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Discurso Científico E Discurso Filosófico

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Por:   •  2/9/2013  •  1.605 Palavras (7 Páginas)  •  14.229 Visualizações

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“Argumentar” quer dizer oferecer um conjunto de razões a favor de uma conclusão ou oferecer dados favoráveis a uma conclusão. Argumentar não é apenas a afirmação de determinado ponto de vista nem uma discussão. Os argumentos são tentativas de sustentar certos pontos de vista com razões.

Segundo Mouillaud (1997), discurso, como a própria palavra indica, origina-se do latim discurrere, que por sua vez vem do próprio latim currere e significa discorrer, atravessar, expor. É um exposto metódico, algo que flui (noção de continuidade), uma operação mental que se processa através de uma série de operações intermediárias e parciais (noção de descontinuidade).

Discurso Científico

Orlandi (1987) afirma que, do ponto de vista discursivo, as palavras, os textos configuram-se como partes de formações discursivas. Estas por sua vez, são entendidas como um conjunto de redes intrincadas de relações que imbricam história e tecnologias, construção de conhecimento e discursos num domínio específico, portanto, reproduzem poder (Focault, 1990).

A formação discursiva é sua relação com a formação ideológica e é caracterizada pelas marcas estilísticas e tipológicas que se constituem na relação da linguagem com as condições de produção.

Orlandi (1987:153) citando Pêcheux expõe que:

Um tipo de discurso resulta do funcionamento discursivo, sendo este último definido como a atividade estruturante de um discurso determinado, para um interlocutor determinado, por um falante determinado, com finalidades específicas. Observando-se sempre, que esse "determinado" não se refere nem ao número, nem a presença física, ou à situação objetiva dos interlocutores como pode ser descrita pela sociologia. Trata-se de formações imaginárias, de representações, ou seja, da posição dos sujeitos no discurso.

Existem, portanto, vários tipos de discursos. Para a mesma autora, estes se classificam em: discurso lúdico, discurso polêmico e discurso autoritário. Este último é o de nosso interesse, pois a autora o define como sendo aquele em que a reversibilidade tende a zero, estando o objeto do discurso oculto pelo dizer, havendo um agente exclusivo do discurso e a polissemia contida. Esta situação é a que exatamente acontece no discurso tipo científico, do qual passaremos a tratar.

Para discorrermos sobre o discurso científico, recorremos a Focault, autor fundamental na definição de que os discursos funcionam de acordo com algumas regras preestabelecidas, isto é, dentro de determinadas condições de produção. Não podemos deixar de mencionar sua aula inaugural no Collège de France em dois de dezembro de 1970, quando formulou um brilhante resgate da ordem dos discursos. Esta aula transformou-se no clássico livro "A Ordem do Discurso", onde podemos encontrar um resgate histórico de como sempre os discursos representam o poder e, por isso, muitas vezes, necessitam ser controlados.

De acordo com Focault (1999), a troca e a comunicação caracterizam-se como figuras positivas que atuam no interior de sistemas complexos de restrição e, sem dúvida, não poderiam funcionar sem estes. O autor sugere que a forma mais superficial e mais visível desses sistemas de restrição é constituída pelo que se pode agrupar sob o nome de ritual.

O ritual define a qualificação que devem possuir os indivíduos que falam (e que, no jogo de um diálogo, da interrogação, da recitação, devem ocupar determinada posição e formular determinado tipo de enunciados); define os gestos, os comportamentos, as circunstâncias, e todo o conjunto de signos que devem acompanhar o discurso; fixa, enfim, a eficácia suposta ou imposta das palavras, seu efeito sobre aqueles aos quais se dirigem, os limites de seu valor de coerção.

Os discursos religiosos, judiciários, terapêuticos e, em parte também, políticos não podem ser dissociados dessa prática de um ritual que determina para os sujeitos que falam, ao mesmo tempo, propriedades singulares e papéis preestabelecidos.

Se resgatarmos a história dos discursos, podemos perceber que, em cada momento, a busca da verdade mantém-se presente, assim como, as formas de controle de sua circulação. Para falarmos, porém, do discurso científico, nos ateremos ao século XIX, quando ocorreram grandes mutações científicas.

Ainda segundo Focault (1999), estas mutações científicas podem ser lidas, às vezes, como consequências de uma descoberta, mas podem, também, ser lidas como aparição de novas vontades da verdade, até mesmo, porque não podemos deixar de lembrar que os discursos funcionam de acordo com rituais que garantem poder ao discurso.

Dessa forma, é certo que a vontade de verdade no século XIX não coincide nem pelas formas que põe em jogo, nem pelos domínios do objeto aos quais se dirige, nem pelas técnicas sobre as quais se apóia, com a vontade de saber que caracteriza a cultura clássica.

O discurso verdadeiro não consiste mais, desde os gregos, naquele que responde ao desejo ou aquele que exerce o poder, na vontade de verdade, na vontade de dizer esse discurso verdadeiro: o que está em jogo é o poder subjacente ao discurso.

Segundo Braga (1999), a ciência, não por acaso, depois do século XIX, representa a mais significativa instância cultural, com uma abrangência totalizante, atravessando e impregnando todas as dimensões da existência humana em nossa sociedade. A ciência transforma-se em um instrumento de poder que acaba, muitas vezes, sendo legitimado pela sociedade que a fabrica.

A ciência é essencialmente discurso, isto é, um conjunto de proposições articuladas sistematicamente. Mas, além disso, revela-se como um tipo específico de discurso: é um discurso que tem a pretensão da verdade; entretanto, como Focault explica, verdade que não se dissocia do desejo e do poder.

Este discurso também é denominado por Marilena Chauí de "discurso competente", ou seja, aquele que pode ser proferido, ouvido e aceito como verdadeiro ou autorizado. É o discurso instituído, aquele no qual a linguagem sofre uma restrição que poderia ser assim resumida: não é qualquer um que pode dizer a qualquer outro, qualquer coisa em qualquer lugar e em qualquer circunstância. O discurso competente confunde-se, pois, com a linguagem institucionalmente permitida ou autorizada. Confunde-se, assim, com um discurso no qual os interlocutores já foram previamente reconhecidos como tendo

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