Quais São Os Tipos De Exércitos E De Milícias Mercenárias
Por: ailtonmafilho • 13/10/2023 • Resenha • 2.299 Palavras (10 Páginas) • 51 Visualizações
Resumo – O Príncipe - a partir do capítulo 12
Até o CAPÍTULO XI Nicolau Maquiavel escreveu acerca dos Principados. Discorreu sobre como os príncipes ascenderam ao poder (por herança, pela conquista, pela fortuna, entre outros) e como caíram. Além disso, descreveu as causas que tornaram os Principados bons ou ruins e indicou os modos pelos quais muitos tentaram conquistá-los e mantê-los. Já no CAPÍTULO XII o autor começa abordar os métodos utilizados pelos Principados para ataque e defesa.
CAPÍTULO XII. QUAIS SÃO OS TIPOS DE EXÉRCITOS E DE MILÍCIAS MERCENÁRIAS
Segundo Maquiavel, os tipos de forças armadas são: próprias, compostas pelos nobres e por sua plebe armada; mercenárias, que são profissionais contratados de alguma forma, que recebem salário pelos seus serviços, todavia não possuem nenhum vínculo com o principado que as contrata; auxiliares, compostas pelas forças armadas de nações amigas ou aliadas; ou mistas, que é uma mistura de ambas.
Para defender seu Estado, um príncipe não deve contar com forças armadas mercenárias, nem com auxiliares por serem inúteis e perigosas, na medida em que tais tropas são desunidas, ambiciosas, sem disciplina, infiéis, valente entre os amigos e vis diante dos inimigos. Isto acontece porque o vínculo financeiro é o único que os mantém em campo de batalha. Além disso, um capitão mercenário eficaz representa um perigo e não merece confiança, uma vez que seu sucesso pode ser utilizado para intimidar o príncipe ou outros do reino sem seu consentimento. Já o capitão mercenário ineficaz não cumprirá com os objetivos aos quais fora contratado.
O autor utiliza vários exemplos para sustentar seus argumentos, entre eles o fato de que a base de defesa da Itália de sua época eram os exércitos mercenários, os quais não foram capazes de defendê-la nas invasões francesa, espanhola e suíça.
CAPÍTULO XIII. DAS MILÍCIAS AUXILIARES, MISTAS E PRÓPRIAS
Maquiavel explica que milícias auxiliares são aquelas forças armadas solicitadas a outro soberano. Tais forças podem até ser úteis, mas quase sempre são prejudiciais a quem as solicita, na medida em que se elas pendem a batalha, o inimigo vencerá a guerra. Todavia, se elas ganham, quem as solicitou se tornará refém delas. Ou seja, não há vitória para quem baseia sua defesa em armas auxiliares. O autor alerta para o fato de que as forças auxiliares são mais perigosas que as mercenárias, na medida em que essas são pagas e possuem um certo vínculo com o príncipe, portanto será mais difícil para elas tomar o poder, todavia aquelas devem obediência à outro soberano, e se vitoriosas representam fortíssima ameaça à manutenção de seu governo. Como um dos exemplos, ele cita as ações de César Bórgia, que conquistou a Romanha com a ajuda dos franceses (uma força armada auxiliar). Todavia, não confiando em seus aliados, contratou mercenários para expulsar os franceses. Além disso, vendo que tais forças eram ambíguas, infiéis e perigosas, utilizou seu próprio exército para aniquilar os mercenários. Seu reconhecimento chegou enfim neste momento, em que ele era visto como comandante exclusivo de suas milícias.
Para exemplificar força armada mista, o autor cita o rei francês Luís XI, que herdou de seu pai um reino com uma formação de cavalarias e infantarias próprias. Todavia, se uniu aos suíços, enfraqueceu sua infantaria e submeteu sua cavalaria aos aliados. Portanto as armas francesas tornaram-se um misto, parte mercenárias e parte próprias.
Enfim, Maquiavel conclui que sem dispor de forças armadas próprias nenhum principado estará seguro. Tais forças são compostas de súditos, de cidadãos ou de vassalos que são liderados pelo príncipe como seu capitão em campo de batalha. Ele cita Filipe, pai de Alexandre Magno, como um líder que conseguiu armar e organizar seu principado.
CAPÍTULO XIV. COMO O PRÍNCIPE DEVE PROCEDER ACERCA DAS MILÍCIAS
Maquiavel ensina que o príncipe deve estar sempre preparado para a guerra, uma vez que a capacidade de defender o reino e de conquistar novos são os pilares da legitimidade de seu governo. O que se espera de um príncipe é o domínio da arte da liderança em batalha, visto que por meio dela ascendem ao trono os homens de fortuna pessoal e, também, mantem-se aqueles que o receberam por herança. O autor exemplifica citando Francesco Sforza de passou de homem comum a duque de Milão por meio de sua força armada. Todavia, seus herdeiros passaram de duques a homens comuns, não conseguiram se manter no poder, pois negligenciaram suas armas. Conclui dizendo que um príncipe que não entende de milícias, não pode ser estimado por seus soldados nem confiar neles.
Portanto, os exercícios de guerra devem sempre ser uma preocupação para o príncipe, principalmente em tempos de paz, o que pode ser feito de duas maneiras: por ações e pelo aprimoramento de sua mente. Quanto às ações, deve manter suas tropas sempre ordenadas e exercitadas, com objetivo de estarem prontas para agir e em condições de batalha. Deve-se continuamente praticar a caça a fim de acostumar o corpo aos desconfortos e para conhecer a geografia dos territórios, prestando muita atenção nas características do terreno (montes, vales, planícies, rios e paludes). Deve-se refletir sobre sua tática de campanha (avançar, recuar, emboscadas, entre outros) de acordo com a natureza de cada lugar.
Por outro lado, deve-se ler obras de história, atentando-se para ações de grandes homens, a fim de exercitar sua mente. O príncipe deve buscar entendimento sobre como foram vitoriosos em suas campanhas, na medida em que poderá repetir tais ações a seu favor; ou entender por que foram derrotados, visto que ao deparar-se em situação semelhante saberá o que não deu certo e evitará tais ações. O autor dá o exemplo de Alexandre Magno que imitava Aquiles; César, Alexandre; Cipião, Ciro. Ou seja, homens ilustres que repetiram ações e gestos de outros anteriores a eles que foram bem sucedidos em suas batalhas.
CAPÍTULO XV. DAS COISAS PELOS QUAIS OS HOMENS, SOBRETUDO OS PRÍNCIPES, SÃO LOUVADOS OU VITUPERADOS
A partir desse capítulo, Maquiavel aborda o tratamento e as ações de governo que um príncipe deve ter em relação aos seus súditos e amigos. Inicialmente, o autor faz críticas a outros que defendem principados e repúblicas ideais e utópicas, e se propõe a tratar do tema de forma realística, a vida como ela é e não como deveria ser.
Maquiavel ensina que o príncipe não deve buscar ser bom em todos os aspectos, na medida em que deve utilizar o mau a seu favor, a fim de manter-se no poder. Todos os homens são julgados por suas qualidades e defeitos, todavia o príncipe não deve se preocupar em ter somente qualidades, visto que ninguém é perfeito e ele nunca conseguirá agradar a todos. Sabendo disso, o príncipe não deve fazer os vícios que comprometem seu governo, por outro lado, os demais vícios devem ser evitados, mas se forem inevitáveis não deve preocupar-se com isso.
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