FILOSOFIA E MOTRICIDADE
Por: Heitor Modesto • 4/5/2015 • Resenha • 3.844 Palavras (16 Páginas) • 294 Visualizações
A dualidade Corpo e Alma,
viver em Harmonia.
O homem é um ser corpóreo, que possui necessidades materiais, carnais e espirituais. Sendo assim, surge a dualidade entre Corpo e Alma; que são separados. Nosso corpo é a nossa matéria, o nosso templo. A alma é o que há de infinito e puro dentro de nós. Não é o corpo que tem uma alma, é a alma que o possuí, porque o corpo é inferior, feito de carne, de ossos, de coisas materiais, perecíveis, que um dia irão apodrecer e cheiram mal, ao contrário da alma, que é livre e vai até a eternidade.
Para cuidar do nosso templo – corpo – é necessário cuidar também da alma, do nosso interno, dos nossos pensamentos; para que eles também aceitem o cuidado que teremos com o nosso corpo. A aceitação, primeiramente, vem de dentro, sendo assim, quando ambos se conectam, podem viver em harmonia. Comer bem, não envenenar o nosso corpo, é uma das formas de conseguir, enfim, viver conectados com a nossa alma: puros. Nosso corpo pode ser treinado, por isso devemos oferecer ao nosso corpo coisas saudáveis, se levarmos nosso corpo para caminhar por 21 dias, no 22º ele vai pedir para caminhar. Nosso corpo aprende, um exemplo disso: os fisiculturistas.
O nosso organismo não morre quando morremos, um exemplo de que o nosso organismo não morre é o transplante de coração, de rins, de córneas, parte do nosso corpo morre, mas o organismo não, nosso corpo pode ser “reutilizado”, a Bioengenharia nos ajuda nesse aspecto, de usar nosso organismo biológico.
É claro que o corpo morre, essa é a única certeza que temos acerca de tudo estudado. Não há como escapar da morte sendo corpo, como corpo é necessário morrer. Cabe então o pensamento de que: não precisamos apenas ser o corpo. Podemos também aceitar a ideia de que o corpo é a nossa morada provisória, e abraçarmos a alma como a continuidade, como o definitivo na nossa vida, é a alma.
Devemos entender que, nós não somos o corpo, esse corpo é um empréstimo, ele é um organismo biológico que vive sem “Quem Eu Sou” e “Quem Você É”. Se você doar seus órgãos, eles continuam vivos dentro de outra pessoa, não precisa ser você. Precisamos da alma que nos alimente, uma alma pulsante, que vibra para que o organismo mantenha-se vivo. A Terra, por exemplo, tem sua própria vibração, todos os organismos vivos tem sua própria vibração, logo, é necessário tê-la. O corpo que moramos é uma casa, ele é responsável pela parte Física do nosso relacionamento com o mundo, precisamos do corpo para interpretar o mundo em que vivemos.
O corpo é um organismo biológico habitado por uma alma. A parte que raciocina, a nossa mente, não faz parte do nosso organismo.
Um exemplo de que estamos ligados as nossas almas, em um aspecto cultural, onde a crença da existência da alma “além da vida” existe é o Dia de Finados, uma afirmação de nossa crença na imortalidade da alma. Vêm de muitos tempos, muitas histórias, muitos estudos, muitos pensamentos.
A alma habita o corpo, mas não é corpo; e pode seguir vivendo quando ele perece. Demoraremos um pouco ainda para compreender e aceitar que iremos dar adeus ao nosso corpo, e talvez, provavelmente, iremos ao infinito, paraíso ou não, a alma não morrerá. A vida e a morte é algo assustador para ser estudado, gerando polêmicas e dualidades não só na questão, mas no pensamento em uma comunidade, um grupo.
A concepção platônica sobre corpo e alma é dualista. Alma para Platão é a causa da vida e portanto é imortal. Para ele, há a segunda divisão:
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Alma Racional, situada no cérebro; é o ponto do conhecimento, a nossa “faculdade”. Parte espiritual e imortal, é a função ativa e superior da alma, o principio divino em n
Alma Irascível, situada no tórax, inseparável do corpo: é mortal; Se irrita ou se enraivece contra tudo quanto possa ameaçar a segurança do corpo e tudo que lhe cause dor e sofrimento;
Alma Concupiscente, situada entre o diafragma e o umbigo, ou no baixo-ventre, busca comida, bebida, sexo, prazeres, tudo que é necessário para conservação do corpo e para a geração de outros corpos. Essa é a parte irracional e mortal, termina com a morte do corpo.
Platão concebe o homem como corpo e alma. Enquanto o corpo modifica-se e envelhece, a alma é imutável, eterna e divina. A alma presa ao corpo um dia foi livre e contemplou o mundo das ideias, mas as esqueceu. Através da busca do conhecimento, através de um processo de recordação, o homem pode lembrar-se das ideias que um dia contemplou. A realidade sem forma, sem cor, intocável, só pode ser contemplada pela inteligência, que é o guia da alma.
Cabe ao homem através de seus pensamentos saber conduzir seus sentimentos, pois somente assim ele poderá se guiar no caminho do bem e da verdade. Segundo Platão, é através da alma que o homem conhece o corpo e as sensações explicam “como” são as coisas. A alma e a inteligência explicam “o que” são as coisas. É por isso que a alma é essa “ida e vinda” entre os dois mundos, inteligível e sensível, ainda que suas características sejam dadas pelo mundo inteligível. A alma tem de se parecer com aquilo que ela busca ou aspira: as ideias. E ainda que encarnada em um corpo, a morte refere-se somente a essa parte material, divisível, múltipla, instável.
O corpo continua sendo nosso, apesar de tudo, o que nos faz responsáveis por esclarecer nós mesmos, donos do nosso corpo que, inevitavelmente, todos nós somos – apenas corpo – em algum momento. "Eu sou meu. Sou dono de mim mesmo."
Para melhor compreensão, somos compostos de corpo e alma. Ressaltando: o ser humano é uma única realidade, um único ser pessoal, um único sujeito. Tanto a dimensão espiritual quanto a corpórea designam a realidade e o ser total do ser humano. Alma e corpo não são dois seres que se justapõem, antes devem ser considerados como duas notas ou princípios essenciais e fundamentais “da estrutura ontológica unitária que é o homem”.
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O Uso do Corpo Pelo Homem
Através dos Tempos
O corpo tem a capacidade de modificar seu ambiente, mas o ambiente também interfere e modifica o corpo, seja no modo de agir, de pensar, pois a melhor maneira de expressar a cultura de um povo é através do corpo. O homem passou por diversas fases de utilização do corpo, a primitiva, a manual, até chegar a descorporização, quando o homem deixa de usar seus instintos para a sua sobrevivência e passa a controlar seus afetos, sentimentos e expressões, acompanhando assim o processo de civilização, onde o corpo é cada vez mais substituído por máquinas, tornando-o cada vez mais “parado”. Sendo assim, o homem desenvolve sua corporalidade através das vivencias em sua individualidade, em um meio social ou cultural, cada corpo expressa as características que se formam através das convivências com a sociedade. O corpo fala através da sua cultura e seu meio social, suas visões em relação ao seu corpo são diversas na qual também atuam em seus comportamentos.
Desde as sociedades mais antigas até os dias de hoje, o corpo distanciou-se muito do que era. A sua forma de se comunicar, de usar o seu corpo, mudou. O homem primitivo, devido suas atividades, seu trabalho, para a sua sobrevivência, tinha mais contato com a natureza, aperfeiçoando assim os sentidos e a ação do seu corpo, ele dependia da agilidade de seus movimentos e da rapidez de suas ações. Eles tinham uma relação com a natureza, diferente da atual sociedade moderna. Eles mantinham uma relação de total aceitação da natureza em seu dia-a-dia. Eles não viam a necessidade de modificar a natureza, mas de adaptar-se a ela. Seu corpo era parte da natureza. Podemos ver e compreender que o uso do corpo através dos tempos foi intensamente modificado. O homem moderno não necessita adaptar-se a natureza, mas pensa que ela deve adaptar-se a ele.
Um determinado grupo cultural revela de forma individual não só as particularidades pessoais, como as características do grupo como unidade, expressando a história de uma sociedade com seus valores, leis, crenças e sentimentos.
A individualidade e a independência entre as pessoas geraram uma separação de atividades; o homem foi se tornando o mais independente possível da comunicação do seu corpo com o mundo, diminuindo sua capacidade de percepção sensorial e aprendendo, ao mesmo tempo, a controlar seus afetos, transformando a expressão “livre” dos seus sentimentos, em expressões e gestos formais.
A industrialização, a modernização, a tecnologia, de certo modo obrigou o homem a mudar seus hábitos, seu corpo, seu modo de agir, de pensar e até mesmo sentir. Os movimentos corporais tornaram-se instrumentalizados, exemplo: as indústrias, desassociando os movimentos corporais em partes isoladas para aumentar a produção. No esporte, uso de substancias capazes de aumentar a produção e aperfeiçoamento do corpo, contribuindo para a quantificação das capacidades corporais.
Na época pré-industrial, era grande a significação do corpo, as relações sociais eram construídas e consolidadas pela presença corporal. A cor da pele, altura, força, eram pontos para designar funções sociais. A força, a destreza e agilidade, eram pontos principais, não somente para competições, mas para o serviço militar; vencer uma competição não significava – apenas – comprovação de superioridade física, mas sim, o reconhecimento do vencedor, sendo superior aquela sociedade, vangloriado pela sua diferença. Nas sociedades tradicionais, a economia era para viver e sobreviver, priorizando necessidades como a fome e a sede.
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A ciência medieval seguia na razão e na fé, procurava compreender o significado das coisas, não com o objetivo de controle. É a partir do renascimento o homem descobre o poder que tem: o da razão. Onde pode transformar o mundo usando-a e produzir tudo conforme suas necessidades, o homem passou a considerar a razão como a única fonte de conhecimento, distanciando-se de seu corpo, visualizando-o como um objeto que deve ser disciplinado e controlado, o corpo passou a ser um objeto submetido ao controle e à manipulação cientifica. A partir da ideia de que o homem pode ser moldado, e que é possível ser manipulado, surge a descoberta da natureza como um meio de exploração.
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