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Filosofia

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Por:   •  12/3/2014  •  1.899 Palavras (8 Páginas)  •  4.975 Visualizações

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Faça um fichamento destacando, em cada momento histórico, a visão predominante a respeito da relação corpo-alma.

R = Pág. 1:

A partir do final do segundo milênio, estamos passando por uma mudança de paradigmas, por uma mutação histórica de modelo que começou com a industrialização e urbanização e culmina na atual era da informação e do consumo. Essas transformações se fazem sentir de maneira profunda no modo de vida da sociedade tradicional, cujos valores arraigados demoram muito tempo para serem alterados. Agora, na era da globalização, tudo fui rapidamente, com a concomitante mudança dos costumes e uma diversificação numa vista dos modos de vida das crenças e dos papéis desempenhados pelos indivíduos da família, no trabalho, em todas as esferas do comportamento humano.

Pág. 2:

A dicotomia corpo-alma já aparece no pensamento grego no século V a. C., com Platão, que parte do pressuposto de que a alma, antes de se encarnar, teria vivido no mundo das ideias, onde tudo conhece por simples intuição, ou seja, por conhecimento intelectual direto e imediato, sem precisar usar os sentidos. Quando – por necessidade natural ou expiação de culpa – a alma se une ao corpo, ela se degrada, por se tornar prisioneira dele. A alma humana passa então a se compor de duas partes, uma superior (a alma intelectiva) e outra inferior (a alma do corpo). Esta última é irracional e se acha, por sua vez, dividida em duas partes: a irascível, impulsiva, localizada no peito; e a concupiscível, centrada no ventre e voltada para os desejos de bens materiais e apetite sexual.

Pág. 3:

Santo Agostinho na alta idade média, ao examinar a relação corpo-alma, afirma que eles constituem uma unidade, embora a alma seja imortal e o corpo, a sua dimensão terrena e mortal. Pelo livre-arbítrio, e auxiliado pela graça divina, o ser humano consegue evitar o mal, porque a alma pode governar o corpo. No entanto, também por ser livre, a pessoa pode eleger o mal, isto é, pecar, nesse sentido, o pecado é a transgressão intencional de um mandamento divino: é dizer, fazer ou desejar algo que contrarie a lei eterna. Daí o esforço contínuo contra a concupiscência, que é o desejo intenso de bens ou gozos materiais, inclusive o apetite sexual.

Pág. 4:

A filosofia cartesiana contribui para a nova abordagem a respeito do corpo. Partindo da dúvida metódica, Descartes começa duvidando da realidade do mundo e do próprio corpo, até chegar à primeira verdade indubitável: o cogito, o pensamento. Ao reconstruir o conhecimento e recuperar a realidade do mundo, define o corpo como pura exterioridade, uma substância extensa, material. Considera então que o ser humano é constituído por duas substâncias distintas: a substância pensante, de natureza espiritual – o pensamento; e a substância extensa, de natureza material – o corpo. Eis aí o dualismo psicofísico.

Págs. 4 e 5:

Analisando as possibilidades de expressão da liberdade, desenvolve uma teoria absolutamente inovadora no seu tempo e que desafia a tradição vinda dos gregos. A novidade de Espinosa é a teoria do paralelismo, segundo a qual não há relação de causalidade ou hierarquia entre corpo e espírito. Ou seja, nem o espírito é superior ao corpo, como queriam os idealistas, nem o corpo determina a consciência, como dizem os materialistas. A relação entre um e outro não é de causalidade, mas de expressão e simples correspondência. O que se passa em um deles se exprime no outro: a alma e o corpo exprimem, no seu modo próprio, a mesma coisa. Nesse sentido, também não convém dizer que o corpo é passivo enquanto a alma é ativa, ou vice-versa. Tanto a alma como o corpo podem ser, por sua vez, ativos ou passivos. Quando passivos o somos de corpo e alma. Somos ativos quando autônomos, senhores da nossa ação, e passivos quando o que ocorre em nosso corpo ou alma tem uma causa externa mais poderosa que a nossa força interna, daí decorrendo a heteronomia.

Pág. 6:

Pelo conceito de intencionalidade, a fenomenologia tenta superar não só a dicotomia corpo-espírito, como as dicotomia consciência-objeto e indivíduo-mundo, descobrindo nesses polos relação de reciprocidade. Afinal, o que é o corpo nessa perspectiva? Ele não se identifica às “coisas”, mas é enriquecido pela noção de ser-no-mundo. Ou seja, o corpo é facticidade, no sentido de “estar lá com as coisas”, mas não é facticidade pura, porque é também acesso às coisas e a si mesmo. Portanto, a dimensão de facticidade do corpo não se desliga da possibilidade de transcendência.

Pág. 7:

Se o corpo não é uma “coisa”, o “lado material” da pessoa em que predomina o aspecto racional e consciente, mas faz parte integrante do ser-no-mundo, é perfeitamente possível investigar de que maneira as instâncias do poder atuam sobre ele para criar formas de agir e de pensar. Ou seja, vamos examinar como a imposição de comportamentos passa pela domesticação do corpo.

Pág. 8:

Após tão longa tradição de desvalorização do corpo e das paixões de seu controle e normatização, começa a ocorrer uma tendência oposta. O esforço de liberação das amarras do corpo redundam em sua idolatria, mudança radical que não passa por sua recuperação equilibrada e pelo amadurecimento do sujeito.

A partir da década de 1960, a revolução sexual exerce influência no processo de resgate do corpo, mas ao mesmo tempo reações contraditórias impedem de encará-lo de forma mais serena. Permanecem assim sentimentos ambíguos, que fazem dele objeto de amor-ódio, na medida em que é repelido como algo inferior e escravizado, mas também desejado e exaltado.

Pág. 9:

Com esses exemplos quisemos dizer que o corpo não é um instrumento pelo qual o nosso ser íntimo tenta se exprimir: meu corpo sou eu mesmo me expressando. O corpo nunca nos é dado como mera anatomia nem como objeto de culto: é a expressão de valores sexuais, amorosos, estéticos, éticos, ligados bem de perto às características da civilização a que pertencemos. Mas ainda, convém saber discernir em que medida essas características nos cerceiam e quando podemos subvertê-las segundo princípios a serviço da liberdade e da melhor coexistência humana.

A epígrafe de Saint-Exupéry, que abre o capítulo, diz respeito à questão de identidade moral. Explique por quê.

R= Porque é segundo o laço de relação social que uma pessoa

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