Conceitos De Ética
Dissertações: Conceitos De Ética. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: carlosf2014 • 6/8/2014 • 9.851 Palavras (40 Páginas) • 390 Visualizações
TRABALHO:
ÉTICA GERAL
E PROFISSIONAL
CONCEITO DE ÉTICA
1.1 Introdução
A ética permeia iodos os discursos. A propósito das condutas humanas ainda capazes de chocar uma sociedade já acostumada a todos os desatinos, levantam-se as vozes dos moralistas a invocar a necessidade de um repensar comportamental. Ética, infelizmente, é moeda em curso até para os que não costumam se portar eticamente. Não é raro que as proclamações morais de maior ênfase provenham de pessoas que nunca poderiam ser rotuladas éticas. Compreensível, por isso, que muitos não acreditem na validade desse propósito. Trivializou-se o apelo à Ética, para servir a objetivos os mais diversos, nem todos eles compatíveis com o núcleo conceitual que a palavra pretende transmitir. Além disso, a utilização excessiva de certas expressões compromete o seu sentido, como se o emprego freqüente implicasse em debilidade semântica. Ética, no Brasil, sofre de anemia. Já se disse que ela e anoréxica!1 Fenômeno que parece ocorrer também com outros vocábulos, quais JUSTIÇA, LIBERDADE, IGUALDADE, SOLIDARIEDADE e DIREITOS
HUMANOS.
A invocação exagerada a tais vocábulos, em contextos os mais diversos, conseguiu banalizar seu conteúdo. Encontram-se em todos os discursos, ensaios e manifestações. Debilitam-se as fronteiras de sentido e eles passam a ser conceitos ocos. Todos querem se valer do prestígio de seu conteúdo. Ante o pronunciamento de tais verbetes, os ouvidos se refugiam ao abrigo da insensibilidade. Já não se mostramsuscetíveis de causar emoção. A repetição tende a não causar impacto. Acredita-se desnecessária a reiteração. Aquilo que parece servir para tudo, na verdade, para nada mais serve. Os conceitos já teriam sido adequadamente assimilados e estariam a causar efeito inverso. Há quem chegue a expressar fobia ante a mera menção à palavra ÉTICA.
O núcleo comum a todas essas palavras enfermas é sua evidente carga emotiva. São expressões que se impregnam de sentimento. Distanciam-se do sentido racional. Adicione-se tratar-se de locuções de enunciado nada singelo. Encerram a complexidade própria às questões filosóficas. Seu uso freqüente reforça a convicção “de que o objeto próprio da filosofia é o estudo sistemático das noções confusas. Com efeito, quanto mais uma noção simboliza um valor, quanto mais numerosos são os sentidos conceituais que tentam defini-la, mais confusa ela parece”.
A dimensão lingüística não deve desanimar quem estiver realmente interessado em refletir sobre a ética e retomá-la como alternativa ao caos moral. As possibilidades da linguagem são infinitas e, se os problemas semânticos, sintáticos e pragmáticos não devem ser ignorados, eles não podem comprometer o encontro com o tema. O século passado poderia ser chamado “o século da linguagem’, e não se desconhece que o jurista “a cada passo deve determinar e criar-significados, reconhecer, construir ou reconstruir relações semânticas, sintáticas e pragmáticas”. É preciso atentar para o risco de se envolver “em discussões que giram mais sobre palavras do que sobre conceitos ou realidades,dado que chamamos coisas distintas com termos iguais, ou vice-versa” .
O essencial é reconhecer: nunca foi tão urgente, como hoje se evidencia, reabilitar a ETICA em toda a ua compreensão. A crise da Humanidade é uma crise de ordem moral. Os descaminhos da criatura humana, refletidos na violência, na exclusão, no egoísmo e na indiferença pela sorte do semelhante, assentam-se na perda de valores morais. Alimentam-se da frouxidão moral. A insensibilidade no trato com a natureza denota a contaminação da consciência humana pelo vírus da mais cruel insensatez. A humanidade escolheu o suicídio ao destruir seu hábitat. É paradoxal assistir à proclamação enfática dos direitos humanos, simultânea à intensificação do desrespeito por todos eles. De pouco vaie reconhecer a dignidade da pessoa, insculpida como princípio fundamental da República, se a conduta pessoal não se pauta por ela.
O agravamento de todas as grandes questões mundiais anuncia uma tragédia a curto prazo. Agora já não é uma questão de sensatez, mas de sobre vivência passa por uma conversão ética. Encarar com seriedade o desafio de salvar o Planeta e a espécie humana é a urgência moral posta às criaturas neste início turbulento de século XXI. O naufrágio dos valores se fez acompanhar de seqüelas gravíssimas. Haverá condições de recomposição do referencial de valores básicos para reorientar o comportamento? Sem isso, e devidamente acompanhado de efetiva alteração de conduta individual e social, não haverá futuro à vista.
A aceleração na derrocada dos valores parece apostar corridacom a destruição da natureza. A catástrofe ambiental reflete a falência do convívio ético entre as pessoas. E pensar que os antigos alimentavam o ideal de um futuro promissor para a humanidade. ante as vitórias da ciência que fariam o ser humano dominar o mundo. Hoje, essa humanidade vê-se perplexa diante de um inesgotável incremento das descobertas científicas, mas insuficiente a tornar as pessoas mais felizes. O homem domina tecnologias as mais avançadas, mas não se desvencilha das permanentes dúvidas existenciais. A espécie encontra-se ainda envolta no drama de não se conhecer em profundidade, na luta resultante da incapacidade de superação das angústias primárias.
Prometia-se um terceiro milênio de paz, harmonia e ócio saudável. Em lugar disso, o inesperado surge para aturdir. Violência e medo se aliam para trazer desconforto à alma. Sobrevém uma sólida sensação de falência dos esquemas civilizatórios, o que equivale à derrota da moral coletiva. Não foi apenas o 11 de setembro de 2001 a mostrar a vulnerabilidade de todos os pretensiosos sistemas de uma inviável segurança absoluta. O terror mostra suas ganas. E não é preciso ir muito longe. São Paulo, a unidade mais desenvolvida da Federação, teve o seu dia fatídico em 15 de maio de 2006.6 Os conflitos fundiários se intensificam. A criminalidade se organiza. O Rio de Janeiro encontra-se em ferrenha cruzada de fazer o Estado recobrar o espaço tomado pela delinqüência. Planos se sucedem, receitas se disseminam, tudo aparentemente rui vão. Reforçar o aparelho repressivo, construir maispresídios, reduzir a maioridade penal, agravar as penas, tudo isso representa insuficiente paliativo para os efeitos da devastação moral. Muito mais difícil
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