Filosofia Sparon
Artigo: Filosofia Sparon. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: coxinhadepavao • 16/3/2015 • 3.195 Palavras (13 Páginas) • 187 Visualizações
§1. Para Espinosa, os filósofos se equivocam quando concebem que dos combates das emoções humanas nascem os vícios porque, dessa maneira, concebem os homens mais como gostariam que fossem e não como realmente o são. Como conseqüência, a ética prescrita por esses filósofos se assemelha a uma sátira (tendo em vista a opinião negativa acerca da natureza humana), e sua política se aparenta uma quimera (tendo em vista sua distância do mundo prático). Portanto, os filósofos aos quais Espinosa se refere são os menos indicados para a governança do Estado.
Para a execução desse exercício de leitura, inseri alguns capítulos e parágrafos necessários que não estavam na lista de análise. Assim agi para uma compreensão mais didática do texto. São eles: no capítulo II, os parágrafos 11 e 7; no capítulo III, o parágrafo 7.
Tratado Político, Capítulo II
§ 11. Um homem é livre na medida em que usa retamente a razão. E. g, nossa faculdade de julgar pode estar submetida à vontade de outrem quando nos iludibriam. Assim, um homem pode agir livremente quando tem o conhecimento adequado das causas que determinam seu agir. Logo, um homem é livre se usa retamente a razão.
§ 7. Nesse parágrafo Espinosa afirma que todos os homens são iguais no que se refere ao conatus, ou seja, todos são iguais no tocante a auto-conservação. Pode haver alguma diferença entre os homens cuja origem esta no maior ou menor gozo da liberdade; e quanto mais livre um homem, maior é a conservação em si mesmo. Donde que: a liberdade redunda na própria conservação.
Tratado Político, Capítulo III
§ 7. Nesse parágrafo Espinosa explicita que num indivíduo o conatus está diretamente relacionado com o uso adequado da razão. Com base nisso, o filósofo português faz uma projeção para cidade. Portanto, a cidade também se conserva mais e é mais livre quando guiada pela razão e busca a utilidade comum a todos os indivíduos.
Tratado Político, Capítulo IV
§§ 1 – 3. Explicitada a relação sistemática entre o conatus, a liberdade e o uso da razão, Espinosa estabelecerá uma distinção entre o direito (de agir, usar, possuir) e o melhor (agir, usar, possuir). E.g, cabe ao Estado garantir a paz e a segurança, se há violações e crimes, estes são antes sintomas da má governança do que dos vícios dos súditos. E acrescenta que o mau governo assemelha-se ao estado natural. Do mesmo modo, quanto maior a virtude individual, maior será a submissão às leis e tanto maior será a virtude da cidade.
§ 4. Para Espinosa, a paz não é sinônimo de ausência de guerra. Para o monista, a paz é uma virtude cuja origem está na força da alma. Mais precisamente, a obediência às leis tem que ser uma vontade constante, a qual culmina num decreto comum. Nesse contexto, não há necessariamente paz num estado onde não há guerra. Os súditos podem estar submetidos a uma força maior ou os súditos podem estar inertes. Nesse caso, a inércia dos súditos, diz Espinosa, configura não uma cidade, mas sim um estado de solidão.
§§ 5 – 6. Espinosa passa então a caracterizar o melhor Estado como sendo aquele em que os homens vivem na concórdia e sob a conduta da razão. No melhor estado a população é livre e não submetida (vencida pela guerra). Numa população livre a esperança é sempre maior que o medo e, numa população submetida, o medo é sempre maior que a esperança. Por fim, uma população livre cultiva a vida e obedece a si, já a população submetida se ocupa em escapar à morte e obedece sempre a outrem.
Bibliografia
Spinoza. Ética. Traduções de Marilena de Souza Chauí… (et. al.). São Paulo: Abril Cultural, 1979. (Os Pensadores).
Paulo Ferreira Junior – RA:089961
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– Sobre o parágrafo 1 do capítulo I e parágrafos de 1 a 6 do capítulo V da obra Tratado Político do filósofo Espinosa:
Espinosa inicia o Tratado Político afirmando que os filósofos compreendem as afecções que geram conflitos, como a cólera, o medo, a inveja, entre outras, do mesmo modo que vícios em que as causas dessas afecções são geradas pelo próprio homem. Concebendo dessa forma as afecções do homem, os filósofos tratam dos sentimentos como se deles fosse desprovido. Espinosa afirma sobre isto o que se segue: “Eles [os filósofos] louvam uma natureza humana que não existe em parte alguma, atacam a que existe” [1]. Assim, a concepção que os filósofos têm da natureza humana é um parâmetro, ou seja, um ideal, e assim sendo, só existe na idéia. Desta forma, falam sobre um ideal de homem e não sobre o homem como ele é, isto é, um ser imperfeito que muitas vezes se deixa levar pelas afecções, e assim comete falhas. Escrevem uma sátira, ou seja, em suas obras ironizam costumes, pessoas e instituições, e não escrevem uma ética, como assim parecem pretender.
Espinosa sustenta que na política concebida pelos filósofos as idéias não podem ser colocadas em prática, justamente por eles definirem uma ética para um ser perfeito[2] (que pensando desta forma, em si já seria um ser ético), não pensando no homem real. Pela política ser a ciência que mais difere entre a teoria e a prática, principalmente por não termos certeza sobre o futuro (assim os planos colocados em prática muitas vezes falham), Espinosa afirma que os filósofos são as pessoas menos adequadas para governar. Isto se deve justamente por eles não saberem lidar com coisas prática e sempre pensarem num ideal, o que apesar de ser almejado na política de certa forma, é inviável quando colocado em ação.
No capítulo V dessa obra, o autor retoma o que havia afirmado no capítulo II sobre o homem ser senhor de si, assegura que quanto mais este se conduz pela razão, melhor está em seu domínio. Da mesma forma, afirma o autor, que quanto mais o Estado é regido pela razão, mais poderoso e senhor de si ele se torna. Por conseguinte, quanto mais o homem e o Estado agem pela razão, mais se aproximam do completo domínio de si. Logo, as melhores regras para o fundamento da vida, seja individual ou coletiva, são fundamentadas e dirigidas pela razão. Aqui, Espinosa mostra outro argumento do porque os filósofos não poderem governar um Estado, e afirma o que se segue: “nem tudo o que dizemos nos dá o direito de fazê-lo, porque
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