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O Insconsciente Em Freud: Uma Apresentação

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Por:   •  27/5/2014  •  2.446 Palavras (10 Páginas)  •  277 Visualizações

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O INCONSCIENTE EM FREUD: UMA APRESENTAÇÃO

David Gomes Pacine

A descoberta do inconsciente

Sigmund Freud (1856 - 1939) foi um médico austríaco que realizou estudos clínicos sobre o inconsciente humano, elaborando, com base no exame desses casos, a psicanálise. Conforme Antiseri e Reale (2003, p. 61), Freud desenvolveu a psicanálise a partir da hipnose, articulada pela teoria da repressão. Com a hipnose, ele se deparou com casos clínicos em que traumas foram descobertos escondidos nos recessos da psique. Então, Freud observou que, com a intervenção hipnótica, os pacientes conseguiam retornar à origem dos traumas o que os levava a passar por experiências verdadeiramente catárticas, isto é, com as perguntas e sugestões do médico os pacientes eram conduzidos à fonte causal da doença culminando em um processo de libertação das perturbações.

Iniciando o desenvolvimento da psicanálise, Freud se pergunta sobre o motivo desse esquecimento, ou seja, porque os pacientes não se lembravam da origem dos seus traumas, propondo como solução a teoria da repressão para a qual esses conteúdos seriam esquecidos devido ao seu caráter penoso, doloroso ou mesmo vergonhoso para o paciente. De modo que são reprimidos ou ocultados na parte inconsciente da psique.

Porém, Freud percebe que a hipnose não propicia ao paciente uma elaboração consciente sobre a representação traumática, de forma que ela permanece latente podendo se manifestar por via de outros sintomas. A solução é o desenvolvimento de uma nova “ciência”, a psicanálise, que pelo processo da livre associação de idéias, interpretação dos sonhos e de atos falhos, descobre também a fonte do trauma ou da “resistência” (ibid., p. 62), mas de forma consciente, permitindo que o paciente ressignifique a experiência abaladora entendendo-a, julgando-a, controlando-a de modo efetivo. Com isso,

Freud se vê obrigado a tomar a sério o conceito de inconsciente. É o inconsciente que fala e se manifesta na neurose: ‘o inconsciente - escreve Freud - é o próprio 'psíquico' e sua realidade essencial’. O inconsciente está por trás de nossas fantasias livres, nossos esquecimentos e nossos lapsos; age em nossas amnésias; procura dar seu recado em nossos sonhos. (2003, p. 61)

Nesse raciocínio, o inconsciente para Freud é constituído por ideias latentes, mas não necessariamente “fracas” ou impotentes. No entanto, o que se designa por inconsciente não são “apenas as idéias latentes em geral, mas especialmente ideias com certo caráter dinâmico, ideias que se mantêm à parte da consciência, apesar de sua intensidade e atividade.” (Freud, 1966B, p. 161).

Importa notar que, para Freud, o psiquismo consiste em um conjunto de atividades dinâmicas, percebendo-se atividades que entram para o consciente com facilidade, sendo, portanto, pré-conscientes. Outras, no entanto, permanecem isoladas da consciência. Porém é possível “ao produto da atividade inconsciente penetrar na consciência, mas para esta tarefa é necessária uma certa quantidade de esforço” (id., ibid., p. 162). Para isso, forças vivas como a repulsão e a resistência precisam ser dominadas. Ele ainda acrescenta que

A inconsciência é uma fase regular e inevitável nos processos que constituem nossa atividade psíquica; todo ato psíquico começa como um ato inconsciente e pode permanecer assim ou continuar a evoluir para a consciência, segundo encontra resistência ou não. A distinção entre atividade pré-consciente e inconsciente não é primária, mas vem a ser estabelecida após a repulsão ter surgido. (Id., ibid., p. 162/3)

Nesse sentido, a consciência não se constitui como substrato do psíquico, e nem se iguala com o mental. “Não; ser consciente não pode ser a essência do que é psíquico. É apenas uma qualidade do que é psíquico, e uma qualidade inconstante – uma qualidade que está com muito mais frequência ausente do que presente” (Freud, 1996A, p. 182).

Com isso, para Freud, apesar de reconhecer que percepções, idéias, lembranças, sentimentos e atos volitivos, fazem parte do psiquismo humano, a natureza do psíquico é eminentemente inconsciente, sendo o consciente compreendido apenas como uma espécie de extremidade última ou superfície do complexo mental na qual os fenômenos – apenas alguns deles – aparecem na sua emergência final, isto é, já destituídos de todos os seus processos constitutivos, ou seja, dos atos psíquicos que os antecederam. É por isso que para ele “a consciência só nos pode oferecer uma cadeia incompleta e rompida de fenômenos.” (id., ibid., p. 184).

Desse modo, a psicanálise se debruça sobre os processos inconscientes, buscando descobrir as suas leis, consistindo o seu trabalho na tentativa de “traduzir os processos inconscientes em conscientes, e assim preencher as lacunas da percepção consciente…” (id., ibid., p. 184), ou ainda, “a tarefa do tratamento psicanalítico pode ser expressa nesta fórmula: sua tarefa consiste em tornar consciente tudo o que é patogenicamente inconsciente”, cujo significado é “remover as amnésias”. (Freud, 1996C, p. 30)

O sintoma como evidência do inconsciente

O objetivo da psicanálise é o de encontrar sentido para os sintomas neuróticos, o sentido escondido, reprimido no inconsciente, algo que nem parece real, mas que é responsável pela emergência de efeitos muito tangíveis, como os atos obsessivos. Trata-se, portanto, de poderosos processos inconscientes – os quais indicam a existência de uma região isolada da mente – mas que se comunicam e dão sinais de sua existência em forma de um quadro sintomático que as ciências da consciência (psicologia, psiquiatria) não conseguem compreender senão classificando-o em tipos de transtornos e de degeneração mental.

No pensamento freudiano, portanto, inconsciente e sintoma se vinculam e se articulam de forma imediata, o primeiro provocando o segundo, e este dando testemunho do primeiro, de modo que a descoberta do sentido inconsciente implica na dissolução do sintoma. É com base nessa relação que Freud diz que

Jamais se constroem sintomas a partir de processos conscientes; tão logo os processos inconscientes pertinentes se tenham tornado conscientes, o sintoma deve desaparecer. Aqui os senhores prontamente percebem um meio de se chegar à terapia, uma forma de fazer os sintomas desaparecerem. (id., ibid., p. 28)

Todavia, ocorre que, em muitos casos, o paciente não está esquecido da cena original da qual decorre seu ato obsessivo, pelo contrário, dela possui nítida recordação. Como Freud responde a

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