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Carta A Meceu

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Por:   •  22/9/2014  •  1.841 Palavras (8 Páginas)  •  489 Visualizações

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Resumo: Em Epicuro, encontramos uma ética voltada para a busca do pra- zer. Este é

entendido como ausência de dor e de inquietação, a aponía e a atara- xía. Essa ética

pretende ensinar a evitar ou a suportar a dor, o medo e o sofri- mento que estão sempre à

espreita. Epi- curo, na Carta a Meneceu, aborda a questão da moral, a maneira de como o

homem deve encarar a vida, quando procura a felicidade. Essa busca tem um traço que

distingue Epicuro de outros filósofos. Para o primeiro, qualquer pes- soa, em qualquer idade,

pode buscar a felicidade, dedicando-se à filosofia. Des- taca-se ,então, pelo seu

materialismo e empirismo que se articulam à ética. Sua contribuição é apresentar uma ética

que nos ensina a cuidar de nossa vida sem- pre como bem que tem seu acabamento na

construção de uma comunidade fun- dada na amizade.

Introdução

Ética é um campo da filosofia voltado para os problemas práticos do homem. De modo geral, as pessoas, ao longo da história humana, têm estado preocupadas com questões concernentes à morte, à solidão, à angústia, ao medo. A insegurança é um com fragilidade da saúde física e mental, o inesperado dos acontecimentos naturais e sociais. A ética, então, procura refletir sobre esses problemas de modo a estabelecer um bem ao mesmo tempo constante e possível e, sobretudo, consistentemente justificado.

Em Epicuro, encontramos uma ética voltada para ensinar a evitar ou a suportar a dor, o medo e o sofrimento que estão sempre à espreita. Epicuro, na Carta a Meneceu, aborda

a questão da moral, da maneira como o homem deve encarar a vida e da busca felicidade.

O bem último da vida humana, aquilo pelo qual a vida vale ser vivida, é a felicidade (eudaimonía). Por sua vez,a felicidade, “ausência de sofrimentos físicos e de perturbações da alma” (EPICURO, 1997, p. 43), é o prazer duradouro da serenidade do espírito. Para alcançá-la, é necessária a reflexão filosófica que busca estabelecer um conhecimento sobre a própria natureza humana, seus desejos e prazeres; sobre o saber prático

do autodomínio; sobre a natureza dos deuses; sobre o que é e o que significa a morte para o homem; sobre a autarquia; sobre a liberdade e a responsabilidade; e, sobretudo,

“um exame cuidadoso (...) que remova as opiniões falsas em virtude das quais uma imensa perturbação toma conta dos espíritos”(Id, Ibid, p. 45).

Formulamos o seguinte problema: quais as características fundamentais da ética epicurista tal como exposta na Carta a Meneceu?

A hipótese é que o objetivo ético da ataraxía se apoia sobre a consciência adquirida pelo indivíduo mediante uma rigorosa reflexão teórica sobre esses temas.

O estudo da ética epicurista é relevante porque representa, em primeiro

lugar, uma doutrina até certo ponto inovadora, que marca sua posição

em relação a outros grandes modelos éticos, e que, ao fazê-lo,

enriquece a nossa compreensão da filosofia moral antiga, e, indiretamente,

enriquece o debate ético contemporâneo, na medida em que

este é herdeiro daquele acontecido na Grécia. Em segundo lugar, é preciso lembrar que os estudos sobre o epicurismo foram retomados de uns vinte anos para cá (GUAL, 1996, p. 8). Descobriu-se que, por diversas razões, ele havia sido posto no esquecimento.

Esta tendência foi revertida. Certamente,o estudo do epicurismo e suas concepções éticas deverão constar de modo crescente não apenas nos cursos de pós-graduação

em Filosofia, mas também na graduação.

Este, seguramente, constitui mais um item que caracteriza a relevância

dos estudos em torno de Epicuro. O texto básico de pesquisa é a Carta

a Meneceu, carta esta que se encontra na obra de Diógenes Laércio

(livro X, 122 a 135). Trata-se do principal texto de Epicuro “que versa justamente

sobre a conduta humana tendo em vistas alcançar a tão almejada saúde do espírito’ ”

(LORENCINI, 1997, p. 14).

As fontes primárias ainda esperam, em grande parte, pela tradução para a língua portuguesa. Apesar disso, como discriminado mais adiante, as obras essenciais de DIÓGENESLAÉRCIO (1997) e LUCRÉCIO(1988) já são acessíveis em nossa

língua. Como fontes secundárias, temos as obras de comentadores como MORAES (1998),FARRINGTON (1968), DARAKI(1996) e o espanhol GUAL (1996).

Quanto ao método, a partir da síntese de Epicuro elaborada na Carta a Meneceu, pretender-se-á descer aos aspectos mais particulares e de maiorriqueza de detalhes, para se ter uma visão mais aprofundada do sentido da ética epicurista. Proceder-se-á fazendo levantamento de fragmentos epicuristas e de alguns comentadores, tratando do contexto

histórico, da vida e obra de Epicuro, da formação do Jardim, das partes da filosofia relacionadas ao seu pensamento e da Carta a Meneceu.

Duas são as traduções da Carta a Meneceu, referidas neste trabalho, a

de Mario da Gama Kury (DIÔGENES LAÊRTIOS, 1997) e a de A. Lorencini

e E. Del Carratore (EPICURO,1997).

Vida e Obra de Epicuro

Contexto Histórico

A perda da liberdade política, com o domínio macedônio e depois romano, alterou o quadro da vida grega na Antiguidade, quando a Grécia vinha

desenvolvendo sua experiência cultural e filosófica. O país passou a ser imenso organismo político, com um grande aglomerado de povos, passando a haver uma mistura entre gregos e orientais, o que antes não acontecia. O grego, sem dúvida, possuía um

senso de liberdade muito diferente do depois implantado. Pertencia a

uma cidade-Estado autônoma e tradicional, sabendo bem usufruir dos

direitos

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