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Narrativa De Discriminaçao Racial

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Por:   •  12/6/2013  •  399 Palavras (2 Páginas)  •  6.292 Visualizações

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Era o ano de 1992, eu tinha 8 anos de idade e estudava em um colégio da rede estadual.

Minha avó morava em outra cidade e estava passando uns dias lá em casa.Durante esses dias vovó me levava e me buscava na escola.

Vovó é negra e todos lá em casa são brancos, por isso passamos algumas situações constrangedoras na rua, na pracinha e até na escola.Num país como o nosso as pessoas não deviam ser racistas.

A explicação para as nossas diferenças era que meu avô era italiano, de olhos azuis e se apaixonou por minha avó. Daí toda essa mistura étnica na família.

A professora anunciou a festinha junina na escola e recebemos convites para levar a família.

Eu fiquei muito contente, pois a vovó ía comigo.

Mamãe arrumou roupas caipiras para eu e meus irmãos, e levamos a màquina de fotografia, afinal aquele dia seria especial.Quando chegamos lá, estava tudo muito lindo e enfeitado, comemos doces das barraquinhas, dançamos quadrilha, brincamos. E fomos tirar uma foto da família toda reunida. Então pedimos para uma mãe que estava perto, e ela me perguntou: Nossa!essa é a sua avó de verdade?

Eu respondi que sim.

Aí chegou sua filha que era minha coleguinha de classe e falou bem alto: a avó da Natatchka é preta e feia

Mamãe e vovó ficaram chateadas e quiseram ir embora.

No dia seguinte a minha mãe e vovó foram chamadas na escola. Eu não presenciei o que foi falado, mas sei porque minha mãe me contou depois.

A diretora chamou a mãe da menina , e contou o motivo de sua filha falar aquilo bem alto na festa, porque ouviu ela dizer que minha avó era preta e feia para outra mãe. Ela ficou envergonhada, e negou ter dito aquilo, mas a diretora deu uma aula pra ela, e explicou como o racismo dela estava incentivando sua filha. Outro detalhe é que a diretora também era negra , a mulher pediu desculpas pra minha avó, e disse que ía conversar com sua filha.

Depois disso houve muitas mudanças na escola, quando algum amiguinho discriminava o outro por causa da cor, a professora corrigia e fazia pedir desculpas na mesma hora.

Nas reuniões de pais sempre havia um tempinho para abordar esse assunto.

Nunca mais tive problemas naquela escola por ter uma avó negra, nos anos seguintes quando ela ía na escola, era tratada normalmente pelas mães e por todos ali.

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