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Filosofia E Educação Em Rousseau

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Por:   •  8/5/2013  •  2.633 Palavras (11 Páginas)  •  828 Visualizações

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O homem novo e a criança que experimenta, erra e tenta de novo

Filosofia e educação em Rousseau

Jorge Marques Pontes

Resumo:

O presente artigo trata da concepção filosófica de J.J. Rousseau extraída da obra Emílio ou Da educação e das experiências vividas no curso de graduação e no estágio supervisionado, concluindo com minha reflexão sobre a práxis das aulas de filosofia no ensino médio.

Palavras-chaves: Rousseau, filosofia, ensino, iluminismo.

O mais enigmático de todos os filósofos do Iluminismo do século 18, o filósofo político, educador e ensaísta, Jean-Jacques Rousseau nasceu em Genebra em 28 de junho de 1712. Sua mãe morreu no parto. Não teve qualquer educação formal até os 16 anos, exceto sua própria leitura das Vidas de Plutarco e uma coleção de sermões calvinistas. Tornou-se o protegido de Madame Louise-Éléanore de la Tour du Pil, baronesa de Warens.

[...] encontrou refugio em Les Charmettes, nas proximidades de Chambéry, junto de madame de Warens, que lhe foi mãe, amiga e amante. “Uma mulher toda ternura e doçura”, como ele a recorda, que lhe possibilitou estudar e se instruir, sem distrações, longe do tumulto da cidade. Escreve Rousseau: Uma casa isolada sobre o declive de um vale foi nosso refugio: lá, durante quatro ou cinco anos, desfrutei de um século de vida e felicidade pura e plena, que oculta com seu esplendor tudo aquilo que a minha situação presente tem de horrível (ANTISIERI).

Aos 30 anos colaborou com a enciclopédia de Diderot e D’Alembert no verbete Música e aos 38 anos conquistou o premio da academia de Dijon com seu Discurso sobre as ciências e as artes. No ano de 1762, Rousseau começou a ser perseguido na França, pois suas obras foram consideradas uma afronta aos costumes morais e religiosos. Refugiou-se na cidade suíça de Neuchâtel. Em 1765, foi morar na Inglaterra a convite do filósofo David Hume. De volta à França, Já velho e cansado, doente e deprimido, Rousseau aceitou o convite do marquês de Girardin, em cujo castelo transcorreu os últimos meses de sua vida em clima de relativa tranquilidade psicológica. Casou-se com Thérèse Levasseur, no ano de 1767. Faleceu aos 66 anos, atingido por insolação durante um passeio a tarde, morreu em 2 de julho de 1778, no castelo de Ermenonville, onde estava hospedado.

“Que se destine meu aluno a carreira militar, a eclesiástica ou advocacia, pouco me importa. Antes da vocação dos pais, a natureza o chama para a vida humana, viver é o ofício que lhe quero ensinar [...]” (J.J. Rousseau).

A obra Emílio ou Da educação, sobre a qual exerço minha reflexão, é um ensaio pedagógico que une política, educação e ética sob a forma de romance e nele Rousseau procura traçar as linhas gerais que deveriam ser seguidas com o objetivo de fazer da criança um adulto bom. Mais exatamente, trata dos princípios para evitar que a criança se torne má, já que o pressuposto básico do autor é a crença na bondade natural do homem. Outro pressuposto de seu pensamento consiste em atribuir à civilização a responsabilidade pela origem do mal. Conseqüentemente, os objetivos da educação, para Rousseau, comportam dois aspectos: o desenvolvimento das potencialidades naturais da criança e seu afastamento dos males sociais.

Nesta obra, Rousseau dividiu a existência em cinco fases: Lactância até dois anos; infância de dois a doze; adolescência de doze a quinze; mocidade de quinze a vinte e o início da vida adulta de vinte a vinte e cinco anos. Dos cincos livros de Emílio, os quatro primeiros tratam da educação do menino e último da educação da menina Sofia.

O jovem Emilio, filho de um homem rico, é educado por um preceptor no convívio com a natureza protegido dos constrangimentos sociais. Emilio é o representante da espécie humana em seu potencial de virtude, educado para viver bem consigo, com sua futura companheira Sofia e com os outros, em uma sociedade livre e democrática. A obra é inspiradora da escola nova e Pestalozzi. E se contrapunha, naquela época, a visão elitista da educação como privilégio, afirmando ser um direito de todos. Criticava a pedagogia jesuíta rígida, punitiva e mera transmissora hierárquica de conhecimentos memorizados, que tratava a criança como um adulto em miniatura.

Rousseau entendia a infância como uma forma particular de ser humano diferente da idade adulta. O aprendizado era conduzido pelos interesses do próprio aprendiz, em uma educação de dificuldades progressivas, lúdicas e interativas que evoluíam naturalmente do sentido ao espírito.

Tudo é certo em saindo das mãos do autor das coisas, tudo degenera nas mãos do homem [...]

Se por um lado ele identificava as especificidades do ser infantil, por outro, projetava o homem do amanhã delimitando claramente a fronteira entre o homem da natureza e o homem civil. Este é o motivo dominante das obras de Rousseau, ou seja, os bens que a humanidade crê ter adquirido, os tesouros do saber, da arte, da vida requintada não contribuíam para a felicidade, para a virtude do homem, senão que o afastaram da sua origem e o extraviaram da sua natureza. Para ele a vida social se rege muito mais pelos vícios do que pelas virtudes e o egoísmo, a vaidade e a necessidade de domínio governam as relações entre os homens. Essa teoria do estado de natureza é que dá origem a uma de suas idéias mais difundidas: o homem nasce naturalmente bom, a sociedade é que o corrompe.

Rousseau herda essa concepção de estado natural de filósofos como Thomas Hobbes, mas faz uma leitura diferente, dando um novo significado:

[...] Rousseau descreve um quadro do estado de natureza completamente diferente daquele de Hobbes. Em vez da luta de todos contra, do medo constante de perder a vida e a posse dos homens, temos a independência dos homens entre si garantida pela natureza provedora e o desinteresse pelos bens alheios. (NASCIMENTO)

No seu livro, o discurso sobre a origem e os fundamentos das desigualdades entre os homens, ele apresenta o ser humano em seu estado de natureza, como um ser doce e meigo, distante da estupidez dos brutos e das funestas luzes da civilização. O homem neste estado e compelido, tanto pelo instinto como pela razão a defender-se do mal que o assola, porém é impedido pela piedade natural de fazer mal a outrem. É isto o que chamamos de bom selvagem.

Mas com a criação da propriedade privada finaliza-se o estado de pureza do homem, o estado natural. Pois esta desencadeia um processo de desigualdade que gera a violência e a corrupção moral da

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