O Conhecimento Como Compreensão do Mundo

LUCKESI, Cipriano. O conhecimento como compreensão do mundo e como fundamentação da ação. In:___Fazer Universidade: Uma prosta metodológica. 15 ed. São Paulo: Cortez,2007. Cap. I, p.47-59.

No texto: “O conhecimento como compreensão do mundo e como fundamentação da ação”, o autor retrata exatamente os fundamentos da ação com base nos conhecimentos de cada indivíduo sobre o mundo. Ele resume, de forma sucinta, que a ação é um elemento básico de cada ser humano e o entendimento é o que direciona a ação, já o conhecimento é o “mecanismo fundamental para tornar a vida mais satisfatória e mais plenamente realizada", segundo o autor.

Para melhor entendimento do texto o autor divide-o em três partes. A primeira parte, “O conhecimento como mecanismo de compreensão e transformação do mundo”, vai tratar em específico sobre o conhecimento e como ele nos faz tentar fazer do mundo um lugar mais “dócil”, como diz o autor.

Quando chegamos no mundo, já nos deparamos com leis que nos são impostas, com base no nosso desenvolvimento, nós adquirimos conhecimentos que nos fazem viver como melhor julgamos, decorrente de situações específicas que aparecem ao longo da vida e assim vamos moldando o mundo. O autor consegue falar sobre isso muito bem ao dizer que: “Fazemos do mundo, que nos é dado, um mundo propriamente humano: um mundo cultural. E isso se dá pela prática do nosso viver e sobreviver neste mundo”.

Mas ao pararmos para analisar tudo isso se dá por causa do ato de pensar, sempre que vamos praticar a ação, nós pensamos como esta ação pode impactar em nossas vidas e ao nosso redor, fazendo pensarmos até em nosso próprio ato de praticar a ação, fazendo-nos sermos seres de “reflexão”, como o autor se refere, ele ainda explica que: “compreendemos em nossa própria prática”.

Ele também cita que a “ação de pensar as coisas com as quais vivemos, dá uma dimensão nova a tudo: a dimensão significativa da compreensão”, e podemos complementá-la com sua frase: “o conhecimento só nasce da prática com o mundo ... o conhecimento só tem sentido pleno na sua relação com a realidade”. Ou seja, existe uma certa linha que segue, começando com a ação de pensar que nos gera compreensão de tudo, esse conhecimento só é possível com a prática e ele só tem sentido se ele é relacionado com a realidade. 

Podemos concluir com isso que o conhecimento é adquirido com experiências reais que é uma coisa que as escolas não ensinam com afinco, as instituições educacionais submetem jovens ao um condicionamento beirando quase a total irrelevância, só se interessam que seus alunos sigam as regras e o autoritarismo imposto, ignorando a “verdadeira autoridade da realidade”.

É perceptível o quanto isso é um erro profundo, porque o conhecimento nos tira da submissão para com a natureza. O ato de pensar não nos deixa à mercê da natureza e sim nos deixa correlacionados com ela, fazendo com que ela se modifique às nossas necessidades.

O autor nos apresenta a compreensão teórico-prática, já que teoria e prática; ação e reflexão são inseparáveis e quando não temos conhecimento acabamos nos tornando reféns da situação e o “desconhecimento nos magnetiza pelo medo”, mas quando dispomos de conhecimento dominamos a situação graças a nossa compreensão teórico-prática. Portanto o amplo conhecimento nos deixa seguros e é altamente benéfico, a escola, no entanto nos faz crer que apenas um tipo de conhecimento é válido, o que não é real, as experiências nos fornecem um conhecimento que vai muito além da sala de aula, nos ensinam a como seguir a vida, como o próprio autor disse: “o conhecimento se dá em todas e quaisquer situações das mais corriqueiras às mais sisudas”.

O que nos mostra de novo que a teoria e prática não se separam, em outras palavras o conhecimento e a prática andam sempre de mãos dadas, o autor confirma isso ao dizer que; “nãos há, pois, conhecimento que se faça fora da prática do sujeito com o mundo que o cerca, e ao qual é necessário compreender, pela criação de significado e sentidos”.

É importante ressaltar que o conhecimento que está sendo discutido não é unicamente individual, ele também é social e histórico. O autor diz: “A realidade, no caso do conhecimento, é o fator que une todas as consequências no esforço de busca de sua compreensão”, o que nos leva a uma outra frase sua; “o conhecimento é social”. Dito isso, entendemos que o conhecimento que dispomos hoje foi obtido graças a contribuição de diversas pessoas que foram colocando seus conhecimentos em prática e isso vem se passando desde que a humanidade surgiu ou seja esse conhecimento gera-se no individual, quando vem aos social é transformado e acaba se tornando histórico, um exemplo de fácil visualização é o descobrimento da roda, que veio acumulando conhecimentos para hoje obtermos os nossos veículos ou o fogo que agora pode ser controlado.