Pensamentos sobre a Filosofia
Por: ClemeCM • 10/6/2018 • Artigo • 4.428 Palavras (18 Páginas) • 340 Visualizações
Pensamentos sobre a Filosofia
Marciel Clementino da Silva [1]
O que é a filosofia? Para que serve a filosofia? Quando, onde e como surgiu a filosofia? Essas são perguntas que intrigam todos aqueles que não conhecem a importância da filosofia. São perguntas necessárias para a investigação de algo, ponto de partida da filosofia, ou seja, são questões abordadas por ela. A filosofia sempre procurou o conhecimento das coisas que existem no mundo, saber a sua essência e o seu surgimento, as coisas que estão implícitas em cada crença e em cada pergunta do cotidiano de todas as sociedades. A filosofia possui uma história e está inserida na história, não podemos compreender a história do homem sem passar pelos seus anseios e pensamentos, e sem entender suas filosofias de vida.
Chauí começa discursando no livro “Para que filosofia?” sobre o motivo da existência da filosofia, a autora apresenta perguntas do cotidiano humano, cujas respostas estão cheias de crenças. Chauí defende que as respostas não são pensadas e muito menos questionadas. Marilena diz que todas as perguntas do nosso cotidiano não são perguntas filosóficas porque estão cheias de outras perguntas por traz delas, o que a filósofa chama de “crenças silenciosas”. Essas crenças estão implícitas, sem mesmo o homem se questionar sobre elas, sobre a real existência da verdade, sobre o que o ser humano é capaz, Marilena diz:
Como se pode notar, nossa vida cotidiana é toda feita de crenças silenciosas, [...]. Cremos no espaço, no tempo, na realidade, na qualidade, na quantidade, na verdade, na diferença entre realidade e sonho ou loucura, entre ela e a subjetividade, na existência da vontade, da liberdade, do bem e do mal, da moral da sociedade.[2]
Com essas palavras, Marilena diz que em todas as nossas perguntas existem outras que estão inclusas submersas. Porém, para se chegar a essas outras, é necessário um olhar mais profundo, é preciso mudar o ponto de vista e aprofundar-se em suas próprias dúvidas. Só assim o homem poderá elaborar um questionamento filosófico, porém, podemos nos perguntar, “mas como fazer uma pergunta filosófica?”. A natureza intrínseca das perguntas filosóficas está no questionar-se a si mesmo, podendo levar o homem até mesmo a uma crise de identidade, questionando-se, inclusive, sobre a sua própria existência. Essas perguntas podem assustar, mas somente depois de ser capaz de fazer essas perguntas a si, o homem terá uma atitude filosófica, que o leva a uma sabedoria e a uma aproximação da verdade.
Em crise existencial ou na euforia da vida, alguém que começa a indagar sobre o porquê da própria vida, está começando a filosofar, isto é, tendo uma atitude filosófica. A atitude filosófica nos mergulha num mundo espetacular, terrível e fantástico ao mesmo tempo: a busca da sabedoria e da verdade.[3]
É evidente que, a primeira atitude filosófica é negativa, ou seja, é ir contra o pensamento da sociedade, somente depois, o homem passa a questionar o que são as coisas, porque são assim, e como são. Esta segunda característica é apresentada como positiva, elas são os questionamentos fundamentais para a atitude filosófica. As duas atitudes juntas, formam, o pensamento crítico e a atitude crítica. Platão apresenta essa concepção no “Mito da Caverna”, quando apresenta um homem saindo de seu estado em direção ao conhecimento. Esse homem, que era prisioneiro, não consegue, em primeiro instante, aceitar a verdade que lhe é apresentada; ele tenta fugir e voltar ao seu estado inicial de sabedoria, que é dentro da caverna. Platão tenta mostrar, com o “Mito da Caverna”, que os homens precisam se arriscar para conhecer o novo, precisam deixar de lado as suas ideias e se questionar, se realmente aquilo que vê é verdadeiro, se efetivamente o que ele conhece é da forma com que ele vê. Somente então, o homem poderia conhecer o mundo, com suas verdades e como ele realmente é.
Atitude crítica é um modo de pensar a partir de um pensamento que pode ser correto. [...]. Já pensamento crítico é um questionamento saudável que permite que haja uma discussão sobre diferentes verdades. Assim, as críticas apresentadas favorecem para que um determinado conceito seja mudado ou melhorado. Portanto, a partir de uma pensamento crítico uma pessoa que possui crenças silenciosas começa a abandona-las e adquiri conhecimentos novos, que complementam ainda mais a sabedoria de um ser.[4]
O fato é que, a filosofia é o conhecimento dos conhecimentos, é uma especulação sobre as coisas, sobre como surgiram, sobre como se deu cada uma. No livro do Caio Prado “O que é filosofia” afirma que a filosofia, já foi entendida como não tendo importância nenhuma, apenas para propor perguntas, sem se interessar pelas respostas. A filosofia ganhou, também, outra perspectiva de visão, ela é vista andando lado a lado com a literatura. Prado diz que isso é bom, pois, consegue alcançar de forma mais abrangente os ouvintes e os leitores. Contudo, esse confundir-se com a literatura não revela toda a filosofia, ainda é preciso adentrar mais. O filósofo, afirma que existe ponto comum para onde caminha todas as questões filosóficas, do mesmo modo, existe também, um ponto de partida. Caio diz ainda que “mais comumente a filosofia é tida como uma complementação da ciência e da elaboração cognitiva em geral.”[5]
É certo que, filosofia é um termo de origem grega que significa amor ao saber, ou seja, a filosofia busca, sobretudo, o conhecimento das coisas. Porém, um conhecimento mais aprofundado, Prado apresenta a diferença entre a ciência e a filosofia, apresentando características da ciência para provar que a filosofia vai além do que a ciência estuda, a filosofia se dedica ao saber, ao conhecimento, mas, a um conhecimento mais profundo do objeto, procura identificar a sua natureza, o seu propósito e a sua essência.
É notório que para Marilena, o filósofo não é um sujeito que busca interesses, como um jogador, que tem a preocupação de ganhar uma competição. O filósofo é um indivíduo que busca observar e tirar conceitos para saber qual a natureza de um objeto. Todo sujeito pensa, mas quem pensa pode não ser filósofo, como um poeta, ele pensa apenas para escrever e comover. O pensar filosófico é diferente, porque ele é mais profundo, ele quer chegar na essência do objeto.
Então que tipo de pensar é esse do filósofo? Não é melhor nem superior a todos os outros, mas sim diferente, porque se propõe a “pensar nossos pensamentos e ações”. Dessa atitude resulta o que chamamos experiência filosófica. Ao criar ou explicitar conceitos os filósofos delimitam os problemas que os intrigam e buscam o sentido desse pensamentos e ações, para não aceitarem certezas e soluções fáceis demais.[6]
...