O Bauman Paper
Por: Marcos Vinicus Primon • 18/11/2019 • Artigo • 810 Palavras (4 Páginas) • 207 Visualizações
Paper Bauman
O autor do Livro Vida Para consumo Zigmount Bauman teorizou sobre as relações entre os indivíduos na sociedade moderna. O seu conceito de “sociedade líquida” parece se tornar cada vez mais relevante nos dias de hoje, onze anos após o estudo, com o aprofundamento nas relações de consumo e digitalização da economia. O tema deste trabalho será a introdução da obra onde seus principais conceitos são abordados. Eles são introduzidos através de três exemplos de notícias retiradas do jornal inglês the guardian, com enfoque no comportamento consumista. As notícias que podem passar simplesmente como corriqueiras quando analisadas superficialmente, mas apresentam conceitos fundamentais para a observação do autor, podendo a partir deles aprofundar muito o estudo sobre a nossa atual sociedade de consumo.
O primeiro caso aborda o vício que os indivíduos têm pela exposição da intimidade em ambientes públicos, formando uma sociedade confessional, que tem transformado a expressão das suas individualidades privadas em uma espécie de dever público; o segundo demonstra que a seleção de clientes prioritários, na sociedade moderna, é feita, majoritariamente, pelo sistema tecnológico; e o terceiro, mostra que a seleção de seres humanos segue a mesma regra do mercado na hora de escolher os melhores e mais inteligentes profissionais, assim como se escolhe o melhor produto de uma prateleira. O que salta aos olhos é a forma como em três situações distintas vemos o mesmo padrão de comportamento, isto é, nas três está presente a necessidade dos membros da sociedade constantemente se apresentarem como mercadorias. Essa necessidade não deve ser encarada como um impulso natural dos humanos, mas sim como uma consequência de uma estrutura estabelecida no passado e que a partir de suas próprias condições internas se desenvolve e modifica, atenuando os processos e se tornando cada vez mais insalubre.
Estas “fases” da sociedade serão diferenciadas como a fase sólida (sociedade de produtores) – onde o objetivo era a durabilidade, segurança e rotinização dos comportamentos individuais – da fase líquida da modernidade (sociedade de consumidores), onde a vida, seja individual ou social, não passa de uma sucessão impulsos que satisfazem necessidades imediatistas. Para tanto, Bauman cita que esses desejos que regem a sociedade do consumo precisam levar sempre à não satisfação de seus membros para que a demanda de consumo não se esgote e a economia mantenha-se continuamente alimentada.Assim, quanto mais informação essa sociedade adquire, menor é o poder de assimilação e o seu envolvimento em relação a ela. Dessa forma se antigamente o trabalhador vendia sua força de trabalho como mercadoria, agora temos uma transformação mais profunda: O próprio indivíduo se transforma nela. A “competição” dentro da sociedade se torna cada vez mais acirrada, pois quanto mais diluída e padronizada a sociedade fica mais ela se torna infeliz, porém, quanto mais os membros dela tentam se satisfizer mais extrema ela se torna.
É interessante notar como o aumento das redes sociais vem acompanhado também do aumento da individualização e da exclusão de pessoas que não se adaptam ou se encontram fora dos padrões de comportamento. Na atualidade os dados pessoais são negociados pelos grandes portais e são usados amplamente nas tomadas de decisões e programação de serviços. Os Algoritmos estão presentes em praticamente tudo; se antes a Coréia do Sul era “pioneira”, pois possuía muitas pessoas que passavam mais tempo interagindo em celulares do que com pessoas de carne e osso hoje essa ideia é aceita sem maiores questionamentos. Passamos cem por cento do tempo conectado ao celular, bombardeados de informação. Olhar o celular, por exemplo, se tornou a primeira e a ultima coisa ao deitar na cama para dormir. Isto é, somos induzidos a consumir e se vender como produto a todo o tempo. O uso de algoritmos, programados a partir do enorme volume de dados que se tem disponível na internet, ao mesmo tempo pasteuriza e individualiza o convívio social. Pois, tem de existir um padrão a ser imposto por cálculos e esse padrão acaba por moldar-nos e ao mesmo tempo por ele ser muito específico nos coloca dentro de “bolhas sociais”, o que gera uma distorção muito grande na nossa visão de mundo.
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