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Em Busca De Uma Definição Da Filosofia

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Por:   •  17/2/2013  •  1.091 Palavras (5 Páginas)  •  1.583 Visualizações

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Em busca de uma definição da Filosofia

Quando começamos a estudar Filosofia, somos logo levados a buscar o que ela é.

Nossa primeira surpresa surge ao descobrirmos que não há apenas uma definição

da Filosofia, mas várias. A segunda surpresa vem ao percebermos que, além de

várias, as definições parecem contradizer-se. Eis porque muitos, cheios de

perplexidade, indagam: afinal, o que é a Filosofia que sequer consegue dizer o

que ela é?

Uma primeira aproximação nos mostra pelo menos quatro definições gerais do

que seria a Filosofia:

1. Visão de mundo de um povo, de uma civilização ou de uma cultura.

Filosofia corresponde, de modo vago e geral, ao conjunto de idéias, valores e práticas

pelos quais uma sociedade apreende e compreende o mundo e a si mesma,

definindo para si o tempo e o espaço, o sagrado e o profano, o bom e o mau, o

justo e o injusto, o belo e o feio, o verdadeiro e o falso, o possível e o impossível,

o contingente e o necessário.

Qual o problema dessa definição? Ela é tão genérica e tão ampla que não

permite, por exemplo, distinguir a Filosofia e religião, Filosofia e arte, Filosofia e

ciência. Na verdade, essa definição identifica Filosofia e Cultura, pois esta é uma

visão de mundo coletiva que se exprime em idéias, valores e práticas de uma

sociedade.

A definição, portanto, não consegue acercar-se da especificidade do trabalho

filosófico e por isso não podemos aceitá-la.

2. Sabedoria de vida.

Aqui, a Filosofia é identificada com a definição e a ação

de algumas pessoas que pensam sobre a vida moral, dedicando-se à

contemplação do mundo para aprender com ele a controlar e dirigir suas vidas de

modo ético e sábio.

A Filosofia seria uma contemplação do mundo e dos homens para nos conduzir a

uma vida justa, sábia e feliz, ensinando-nos o domínio sobre nós mesmos, sobre

nossos impulsos, desejos e paixões. É nesse sentido que se fala, por exemplo,

numa filosofia do budismo.

Esta definição, porém, nos diz, de modo vago, o que se espera da Filosofia (a

sabedoria interior), mas não o que é e o que faz a Filosofia e, por isso, também

não podemos aceitá-la.

Marilena Chauí

_______________________________

3. Esforço racional para conceber o Universo como uma totalidade ordenada

e dotada de sentido.

Nesse caso, começa-se distinguindo entre Filosofia e

religião e até mesmo opondo uma à outra, pois ambas possuem o mesmo objeto

(compreender o Universo), mas a primeira o faz através do esforço racional,

enquanto a segunda, por confiança (fé) numa revelação divina.

Ou seja, a Filosofia procura discutir até o fim o sentido e o fundamento da

realidade, enquanto a consciência religiosa se baseia num dado primeiro e

inquestionável, que é a revelação divina indemonstrável.

Pela fé, a religião aceita princípios indemonstráveis e até mesmo aqueles que

podem ser considerados irracionais pelo pensamento, enquanto a Filosofia não

admite indemonstrabilidade e irracionalidade. Pelo contrário, a consciência

filosófica procura explicar e compreender o que parece ser irracional e

inquestionável.

No entanto, esta definição também é problemática, porque dá à Filosofia a tarefa

de oferecer uma explicação e uma compreensão totais sobre o Universo,

elaborando um sistema universal ou um sistema do mundo, mas sabemos, hoje,

que essa tarefa é impossível.

Há pelo menos duas limitações principais a esta pretensão totalizadora: em

primeiro lugar, porque a explicação sobre a realidade também é oferecida pelas

ciências e pelas artes, cada uma das quais definindo um aspecto e um campo da

realidade para estudo (no caso das ciências) e para a expressão (no caso das

artes), já não sendo pensável uma única disciplina que pudesse abranger sozinha

a totalidade dos conhecimentos; em segundo lugar, porque a própria Filosofia já

não admite que seja possível um sistema de pensamento único que ofereça uma

única explicação para o todo da realidade. Por isso, esta definição também não

pode ser aceita.

3. Fundamentação teórica e crítica dos conhecimentos e das práticas.

4. A

Filosofia, cada vez mais, ocupa-se com as condições e os princípios do

conhecimento que pretenda ser racional e verdadeiro; com a origem, a forma e o

conteúdo dos valores éticos, políticos, artísticos e culturais; com a compreensão

das causas e das formas da ilusão e do preconceito

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