Mitos
Seminário: Mitos. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: alexcbit • 13/11/2013 • Seminário • 3.088 Palavras (13 Páginas) • 973 Visualizações
A uma forma nova e inusitada de pensar, os gregos deram o nome de filosofia. Essa palavra, atribuída a Pitágoras de Samos, é composta de filo (vinda de philía, amizade) e sofia (sophia, sabedoria), philosophia: amizade pela sabedoria, amor ao saber.
Afirmam os historiadores da filosofia que esta possui data e local de nascimento: nasceu entre o final do século VII a.C. e o inicio do século VI a.C., nas colônias gregas da Ásia Menor particularmente as que formavam a Jônia -, e o primeiro filósofo, Tales, era natural de Mileto. Além da data e do local, a filosofia também possui, ao nascer, um conteúdo preciso: é uma cosmologia, isto é, uma explicação racional sobre a origem e a ordem do mundo, o cosmos.
Tradicionalmente, os historiadores distinguem quatro grandes períodos na historia da sociedade grega:
1)Período homérico (isto é, a época entre 1200 e 800 a.C, narrada por Homero na Ilíada e na Odisséia), quando os aqueus, os jônios e os dórios conquistam e dominam Micenas, Tróia e Creta, trazendo para as costas do mar Egeu um regime patriarcal e pastoril, passando, no decorrer de quatrocentos anos à economia doméstica e agrícola e, em seguida, à economia urbana e comercial, quando começam a visitar países distantes.
2)Período da Grécia arcaica, ou dos Sete Sábios, dos finais do século VIII a.C. ao inicio do século V a.C. Nesse período os agrupamentos constroem cidadelas ou fortalezas para sua defesa e, à sua volta, começam a surgir as cidades como sedes dos governos das comunidades (surgem Atenas, Tebas, Megara, no continente; Esparta e Corinto no Peloponeso; Mileto e Éfeso na Ásia Menor; Mitilene, Samos e Cálcis nas ilhas do mar Egeu). Passando da monarquia agraria à oligarquia urbana, economicamente predominam o artesanato e o comércio (portanto, a economia monetária), os artífices e comerciantes se sobrepõem aos aristocratas fundiários e os gregos se espalham por toda orla do Mediterrâneo.
3)Período Clássico, do século V a.C. ao IV a.C., quando, com as reformas de Clístenes, primeiro, e, mais tarde, com o governo de Péricles, Atenas se coloca à frente de toda a Grécia: desenvolve-se a democracia e surge o império marítimo ateniense. O porto de Atenas, o Pireu, é o centro para onde convergem produtos e idéias do mundo inteiro e de onde partem, em todas as direções, produtos e idéias, no apogeu da vida urbana, intelectual e artística. Acirram-se as rivalidades entre as cidades e tem inicio a Guerra do Peloponeso, que trará o fim do império ateniense e das cidades-estado gregas.
4)Período Helenístico, quando a Grécia passa para o domínio da Macedônia, com Filipe e Alexandre, e, depois, para o domínio de Roma, integrando-se num mercado mundial e tornando-se colônia de um império universal, numa sociedade organizada regionalmente, agrupada por corporações profissionais e desenvolvendo um pensamento cosmopolita que se abre para o Oriente, ao mesmo tempo em que passa a influenciá-lo intelectual e artisticamente.
Seguindo essa periodização, a filosofia nasce na Grécia arcaica, alcança seu apogeu na Grécia Clássica e se expande para além das fronteiras gregas no período helenístico. Ao todo, seis séculos. E se considerarmos o helenismo como período da filosofia greco-romana e de doutrinas cristãs (a patrística), a filosofia antiga se estende até o século VI d.C. Ao todo, dez séculos.
Com o surgimento da moeda, a invenção do calendário, o desenvolvimento de novas técnicas e com o aparecimento de uma rica classe de comerciantes que rivaliza e supera a antiga aristocracia agrária, a sociedade grega vai se tornando citadina ou urbana e a cultura vai-se laicizando, as formulações mítico-religiosas vão cedendo o passo a explicações racionais, cujo nome será, afinal, filosofia.
Historiadores da Filosofia, como o inglês John Burnet e o alemão Wilhelm Windelband, afirmam que a prosperidade econômica das colônias gregas da Magna Grécia foi a base sem a qual não poderiam realizar-se os mais altos esforços intelectuais e a filosofia é o mais alto desses esforços. O filósofo Aristóteles afirmará que a riqueza e a existência dos escravos liberaram os gregos da fadiga e da pena do trabalho e dos negócios, dando-lhes o ócio indispensável para a vida contemplativa, isto é, para a filosofia.
Para ilustrar esse problema (pensamento ocidental) sem pretensão de esgotá-lo vamos examiná-lo a partir de três pares de oposições que têm dividido as opiniões dos historiadores da filosofia:
1.A filosofia é a expressão mais acabada do milagre Grego ou o resultado de empréstimos, influencias e heranças orientais?
2.A filosofia é a expressão mais acabada do gênio helênico enquanto harmonia, simplicidade e luminosidade ou uma das manifestações do dilaceramento trágico, da desmedida e do fundo obscuro do espírito grego?
3.A filosofia é o advento da razão inteiramente liberada do mito e da religião ou é a continuação (racionalizada e laica) das formulações mítico-religiosas?
Em resumo: apesar de a filosofia possuir data e local de nascimento, suas origens não são um fato simples, mas objeto de controvérsias (o que, aliás, é muito próprio da filosofia). A causa da controvérsia é, justamente, o conteúdo da filosofia nascente, isto é, a cosmologia.
Para Nietzsche, os gregos criaram a filosofia porque não teriam temido o dilaceramento, a dualidade, o lado cruel e sombrio dos humanos e da natureza. Longe de serem os homens da moderação ou da medida, seriam as criaturas da desmedida a hýbris e da luta sem tréguas entre os contrários do agón, palavra grega que significa: batalha luta jogo, disputa interminável entre os opostos. Os gregos, antes de inventarem a filosofia, inventaram o que daria origem a ela: a tragédia.
Ao lado do princípio dionisíaco, oferecido pela tragédia, os gregos, afirmam Nietzsche, inventou outro princípio, contrário e oposto ao primeiro, responsável pelo surgimento da filosofia: o princípio da luminosidade, da forma perfeita, da individuação, da medida ou moderação e da serenidade, figurado por Apolo, deus da luz e da palavra, patrono da filosofia. Esse princípio é denominado por Nietzsche de apolíneo (Apolo, patrono da filosofia).
A filosofia, para Nietzsche, começa e termina com os filósofos pré-socráticos, isto é, com todos os filósofos que fizeram da dualidade entre o dionisíaco e o apolíneo o núcleo da própria natureza e da realidade. Sócrates, Platão e Aristóteles, na opinião de Nietzsche, preocupados apenas com o apolíneo, teriam destruído a filosofia, que era a luta interminável entre o dionisíaco (a fúria dos contrários e da desordem) e o apolíneo (o desejo de harmonia,
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