OS ASSUNTOS DA FILOSOFIA E A VALORIZAÇÃO DO OUTRO
Por: Leonardo Gabriel • 5/12/2018 • Trabalho acadêmico • 4.776 Palavras (20 Páginas) • 232 Visualizações
ETEC TAKASHI MORITA
LEONARDO GABRIEL REYES ALVES DA PAES
OS ASSUNTOS DA FILOSOFIA E A VALORIZAÇÃO DO OUTRO
SÃO PAULO
2017
LEONARDO GABRIEL REYES ALVES DA PAES
OS ASSUNTOS DA FILOSOFIA E A VALORIZAÇÃO DO OUTRO
Trabalho submetido ao Professor Luis Santoro como requisito parcial para aprovação na disciplina de Filosofia do curso Técnico em Eletrônica da ETEC Takashi Morita.
SÃO PAULO
2017
Sumário
1. INTRODUÇÃO 4
2. O MARXISMO E A VALORIZAÇÃO DO OUTRO 5
3. O MARXISMO CULTURAL E A VALORIZAÇÃO DO OUTRO 6
4. O QUE É O ESCLARECIMENTO, A MORAL KANTIANA, A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E A VALORIZAÇÃO DO OUTRO 7
5. O EXISTENCIALISMO É UM HUMANISMO DE SARTRE E A VALORIZAÇÃO DO OUTRO 10
6. A TRIPARTIÇÃO DA ALMA EM PLATÃO, O MITO DOS NASCIDOS NA TERRA E A VALORIZAÇÃO DO OUTRO 12
7. A MERCANTILIZAÇÃO DA VIDA E DA MORTE E A VALORIZAÇÃO DO OUTRO 13
1. INTRODUÇÃO
O intuito deste trabalho é, por meio da retomada de diversos assuntos do campo da filosofia estudados ao longo de todo o ano letivo, entender mais sobre o outro para compreender sua importância e assim valorizá-lo devidamente, estabelecendo relações entre os conceitos vistos em sala de aula e as respectivas ‘’aplicações práticas’’.
Os temas desenvolvidos nas páginas que se seguem são o marxismo, o marxismo cultural, a moral kantiana e a dignidade da pessoa humana, o esclarecimento, o existencialismo sartreano, a tripartição da alma, o mito dos nascidos na terra e a mercantilização da vida e da morte. A desenvoltura de cada um dos assuntos dar-se-á pela exposição de trechos das obras dos filósofos mencionados e a seguinte explicação dos mesmos.
2. O MARXISMO E A VALORIZAÇÃO DO OUTRO
O marxismo refere-se às teorias sociais, econômicas e políticas de Karl Marx. Para entender o outro no âmbito do marxismo é necessário conhecer a definição de ‘’mercadoria’’, apresentada por Marx na obra ‘’O Capital – Crítica da Economia Política’’ (capítulo 1, páginas 157-164).
A mercadoria é, antes de tudo, um objeto externo, uma coisa que, por meio de suas propriedades, satisfaz necessidades humanas de um tipo qualquer. A natureza dessas necessidades – se, por exemplo, elas provêm do estômago ou da imaginação – não altera em nada a questão. Tampouco se trata aqui de como a coisa satisfaz a necessidade humana, se diretamente, como meio de subsistência [Lebensmittel], isto é, como objeto de fruição, ou indiretamente, como meio de produção.
Marx aponta os bens de consumo, ou as mercadorias, como inerentes à vida humana, pois satisfazem nossas necessidades de qualquer natureza (no capitalismo). Nesse sentido, os objetos são mais importantes para os indivíduos do que eles próprios, ou seja, são os bens que ditam as mudanças ocorridas na sociedade (materialismo histórico dialético). O ‘’ser’’ é trocado pelo ‘’ter’’, inviabilizando o bem comum.
Isso posto, fica claro o papel que tem o marxismo na compreensão e valorização do outro. O erro incide no que está enraizado nas sociedades contemporâneas e engendrado em todas as pessoas, que é a supervalorização do que é material em detrimento do ser social. Vide teoria determinista, o meio exerce influencia no homem. Assim, se vivemos num meio em que todos tem essa mentalidade, estamos propensos a aderi-la. Por isso, é importante entendermos daquilo que participamos, para não sermos conduzidos cegamente. Em consonância com este outro excerto de ‘’O Capital’’ (capítulo 2, página 219):
As mercadorias não podem ir por si mesmas ao mercado e trocar-se umas pelas outras. Temos, portanto, de nos voltar para seus guardiões, os possuidores de mercadorias. Elas são coisas e, por isso, não podem impor resistência ao homem. Se não se mostram solícitas, ele pode recorrer à violência; em outras palavras, pode tomá-las à força.
De maneira análoga a este pensamento, o próprio homem se transforma numa mercadoria, submetido as relações de troca e consumo, incapaz de impor resistência ao sistema. É por tal motivo que devemos enxergar o valor do outro, para que venhamos a atingir a felicidade e o bem comum, afinal, somos mais do que produtos passíveis de venda e alienação sistemática.
Na obra ‘’Manifesto do Partido Comunista’’ (capítulo 1, página 3), Marx afirma que:
A história de toda a sociedade até aqui é a história de lutas de classes antagônicas. [...] A sociedade toda cinde-se, cada vez mais, em dois grandes campos inimigos, em duas grandes classes que diretamente se enfrentam: burguesia e proletariado.
Sob este ângulo, se faz notória a inviabilização da equidade social, visada pelo filósofo. Uma vez que os interesses da classe dominante sobrepujam-se aos interessantes da classe subjugada, certamente gera-se a desigualdade. E existindo a desigualdade, também existe a desvalorização direta ou indireta do outro, que será inferiorizado de alguma forma pela condição menos favorecida. No entanto, num outro excerto do capítulo 2:
Os proletários só podem conquistar as forças produtivas sociais à medida que abolem o seu próprio modo de apropriação e, assim, todo o modo de apropriação até hoje existente. Os proletários nada têm de seu para assegurar, eles têm de destruir todas as seguranças privadas e todos as garantias privadas até hoje existentes.
Ou seja, os autores (Marx e Engels) apoiam o uso radical da violência por parte do proletariado para a tomada de assalto dos meios de produção, sendo este o único meio de se atingir a igualdade social plena. Esse ponto gera discrepâncias, haja vista a contradição com princípios próprios do marxismo, como por exemplo ‘’a inevitabilidade da transformação da sociedade capitalista em uma sociedade socialista inteira e exclusivamente da lei econômica do sistema’’. Mesmo que no intuito de atingir o bem comum, os fins não justificam os meios e nesse processo o outro é feito de uma coisa qualquer, logo um caminho errôneo a ser seguido a meu ver pessoal.
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