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NEOPOSITIVISMO OU POSITIVISMO LÓGICO

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Por:   •  30/5/2014  •  2.422 Palavras (10 Páginas)  •  7.406 Visualizações

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NEOPOSITIVISMO OU POSITIVISMO LÓGICO

Depois de Descartes e, sobretudo, depois de Kant, a teoria do conhecimento passou a ser o ponto de partida e o centro da filosofia, durante mais de um século. Aos poucos o interesse deslocou-se para a linguagem, em particular, para seu papel para o conhecimento e para a ciência, surgindo, ao lado da teoria do conhecimento, a(s) teoria(s) da ciência.

Neste contexto nasce o positivismo lógico, na primeira metade do século XX, muito diferente daquele positivismo do século XIX. Comum a ambos é a valorização da ciência e a vontade de tornar a filosofia “científica”. Mas a abordagem do positivismo ou empirismo lógico carateriza-se, sobretudo, pela importância dada à análise lógica e à linguagem. Entretanto, nessa filosofia, desaparece quase completamente a dimensão política e social. Com o adjetivo “lógico” afirma-se que a lógica exerce um papel fundamental em todos os representantes dessa escola. Inicialmente, o positivismo lógico é a filosofia do Círculo de Viena. A universidade de Viena, com mentalidade escolástica, tornou-se o terreno para a abordagem lógica das questões filosóficas.

16.1 O Círculo de Viena

O positivismo lógico dominou o chamado Círculo de Viena que se caraterizou por uma aversão radical à metafísica e uma valorização das ciências e da lógica formal. Em Viena, já na primeira década do século XX, reuniam-se, semanalmente, o matemático Hans Hahn e Otto Neurath, entre outros, para discutir as obras de Mach, Poincaré sobre o caráter científico da filosofia. Essas reuniões resultaram numa corrente filosófica mais definida, em 1922, quando Moritz Schlick foi chamado à Universidade de Viena para ocupar a cátedra que era de Ernst Mach, Schlick reuniu um grupo de estudiosos, além de Hahn e Neurath, e, em 1928, fundou a associação Ernst Mach, em torno da qual se constituiu o Círculo de Viena. Em 1929, o grupo de Berlim, que formara a Sociedade pela filosofia científica, liderado por Hans Reichenbach, juntou-se ao grupo de Viena. Este grupo de cientistas desenvolveu uma reflexão sobre os fundamentos da ciência.

Entre os principais membros desse Wiener Kreis (Círculo de Viena) figuravam Moritz Schlick (físico, 1882-1936), Rudolf Carnap (matemático, 1891-1970), Friedrich Waismann (lógico, matemático, 1896-1959), Otto Neurath (sociólogo, 1882-1945) e outros. Esse grupo mantinha contato com personalidades destacadas como Karl Popper e Alfred Ayer (1910-1989). Inicialmente discutiu o Tractatus logico-philosophicus de L. Wittgenstein, publicado em 1921, considerado uma espécie de bíblia do movimento.

Em 1930, Carnap e Reichenbach assumiram a direção da revista Erkenntnis (conhecimento) que se tornou o órgão do neopositivismo. A ascensão de Hitler ao poder e a anexação da Áustria pela Alemanha, em 1938, dispersou os membros do grupo, perseguidos por motivos políticos e raciais. A maioria dos membros emigrou para a Inglaterra e para os Estados Unidos, onde obteve considerável sucesso, pois nos Estados Unidos encontrou clima favorável por semelhanças com o pragmatismo e, na Inglaterra, pelo empirismo dominante, articulando problemas entre a filosofia, as ciências e a linguagem.

Os neopositivistas deram uma atenção especial à linguagem. A partir dela tentaram refletir as diferenças entre a ciência e a filosofia. Tinham em comum sua formação científica e queriam tornar a filosofia científica. Partiam do pressuposto de que somente a ciência fala de modo sensato da realidade extralinguística e à filosofia cabe a tarefa de clarear, unificar, sistematizar e analisar a linguagem científica. Cabe à filosofia a função de produzir, numa linguagem científica, a totalidade do discurso verdadeiro. Sua atividade é secundária, metalingüística, tendo como objeto o discurso da ciência. Excluem da filosofia a ambição ontológica ou metafísica. Com o instrumento da lógica formal propõem uma análise rigorosa da linguagem. A filosofia reduz-se a uma análise lógica do discurso da ciência para falar das coisas materiais.

Para os neopositivistas, a função da linguagem reduz-se à descrição do real. O enunciado linguístico tem sentido se verificável empiricamente. Os enunciados não-verificáveis, como enunciados metafísicos, religiosos ou estéticos, carecem de sentido. Os enunciados das linguagens formais, lógicas e matemáticas, demonstram-se sem recurso à experiência. Os outros enunciados exigem a verificação pela experiência empírica. Tais são os enunciados das ciências empíricas. Os primeiros não oferecem nenhuma informação verdadeiramente nova. Todos os enunciados pertencem a um ou outro tipo.

Segundo os neopositivistas, todo o enunciado tem conteúdos, pois fala de alguma coisa. Mas a distinção entre as coisas e as palavras, entre os objetos e suas designações, para eles, não é problemática. Todos os enunciados linguísticos são reduzidos a descritivos, objetivos, menosprezando a expressão da subjetividade. Enquanto cientista ou filósofo não há porque posicionar-se no campo moral e político. Quanto muito, podem descrever-se morais e políticas existentes. Nesse sentido, o neopositivismo foi criticado pelo seu não-engajamento ético-político, pois nutre-se da fé cientificista.

Os representantes do Círculo de Viena creem que nenhuma ciência deve falar sua própria linguagem. Por isso reivindicam a unidade da nova ciência que consiste no conjunto das proposições providas de sentido. Tais proposições são enunciadas numa linguagem que podemos analisar do ponto de vista de seu vocabulário, de sua sintaxe, de sua semântica, como sugere o Tractatus de Wittgenstein. Nisso todas as ciências têm um ponto comum porque usam uma linguagem, embora seus objetos sejam diferentes. Deve superar-se a diversidade das ciências através da construção de uma linguagem universal, unificando as ciências. Esta linguagem deve ser fenomênica, ou seja, seus enunciados de base devem referir-se a experiências e sensações, e não a objetos físicos que transcendem a experiência sensível. Com este objetivo R. Carnap escreveu A estrutura lógica do mundo (1928). Os críticos logo objetaram que isso não garantiria a objetividade da ciência, pois a experiência é subjetiva.

Otto Neurath propõe que se busque a linguagem universal da ciência na física, para unificar as ciências pela unificação de suas linguagens, um projeto que não pode ser concluído. Mas o positivismo lógico reduziu a metafísica a um conjunto de confusões lingüísticas. O metafísico passa a ser considerado “um músico sem talento”. O ataque à metafísica culminou com o artigo de Carnap sobre A ciência e a metafísica diante da análise lógica

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