Passeio pela Antiguidade
Por: Letícia Sylvia • 3/6/2018 • Trabalho acadêmico • 1.487 Palavras (6 Páginas) • 620 Visualizações
Objetivos gerais:
- Permitir que os leitores tenham seus primeiros encontros, ou novas perspectivas com/dos Antigos;
- Ajudar a criar familiaridade com esses grandes monstros eternamente vivos que são os Antigos;
- Indicar pistas, traçar itinerários de caça ao tesouro , estabelecer possíveis encontros, sem ser excessivamente direto, para que cada pessoa conserve a intenção da própria trajetória;
- Fazer com que o livro seja um passeio informativo, mas subjetivo, por entre temas e figuras das heranças grega e romana.
Metodologia do trabalho:
O autor segue um itinerário subjetivo e irrestrito. Não utiliza da pesquisa ou de ensaios acadêmicos. Seu propósito é procurar junto aos Antigos regras de vida e pensamentos que nos faltam. Ele propõe uma abordagem diferente de algumas experiências de existência e pensamento centrais para Antigos.
Pensar:
A proposta do autor é nos mostrar que a frequente sensação que temos de que pensar é uma atividade a parte, sem relação direta com a existência cotidiana, é completamente artificial e ilusória. Além de prejudicial, pois transforma a atividade intelectual em improdutiva e seleta.
Ele afirma que por isso temos a necessidade de nos encontrarmos com os Antigos, pois para eles a ideia de uma ruptura entre viver e pensar é completamente estranha. Para tais é indispensável “descer ao mundo das ideias, voltar para o barulho das massas, para a confusão dos campos, para as multidões coloridas”.
O autor trás a ideia de que a própria verdade para os Antigos é buscada tendo em vista suas consequências sobre a existência. A própria ideia de verdade sem efeitos sobre a vida é estranha ao pensamento dos Antigos.
O autor destaca que na Antiguidade, a filosofia é modo de vida, não apenas modo de discorrer. Embora a vida seja trabalhada e modelada, dia após dia por preceitos filosóficos e percursos de reflexão, os filósofos antigos nos levam a descobrir a experiência de pensar como mutação da existência.
“Manter a mente aberta – Platão, Aristóteles, Sexto Empiríco”
- Sócrates, em uma passagem do Fedro, de Platão, trás a ideia do texto escrito como algo fixo, imutável, incapaz de resolver as perguntas, uma simples repetição. Ao contrário, a palavra viva – de um indivíduo real com o qual estabelecemos uma conversa – é sempre diferente. Ela se afirma de modo imprevisível e inventivo, pois fabrica a si mesmo à medida que a discussão avança e o diálogo se desenvolve.
Implicitamente o texto sugere que o pensamento é um movimento, que a reflexão é um processo aberto, sempre em desenvolvimento.
- Na “Alegoria da Caverna” a posição de Platão se evidencia. Ele descreve o próprio movimento da filosofia ao escrever que para que o prisioneiro alcance a verdade, o mundo inteligível, ele deve ser solto, seus laços desatados, e obrigado a se levantar, andar, a deixar a sua posição primitiva, a subir (com dificuldade) rumo à luz, ao céu das ideias, a visão das coisas reais. Tal descrição trata-se inteiramente de movimentos, salientando, dessa forma, o movimento do pensamento.
- Ao ter fixo em mente a ideia de que nenhum texto responde a seu leitor como faz um interlocutor vivo, Platão procurou inventar outros mudo de escrever: os diálogos. Por meio de seus diferentes personagens e suas réplicas, quis por em ação um texto que não fosse fixo, que conserva a capacidade de bifurcar e surpreender.
- “O pensamento nunca é um bloco homogêneo, compacto, maciço, imóvel. O movimento é essencial dentro daquilo que há nele de mais denso. Pensar implica algo fluído, aéreo”.
- Aristóteles trouxe também a ideia de movimento em seu pensamento. Para ele sempre que se adquire um conhecimento surgem novos horizontes a serem alcançados. Define a filosofia como “a totalidade do saber na medida do possível”, sabendo que essa totalidade nunca será alcançada.
- Sexto Empírico apresenta-se como mestre do ceticismo, sua atitude é sempre descontruir o que se considera seguro. Por trás dessa atitude encontra-se uma vontade de manter a mente aberta, de continuar a procurar.
Conclusão: Vivemos em um mundo de inovações tecnológicas constantes, que a ciência avançou inimaginavelmente em relação aos nossos antepassados, entretanto encontramo-nos em um estado de acomodação, pois acreditando sermos “donos do saber” a primeira duvida que surja entramos no “google” obtemos a resposta que queremos, interrompendo o pensamento, a reflexão. É nesse ponto que os filósofos antigos apresentam grande importância, ao nos lembrar que todo saber aumenta aquilo que não sabemos, e que portanto devemos sair desse estado acomodado que nos encontramos e nos atentarmos ao fato que o pensamento é algo fluido, sempre em desenvolvimento.
Emocionar-se:
Inicialmente o autor propõe que a filosofia é um teatro e que o teatro é portador da mesma. Ele ressalta que, atualmente, existe uma grande quantidade de máquinas de emocionar – dispositivos para fazer rir, chorar ou sonhar - a nossa disposição por meio de jornais, televisão, teatro, internet, etc; dessa maneira, dispomos de mais emoções do que podemos experimentar. É daí que surge a crítica de Droit, que não possuímos emoções pensantes.
Contudo, encontramo-nas nos Antigos, nesses conflitos estranhos apresentados pela tragédia, nesses deslocamentos suscitados pela comédia. Com o intuito de não olha-las com lentes deformadoras nem com interpretações prontas.
“Rir de si mesmo – Aristófanes, Luciano”
- É preciso pensar o par comédia/tragédia – riso e choro, sempre duas máscaras – como uma invenção de duas faces, inseparáveis como frente e verso.
- Os gregos elaboraram uma paisagem multiforme, nela coabitam a reflexão racional, a política igualitária da democracia e os espetáculos, trágicos ou cômicos, reunindo os cidadãos em uma série de emoções semelhantes.
- O riso dos antigos é multiforme. Ele sempre combina vários registros, mistura situações, traços de caráter, personagens caricaturais que fazem rir, pertencentes à natureza humana eterna (ciúme, avareza, vaidade, cobiça, ambição...), mas também os fatos e rostos da atualidade (guerras, rivalidades, políticas, intrigas do momento, dirigentes atuais). O eterno e o efêmero se entretecem.
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