O Conceito E A Prática Da Tolerância
Seminário: O Conceito E A Prática Da Tolerância. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: RaymundodeLima • 28/8/2014 • Seminário • 1.063 Palavras (5 Páginas) • 222 Visualizações
Levantamos três pontos sobre o conceito de tolerância e suas implicações, com o intuito de contribuir para uma maior clareza nos debates e intenções de ação prática.
1. Tolerância é uma das tantas virtudes [1] , necessárias para elevar o ser humano à condição de civilidade. Ela faz parte do processo de desenvolvimento ético de indivíduos e grupos, cuja meta é levá-los a manter a "disposição firme e constante para praticar o bem". Implica em dois sentidos. “Ser virtuoso”, tanto pode ser um sujeito com disposição de praticar o bem, como também pode ser "toda pessoa que domina em alto grau a técnica de uma arte" (Dic. Aurélio: p.1465), por exemplo, ser um "virtuose na arte de tocar violino".
Na tradição da filosofia moral, a tolerância não é exatamente considerada uma "grande virtude" ou "virtude cardinal", tal como é a justiça, a coragem, a prudência e a temperança ou moderação. Contudo, ela não deve ser posta do lado das chamadas "pequenas virtudes", como é o caso da polidez. A tolerância deve ser vista numa posição especial, de entremeio das virtudes, sendo mais que respeito, polidez ou piedade. S.P. Rouanet, a vê "como passagem para um estágio mais civilizado e menos mecânico de convívio das diferenças". Sinaliza, no entanto, que "as diferenças não devem ser apenas toleradas, porque do contrário elas se reduziriam a um sistema de guetos estanques, que se comunicariam no espaço público; deve ser uma virtude que cause interpenetração entre os diferentes" (FSP, 9/2/03). Ou seja, a tolerância deve ser um ato constante de prevenção e educação [2] .
Alain, pensador sempre citado nos estudos sobre as virtudes, diz que a tolerância "é uma espécie de sabedoria que supera o fanatismo, esse terrível amor à verdade" (apud A. Comte-Sponville (Pequeno tratado das grandes virtudes. SP: M. Fontes, 1995). No fundo, sinalizamos acima, ela é uma espécie de prevenção contra o dogmatismo, para que este não vire fanatismo (na dimensão pessoal), fundamentalismo (na dimensão religiosa) e totalitarismo (na dimensão de Estado ou de Governo).
Localizada como virtude de entremeio, a tolerância é exercício necessário para se conquistar a Sabedoria [3] . Na consideração de André Comte-Sponville, é uma virtude necessária para o exercício das coisas pequenas do cotidiano.
Nela, existe uma espécie de prontidão e atividade; "prontidão" a favor de idéias e atos de tolerância e "atividade" contra tudo que se cerceia, reprime, oprime, discrimina, que não respeita as diferenças humanas, sejam étnicas, culturais, religiosas, etc. A democracia é um bom exemplo de exercício, ao mesmo tempo, de "prontidão" e "atividade" de tolerância, ou seja, "democracia não é fraqueza. Tolerância, não é passividade", assinala Comte-Sponville. Olgaria Matos lembra que “tolerare” quer dizer “levar”, “suportar” e também “combater” (FSP-Mais! e www.librairie.hpg.ig.com.br/)
Quem se pretende possuir "a verdade", ou melhor, "a certeza", termina sendo intolerante em aceitar outros posicionamentos, se fechando a escuta de tudo que apresente diferente ou incompreensível ao seu esquema conceitual de fala e ação. O moralista, por exemplo, é in-tolerante com os que possuem valores diferentes do seu; em verdade, sabemos se tratar de um moralista quanto sofremos a imposição de seus valores, baseado em sua “certeza moral”. O moralista carrega a ambição de impor a todos, universalizando seus valores como certos. Enfim, "toda intolerância tende ao totalitarismo" ( "integrismo", em matéria religiosa). Ser intolerante é manter uma "atitude de ódio sistemático e de agressividade irracional com relação a indivíduos e grupos específicos, à sua maneira de ser, a seu estilo de vida e às suas crenças e convicções" (Rouanet, op.cit). Tradicionalmente, a religião tem sido o principal agente da intolerância, como também é vítima.
2. Um breve levantamento histórico diz que a palavra tolerância foi "parida" nos conflitos religiosos, no séc. 16, na época das guerras religiosas entre católicos e protestantes. André Lalande (Vocabulário
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