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Quais Os Tipos De Verdades Distinguidas Por Leibniz ?

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Por:   •  6/10/2014  •  2.217 Palavras (9 Páginas)  •  1.036 Visualizações

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Como a liberdade e a contingência podem coexistir com a série de causas e com a previdência é uma das mais antigas preocupações da raça humana. E a dificuldade do problema tem apenas se intensificado através das investigações realizadas pelos Cristãos no que diz respeito à justiça divina em prover a salvação dos homens>

Quando eu considerava que nada acontece por acaso ou por acidente (a menos que estejamos considerando certas substâncias entendidas por si mesmas), que a fortuna diferenciada do destino é nome vazio, e que nenhuma coisa existe a menos que suas próprias condições [requisitis] particulares estejam presentes (condições de cuja presença conjunta se segue, alternadamente, que as coisas existem) estive muito próximo à opinião daqueles que pensam que tudo é absolutamente necessário, que julgam que é suficiente para a liberdade que não estejamos coagidos, mesmo que estejamos sujeitos à necessidade, e próximo à opinião daqueles que não distinguem o que é infalível ou certamente conhecido como verdadeiro, daquilo que é necessário.

Mas a consideração dos possíveis, que não são, não foram e não serão, trouxe-me de volta esse princípio. Pois se há certos possíveis que nunca existem, então, as coisas que existem, pelo menos, não são sempre necessárias, pois do contrário, seria impossível para outras coisas existir em seu lugar e, assim, todas as coisas que nunca existem seriam impossíveis. Tampouco podemos realmente negar que muitas histórias, especialmente aquelas denominadas fábulas, são pensadas como sendo possíveis, embora não possam encontrar lugar nessa série universal selecionada por Deus – a menos que se imagine que em uma tal extensão de espaço e de tempo há certas regiões poéticas onde podemos ver o Rei Arthur da Grã-Bretanha, Amadis de Gaul, e as histórias germânicas sobre o célebre Dietrich von Bern, vagando pelo mundo. Isso não parece muito distante da opinião de um distinto filósofo de nossa era, que em certo local explicitamente afirma que a matéria assume sucessivamente todas as formas de que é capaz (Princípio de Filosofia parte III art. 47), algo dificilmente defensável. 2 Pois isso eliminaria toda a beleza do universo e toda escolha entre as coisas, sem falar de outras considerações pelas quais o contrário pode ser provado.

Portanto, reconhecendo a contingência das coisas, eu, além disso, considerava o que deveria ser uma clara noção da verdade, pois esperava, e não absurdamente, por alguma luz oriunda daquela direção sobre como as verdades necessárias e contingentes poderiam ser distinguidas. Ora, percebi que é comum a toda proposição verdadeira afirmativa, universal e (ou) particular, necessária ou contingente, que o predicado esteja no sujeito, isto é, que a noção do predicado está envolvida de algum modo na noção do sujeito. E essa é a fonte [principium] da infalibilidade de todo tipo de verdade para aquele ser que conhece todas as coisas a priori. Mas isso parecia-me apenas intensificar a dificuldade, pois se a noção do predicado está na noção do sujeito em um dado tempo, então, como poderia o sujeito carecer do predicado sem contradição e impossibilidade e sem alterar aquela noção?

Finalmente, uma nova e inesperada luz brilhou de onde eu menos esperava, ou seja, das considerações matemáticas acerca da natureza do infinito. Pois há dois labirintos da mente humana: um diz respeito à composição do contínuo e o outro refere-se à natureza da liberdade e ambos provêm da mesma fonte, o infinito. Aquele mesmo filósofo já citado anteriormente preferiu cortar ambas as dificuldades com uma espada já que ele ou não poderia resolver os problemas, ou tampouco quis revelar sua opinião. Pois em seus Princípios de Filosofia I, art. 40 e 41, afirma que facilmente podemos nos enredar em enormes dificuldades se tentarmos reconciliar a predeterminação de Deus com o livre arbítrio; mas, afirma ele, devemos nos abster de discutir essas questões, já que não podemos compreender a natureza de Deus. E também, em Princípios de Filosofia II art. 35, ele afirma que não devemos duvidar da infinita divisibilidade da matéria mesmo se não a podemos compreender. Porém, isso não é satisfatório, pois uma coisa é não compreendermos algo e outra coisa muito diversa é compreendermos que é contraditório. E assim, devemos, ao menos, ser capazes de responder a esses argumentos, que parecem acarretar que a liberdade ou a divisão da matéria implica uma contradição.

Portanto, devemos compreender que todas as criaturas têm gravadas em si um certo sinal [character] da divina infinidade, e que essa é a fonte de muitas coisas maravilhosas que assombram a mente humana.

Na verdade, não há porção de matéria tão diminuta que não contenha um tipo de mundo de criaturas, infinitas em número, e não há substância individual criada tão imperfeita que não atue sobre todas as outras e que não sofra suas ações, nenhuma substância tão imperfeita que não contenha o universo inteiro, e o que quer que seja, foi ou será, em sua noção completa (tal como existe na mente divina), nem há qualquer verdade de fato ou qualquer verdade relativa às coisas individuais que não dependa da infinita série de razões; o que quer que esteja nessa série pode ser visto apenas por Deus. Essa também é a razão pela qual apenas Deus conhece as verdades contingentes a priori e vê sua infalibilidade de outro modo que não através da experiência.

Após haver considerado mais atentamente essas questões, uma distinção mais profunda entre as verdades necessárias e contingentes me foi revelada. Ou seja, toda verdade ou é básica [originaria] ou derivada. As verdades básicas são aquelas para as quais não podemos fornecer uma razão; as identidades ou verdades imediatas, que afirmam a mesma coisa de si mesmas ou negam a contradição de suas contradições, são verdades deste tipo. As verdades derivadas, por sua vez, são de dois tipos, pois algumas podem ser decompostas em verdades básicas e outras, em sua decomposição, dão origem a uma série de etapas que vai ao infinito. As primeiras são necessárias; as últimas, contingentes. Na verdade, uma proposição necessária é aquela cujo contrário implica uma contradição. Toda proposição idêntica e toda proposição derivada decomposta em proposições idênticas são de um tal tipo, como as verdades denominadas metafísicas ou necessidades geométricas. Pois a demonstração nada mais é que expor uma determinada igualdade ou coincidência do predicado com o sujeito (no caso de uma proposição recíproca) pela decomposição dos termos de uma proposição e pela substituição de uma definição ou parte de uma por aquilo que está definido ou, em outros casos, ao menos revelando a inclusão para que aquilo que permanece

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