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Convite à Filosofia e Introdução ao Pensamento Filosófico

Por:   •  18/10/2019  •  Trabalho acadêmico  •  1.175 Palavras (5 Páginas)  •  222 Visualizações

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1  A FILOSOFIA: JUSTIFICAÇÃO E RELEVÂNCIA

Diferente de outras áreas do saber, que se autojustificam devido ao seu uso instrumental e imediato, a filosofia se encontra numa situação paradoxal. Ao mesmo tempo que possui uma longa trajetória de reflexões intelectuais e contribuições para diversas áreas do conhecimento humano, parece não possuir um objeto claro de estudo, bem como sua diversidade metodológica a coloca numa situação de abertura quase caótica para trajetórias e percursos de estudo.

Num mundo dominado pelo uso das tecnologias, marcado por um forte hedonismo e no qual o ter e o parecer têm mais relevância do que o ser, a filosofia acaba deslocada. Seus questionamentos cirúrgicos, desvelamentos desconfortantes e racionalidade lógica e analítca permitem um exame profundo das ideias e que em meio aos “ruídos” da contemporaneidade, encontremos as estruturas intelectuais que organizam e impactam as ações humanas.

Neste sentido, a filosofia tem o papel de agregar, justificar, dar base e colocar em questão os mais diversos saberes e em especial o próprio ato de pensar, o discurso humano e as ações. O pensamento sobre o pensamento só pode ser feito pela área que por excelência se ocupa das questões fundamentais, conceituais e mais básicas do repertório reflexivo da humanidade.

2  DEFININDO A FILOSOFIA E O SEU ENSINO

Se para Merleau-Ponty a filosofia é uma ferramenta para reaprender a ver o mundo, para outros filósofos como Kant, não há que se falar em filosofia, mas apenas em filosofar. A definição etimológica do “amor a sabedoria” parece não dar conta de responder duas questões: o que é ensinar filosofia?  que é aprender filosofia? Perguntas que exigem um olhar para uma concepção de filosofia e suas características. Seja para aprender uma série de habilidades argumentativas ou cognitivas ou adquirir uma atitude diante da realidade, há que se pensar tanto sobre uma concepção de filosofia, como para a necessidade de se construir uma identidade reconhecível em qualquer expressão da filosofia em sua história.

Com a institucionalização da educação e sua transformação em ensino, critérios e conteúdos passam a fazer parte do ensino da filosofia, algo bem diferente dos bons tempos onde os filósofos expunham suas próprias filosofias. Assim o ensino de filosofia na contemporaneidade assume um caráter institucional, o que exige que trabalhemos dentro destas condições. Ainda, diante desta situação, a questão o que é filosofia se recoloca. Como fizeram os filósofos de outros tempos, o professor de filosofia atualiza, problematiza, incorpora e discute a definição de filosofia durante o seu trabalho. E este problema fundamental, coloca o caráter filosófico da prática pedagógica no ensino de filosofia. O que e como, parecem questões que não podem ser separadas, assim uma definição de filosofia esta profundamente relacionada com sua prática.

3  ENTRE O SENSO COMUM E O ATO FILOSÓFICO

        Para o senso comum, ou o vulgo, as definições utilizadas no dia a dia são pouco rigorosas e quase sempre irrelevantes. A doxa, se baseia nas crenças, opiniões, discursos, impressões e afetos humanos que não passaram por um exame, reflexão, estudo, que a episteme filosófica é capaz de fazer com maestria. Se uma vida não examinada não merece ser vivida, o ato filosófico se faz necessário e urgente tanto para questionar as bases das crenças não fundamentadas, quanto para se promover um ensino de filosofia que seja filosófico e coloque esse ato em ação perante os alunos.

Quais seriam as relações entre a atitude filosófica, o ato de filosofar e os conteúdos filosóficos? Para respondê-las temos que olhar tanto para o que há de repetitivo como o que há de criativo no ensino de filosofia. Duas dimensões podem dar conta da questão proposta. A primeira objetiva, na qual a história da filosofia, suas fontes e os textos dos comentaristas se colocam para uma atividade de apreensão do legado da tradição. A segunda subjetiva, a apropriação das fontes, a recriação dos problemas e a leitura do passado. Pensar aqui, é a intervenção original nos saberes estabelecidos de um campo.

E o filosofar se coloca como o pensar os problemas do mundo, em, desde, ou contra um sistema filosófico. Alan Badiou, há de caracterizar a filosofia como repetição criativa. Termo que se adequa ao que foi exposto como prática do aprender/ensinar filosofia. Assim, assumir a filosofia como repetição criativa é o suposto filosófico que dá base a proposta de ensino de filosofia de Cerletti (2009).

Para dar conta de tal proposta é necessário observar que há aqui uma relação de vínculo entre os saberes seja da tradição, seja os ausentes, os quais se busca, com o sujeito amante da sabedoria. Tal relação coloca um problema fundamental. É possível expor aos outros, os que amaram a sabedoria, nos expor, mas não é possível ensinar a amar a sabedoria. Talvez o máximo que seja possível fazer é contagiar, infectar, o público com uma exposição da filosofia que o provoque para a filosofia.

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