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O Perfume E As Teorias Descartianas

Artigo: O Perfume E As Teorias Descartianas. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  1/9/2014  •  2.011 Palavras (9 Páginas)  •  645 Visualizações

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Colégio Jardim São Paulo Tremembé

Anne Pestana N° 02

Bruna Pinheiro N° 04

Larissa Victorino N° 15

Marcela Saldanha N° 20

Marina Guerra N° 21

Renata Vinhaga N° 25

Professor: Fransmar

O PERFUME- A HISTÓRIA DE UM ASSASSINO

São Paulo

Setembro de 2013

Introdução

Este trabalho tem como finalidade aprofundar e relacionar os conteúdos aprendidos nas aulas de filosofia com a prestigiada obra de Patrick Süskind, O Perfume- A História de Um Assassino.

Iremos dissertar a teoria da dúvida hiperbólica de autoria do filósofo René Descartes apresentando momentos e aspectos do livro em que Descartes relaciona-se ou torna-se oposto.

Afinal, Grenouille possuía ausência de cheiro, mas também de essência? O que é a essência? Descartes e o protagonista da trama possuem as mesmas realidades? Grenouille existia? Caso não, qual seria a explicação a isso? O protagonista se iguala a sociedade em que vive? Ainda falando deste, se acreditava apenas no que se podia cheirar o que para ele era, pois, os sentimentos? Descartes acredita nos sentidos como prova de seu conhecimento?

Responderemos estas e outras perguntas através do

desenvolvimento deste trabalho.

Desenvolvimento

O Perfume, obra de Patrick Süskind, nos inicia sua trama com o nascimento perturbador de Jean-Baptiste Grenouille. Sua mãe já havia determinado o destino fatal à criança antes mesmo desta nascer, do qual morreria embaixo ao odor desagradável de uma peixaria Parisiense como ocorrera igualmente a seus outros quatro filhos.

Porém ao contrário da mãe, o recém-nascido sobreviveu juntamente as suas duas maiores características paradoxais: uma sensibilidade olfativa sobrenatural e a ausência do cheiro humano.

Grenouille cresceu em um mundo que o rejeitava, em meio a inúmeras trocas de guarda infantil e males aos quais conseguira sobreviver. Mas para ele a única importância estava contida nos aromas de seus arredores, como verdade absoluta, onde apenas o que ele pudesse cheirar entendia como verdadeiro, assim consequentemente, tendo dificuldade para reconhecer palavras de sentidos abstratos como: amor, alegria, Deus, medo etc.

“Tinha a maior dificuldade com palavras que não designassem algo que cheirasse, ou seja, com conceitos abstratos, sobretudo de natureza ética e moral. Não conseguia lembrar-se deles, confundia-os; mesmo adulto ele os empregava sem satisfação e muitas vezes erroneamente: direito, consciência, Deus, alegria, responsabilidade, humildade, gratidão etc. – o que se devia expressar com isso era e continuou sendo

para ele algo misterioso.” (SÜSKIND, O Perfume, p. 32)

Se compararmos esta realidade de Jean- Baptiste com os pensamentos de Descartes, podemos observar que tais ‘’teorias’’ são completamente opostas. Descartes tinha como base o estudo da dúvida hiperbólica. Esta consiste em retomar todo o conhecimento existente e retirar todo aquele em que haja a mera possibilidade ínfima de dúvida, chegando a questionar até a própria existência. Para ele, questões naturais como os sentidos humanos não me conduzem a verdade absoluta e muito menos como prova de outras afirmações, pois, se estes já me engaram alguma vez, poderão refazer isto, assim se opondo ao fato de Grenouille ter como base à verdade tudo aquilo que tem a possibilidade de cheirar.

Mudando o foco para a segunda característica do protagonista, pode-se observar algo um tanto curioso. Para este o cheiro haveria de ser o único meio de verdade, portanto, o fato de não exalar cheiro humano seria como uma negação de sua própria existência. Isso se torna mais claro para ele no momento em que se desloca para uma área inabitada por humanos, para assim, se sentir mais confortável, estando afastado daqueles ao qual possuía certo ódio ou inveja (mesmo não sabendo distinguir seus sentimentos) pelo fato de não exalar cheiro como os demais. Neste local, nada lhe faltava, vivera por sete anos em seu próprio reino de aromas, em sua própria alma.

Durante um sonho, Grenouille sente pela

primeira vez o verdadeiro medo, apesar de ser algo inodoro, pois se vê ao encontro de uma névoa, a qual representava o seu cheiro, mas que ele não conseguira sentir o aroma:

“E teria ficado lá até morrer (pois nada lhe faltava), se não tivesse ocorrido uma catástrofe que o exilou da montanha e o cuspiu de volta para o mundo [...] Nem foi uma catástrofe externa, mas uma catástrofe interior [...] Ou melhor, num sonho. [...] A névoa era seu próprio cheiro [...] E o terrível era que Grenouille, embora soubesse que esse era o seu cheiro, não conseguia cheirar a si próprio.” (SÜSKIND, O Perfume, pp. 148 e 149)

Podemos dizer que a caverna em que o protagonista estivera fora como um refúgio do “mundo humano”, ou melhor dizendo, de sua realidade que continha a sua ausência de cheiro, a qual seu sonho lhe demonstrou. Neste ponto Descartes se encaixa quando cita que os sonhos podem nos dar a percepção de algo real estendendo-se a todo conhecimento sensível, e que estes, por mais que sejam mirabolantes e frutos da própria imaginação “ não podem ser formados senão à semelhança de algo real e verdadeiro’’ (DESCARTES, Meditações, parágrafo 6).

Após perceber sua ausência de cheiro humano, Grenouille se propõe a uma busca obsessiva por este aroma que lhe faltava. É certo de que não devemos dizer exatamente que era o cheiro que Jean- Baptiste procurava, mas sim a essência humana, o Ser. Para Descartes, se o homem era capaz de duvidar, assim

estava pensando e Seria, confirmando sua existência: ‘’ Eu sou eu existo’’. O protagonista possuía uma essência, mas que certamente estava contida apensa de um vazio. Pois o fato de não possuir cheiro, nega a sua existência como já explicado anteriormente. Ele É, mas não existe, está vivendo, porém não é notado por outros a sua volta por ser diferente.

Assim, em seu retorno para o ‘’meio humano’’, sofre uma grande transformação em sua aparência, por parte de um

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