finalmente derrotados”.

Antígona toma, então, uma resolução: apesar do edito proibitório de Creonte, resolve, embora sabendo que vai morrer, dar sepultura a seu irmão Polinices. Ela procura o apoio de sua Irmã Ismene:

“Antígona – Pois não manda Creonte dar à sepultura um de nossos dois irmãos, negando-a a outro? A Etéocles, sim, segundo ordena o rito, fez cobrir de terra a fim de ter repouso e honra entre os que estão no  mundo subterrâneo. Quanto a Polinices, pobre morto, nem sepultura, nem sequer lamentações: ficará seu corpo ao sol apodrecendo, insepulto, até que as aves nele encontrem um tesouro doce para sua fome. É o que a nós ordena o nobre Creonte: sim, a nós duas, vês? Até a mim também! E, o que é mais, vai vir a proclamar aqui, ele mesmo, o edito: e é tão sério, que a pena implacavelmente imposta ao transgressor é a lapidação em plena praça pública. Eis o que há: se és digna, prova sem demora não ter sangue nobre em coração ignóbil”

Ismene, porém, perplexa, não tem a coragem de se unir a Antígona no seu intento. Em resposta a ela, Antígona diz:

“Nada mais te peço; e mesmo que quisesse ajudar-me, um dia, eu não o aceitaria. Faze o que quiseres! Eu o enterrarei sem ninguém. Será belo morrer por isso: repousar, amada, ao dado de quem amo, por tão santo crime. E se é mais longo o tempo em que hei de agradar aos mortos, do que aos vivos, lá descansarei...”

Surpreendida pelos guardas, que vigiavam o cadáver insepulto de Polinices, Antígona é presa e levada à presença de Creonte. Segue-se, então, o diálogo entre Creonte e Antígona:

“Creonte – Dize, tu que aí estás, tu, de cabeça baixa: negas ou confessas teres feito aquilo?

Antígona – Eu confesso tudo; nada negarei.

Creonte – E tu, dize logo, sem quaisquer rodeios: conhecias a ordem que vedava aquilo?

Antígona – Sim. Como ignorá-la? Era público o edito.

Creonte – Não obstante, ousaste infringir minha lei?

Antígona – Porque não foi Zeus quem a ditou, nem foi a que vive com os deuses subterrâneos – a Justiça – que aos homens deu tais normas. Nem nas tuas ordens reconheço força que a um mortal permita violar as leis não escritas e intangíveis dos deuses. Estas não são de hoje, ou de ontem: são de sempre; ninguém sabe quando foram promulgadas. A elas não há quem por temor, me fizesse transgredir, e então prestar contas aos Numes”

Num certo momento, Creonte acusa Antígona de ousadia, arrogância, desrespeito:

Creonte – Sim, mas não te esqueças de que os mais tenazes são às vezes os primeiros a ceder. O mais duro ferro temperado ao fogo é o que mais depressa estala e se estilhaça. Sei de débeis freios que domaram, prontos, indomáveis potros. Não é permitido ser soberbo assim a quem depende de outrem. Ela já mostrou toda a sua insolência ao violar a lei previamente estatuída; e a essa vem juntar agora outra arrogância: a de se gabar e exultar do que fez. Homem seria ela e não eu, neste instante, se ousadia tal permanecesse impune. Seja, embora, filha de uma irmã, ou seja a que o lar a mim mais próxima ligou, nem por isso as duas, ela e a irmã, escapam à mais vil das mortes.”

Antígona, porém, não retrocede:

Antígona – Presa, que mais queres tu que a minha morte?

Creonte – Nada mais. Tendo isso, tenho o que desejo.

Antígona – O que esperas, pois? Não há palavra tua que me agrade ou possa vir a agradar-me: como tudo o que eu disser te desagrada. Que mais nobre glória poderia eu ter que a de dar à terra o corpo de um irmão? Esses, que aí estão, todos me aplaudiriam, se não lhes travasse a língua a covardia. Esta, entre outras, é a vantagem dos tiranos: dizer e fazer tudo o que bem entendem.

Creonte – E o outro, que o matou, não era teu irmão?

Antígona – Sim, de um mesmo pai e de uma mesma mãe.

Creonte – Por que o ofendes pois, honrando ao outro impiamente?

Antígona – Não é o que diria o que está sepultado.

Creonte – Sim, se ao ímpio rendes honra igual à dele.

Antígona – Não era um escravo: era igual, era irmão.

Creonte – Vinha contra a terra que o outro defendia.

Antígona – Pouco importa:: a lei da morte iguala a todos.

Creonte – Mas não diz que o mau tenha o prêmio do justo.

Antígona – Não será talvez piedade isso entre os mortos?

Creonte

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