Artigo - Sagrado E Profano
Pesquisas Acadêmicas: Artigo - Sagrado E Profano. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: thancto • 26/11/2014 • 1.813 Palavras (8 Páginas) • 421 Visualizações
FACULDADE ARQUIDIOCESANA DE MARIANA
GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA
Introdução à pesquisa em Filosofia 2011/1
Prof. Mauro Castro
Aluno: Thiago Andrade de Castro
Re-sacralização do Mundo:
Uma necessidade para a sociedade contemporânea
Thiago Andrade de Castro*
RESUMO: Este artigo busca mostrar a necessidade de um retrocesso na evolução do sagrado no mundo, mundo este que hoje vive um sagrado limitado por sua negação e pela influência dos meios de comunicação. Tal necessidade do retrocesso se dá no fato de que o sagrado atual tem guiado continuamente o homem a um abismo profundo denominado depressão, depressão esta que hoje assola o mundo, mas que também massifica seu pensamento e ajuda a muitos a controlarem o meio em que existem. Aqui se encontra uma passagem pelo sagrado na antiguidade, chegando a contemporaneidade e uma reflexão sobre a real possibilidade e necessidade para um retorno ao sagrado antigo.
Palavras-chave: Filosofia. Sagrado. Profano. Sacralização. Mito.
Tocar num assunto como a re-sacralização do mundo não é tão simples, afinal hoje o mundo é por muitos considerado como profano e por alguns, como descreve Jaime Carlos Patias¹, é sagrado, porém um sagrado diferente, voltado a mídia e sua influência no mundo.
Este artigo não busca comparar as formas de sagrado existentes no passado, e sim que hoje há uma necessidade de um retrocesso em sua evolução, ou melhor ainda, um retorno ao sagrado antigo onde o povo se reunia para celebrar a vida e não a cultura de morte predominante. Serão mencionados aqui tais tipos, mas sua comparação não receberá grande atenção para evitar um desvio do objetivo principal.
Muitos podem condenar tal visão de retrocesso alegando que ela é uma visão de aprisionamento, porém aqui será demonstrado que é o sagrado de hoje o aprisionador, afinal, ele aprisiona toda a visão de mundo do ser humano.
1. O sagrado na história
Mircea Eliade² em sua obra “O sagrado e o Profano” faz uma retrospectiva do sagrado na história. Em sua obra não há qualquer predileção por uma ou outra forma do sagrado, existe uma atenção a todas. Para as expressões do sagrado usa o termo hierofania e sobre o termo diz “Todo espaço sagrado implica uma hierofania, uma irrupção do sagrado que tem como resultado destacar um território do meio cósmico que o envolve e o torna qualitativamente diferente.” (ELIADE, 1992, p. 20), as expressões no passado eram realizadas a partir de um centro sagrado organizador, que para os povos que a ele sacralizavam era o centro do mundo.
Os povos antigos sempre recorriam aos centros sagrados buscando ajuda para atingir o transcendental, o contato com os deuses e a partir deste contato e experiência buscavam orientar suas vidas. O sagrado para estes povos era seu guia e mantenedor. É bom ressaltar que o sagrado ainda era também o que os unia.
Dentro da perspectiva do pensamento antigo ainda havia a ideia de que era do sagrado que provinha todas as coisas e que se fazia necessário cuidar delas e preservá-las para que sempre houvesse o necessário para seu sustento e continuidade da vida, além de que era um presente do transcendental. Assim nos diz Eliade (1992, p. 13) quando afirma que “para aqueles que têm uma experiência religiosa, toda a Natureza é suscetível de revelar-se como sacralidade cósmica.” E ainda afirma na mesma obra que ela “está sempre carregada de um valor religioso” e daí conclui-se que ela tem um imenso valor para o homem.
Desde o princípio da história há a oposição entre o sagrado e o profano, e sobre estes se entende “A oposição entre sagrado/profano traduz se (sic) muitas vezes como uma oposição entre real e irreal ou pseudo-real” (ELIADE, 1992, p. 14), porém com o passar do tempo o sagrado foi dando espaço ao profano graças ao fato de que “o sagrado foi sendo identificado progressivamente com o conhecimento científico, tecnológico e logocêntrico de um mundo apaziguado, em que as forças anímicas desconhecidas tinham sido inteiramente derrotadas pela luz ofuscante da razão” (OLIVEIRA, 2008, p. 10). Com este descobrimento o ser humano acabou por começar a se distanciar do pensamento mítico religioso e a se entregar cada vez mais ao pensamento racional técnico-científico.
2. O sagrado hoje e suas formas de aprisionamento
O sagrado hoje é visto das mais diversas formas, porém um sagrado já distante do antigo, onde já não há mais espaço para contato com o transcendental através de um centro organizador comum a toda uma comunidade e sim “um novo (velho) centro organizador que é o ‘eu’ individual (grifo nosso), passa da periferia da circunferência para o seu centro, enquanto que os centros organizadores passam a gravitar ao seu redor” (PATIAS, 2007).
O que se vê atualmente é um sagrado aprisionador, não aprisionador no sentido físico, mas sim no sentido psicológico, mental, afetando a razão e sua possibilidade de expressão no meio em que o homem habita.
É bem verdade que hoje se vê uma grande quantidade de denominações religiosas, que buscam o sagrado, porém esta mesma sociedade que se vê nesse meio está também profundamente marcada pela razão, uma razão não mais como a grega e sim uma razão técnico-científica, uma razão que como reflete Aranha (1993, p. 425) é “a razão dominadora, instrumento de repressão”. E esta repressão é uma forma de aprisionamento sutil, mas que com o passar do tempo impede o homem de refletir a realidade a qual está submetido.
São muitas as formas de expressão das entidades aprisionadoras, entre elas se destaca a mídia, algumas seitas e religiões que buscam apenas explorar o povo, livros de autoajuda e tantas outras organizações que mechem com o intelecto humano.
A mídia, neste ponto especialmente a televisão cria inúmeros programas para atingir o telespectador e prender sua atenção e estes “mexem com o imaginário do espectador, jogam com a interpretação e recorrem aos mitos com frequência” (PATIAS, 2007).
Um dos fortes exemplos de controle exercido pela mídia são os
“telejornais sensacionalistas, que desejam combater a violência,
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