Filosofia Da Educação
Artigos Científicos: Filosofia Da Educação. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: 416857 • 30/5/2014 • 4.426 Palavras (18 Páginas) • 363 Visualizações
A FILOSOFIA DA
EDUCAÇÃO NA
FORMAÇÃO E NA
PRÁTICA DO
EDUCADOR
O fato de que uma multidão de homens
seja conduzida a pensar coerentemente
e de maneira unitária a realidade presente
é um f ato "filosófico" bem mais importante e "original"
do que a descoberta, por parte de um "gênio filosófico",
de uma nova verdade que permaneça
como patrimônio de pequenos grupos intelectuais.
Gramsci
O objetivo deste segundo momento de nosso livro é mostrar o lugar que a
Filosofia da Educação ocupa na formação e prática do profissional que atua na área
da Educação, seja ele o professor ou o especialista das funções pedagógicas. Trata-se
de mostrar que esse é um lugar legítimo e necessário, e que o componente Filosofia
da Educação não se encontra na grade curricular só por capricho, mas porque é
mediação insubstituível na formação desse profissional e porque a reflexão filosófica
sobre a educação se fará sempre necessária para o educador durante toda a sua vida
profissional. Ela estará sendo sempre exigida pela sua prática.
Como teremos a oportunidade de ver no decorrer deste livro, para se formar
um educador qualificado são necessários muitos outros elementos, trazidos pelos
outros componentes curriculares, mas a formação do educador será truncada se lhe
faltarem os elementos especificamente filosóficos.
Mas para entendermos bem qual o lugar da Filosofia da Educação no
contexto da formação e da prática do educador, é preciso relembrarmos qual o papel
da própria reflexão filosófica no contexto da formação da cultura humana em geral e
qual o papel da própria Educação. Neste segundo capítulo, veremos qual o sentido e
a contribuição da Filosofia como elemento geral da cultura humana.
A Filosofia:
Prefigurada no Mito?
A forma de expressão e o sentido do pensamento filosófico, tais quais os conhecemos
hoje no Ocidente, nasceram da experiência cultural da Grécia antiga.
Foram os assim chamados pré-socráticos, pensadores gregos do século
V a.C, os introdutores do processo da reflexão sistemática da Filosofia. Na
verdade, muito antes deles, os próprios gregos já anunciavam e pressentiam essa
postura da reflexão humana que se consagrou como filosofia, paradoxalmente
através dos seus mitos.
A mitologia grega, embora não se desenvolvesse nos mesmos esquemas lógicoracionais
da filosofia posterior, não deixou de explicitar uma rica significação lógica,
embutida em formas alegóricas de pensar. Assim, não devemos pensar a mitologia como um
conjunto de formas ilógicas, irracionais. Trata-se de uma primeira forma de pensar,
expressando basicamente um esforço de ordenação, de unificação, que prenunciou tudo o que
viria a seguir no Ocidente em termos de saber.
Vamos retomar aqui uma conhecida passagem dessa mitologia, em que acreditamos
estar prenunciada a significação mais autêntica da própria filosofia. Trata-se do mito da
Esfinge.
Conta a tradição oral da mitologia grega, vinculada ao mito de Édipo, que, quando
Creonte governava Tebas, após o assassinato de Laio, por Édipo, seu filho, a Esfinge, monstro
fabuloso, fixara-se nas cercanias dessa cidade e passara a devorar quem não soubesse resolver
os seus enigmas, espécies de charadas, a que eram submetidos todos aqueles que tentavam
adentrar os portões da cidade e liberar Tebas. Esse monstro tinha sido enviado pela deusa
Hera para punir os tebanos por toda uma série de crimes que aí se cometiam.
Tentando libertar Tebas dessa maldição, Creonte ofereceu seu trono a quem destruísse
a Esfinge, que só conseguiria quem decifrasse os enigmas da mesma.
Só Édipo os decifrou, esclarecido que foi por outra divindade. Provocando a
autodestruição da Esfinge e a conseqüente libertação de Tebas, Édipo tornou-se rei,
recebendo, além do trono, a mão de Jocasta, irmã de Creonte e viúva de Laio. Só que Jocasta
Mito é uma narrativa
que explica
alegoricamente as
situações da existência
dos homens.
era sua mãe. Os dois cometem, portanto, o incesto que fora prenunciado pelos oráculos.
O que nos interessa aqui é a prefiguração que os enigmas da Esfinge manifestam, ao
expressar, a nosso ver, o próprio sentido da atitude filosófica, no contexto da condução da sua
existência.
A Esfinge formulara dois enigmas. O primeiro era o seguinte: “quem é que, dotado de
voz, anda primeiro
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