Resenha Sobre o Filme O Nome da Rosa
Por: CristopherCP • 5/6/2016 • Resenha • 3.652 Palavras (15 Páginas) • 1.202 Visualizações
Sinopse do filme “O nome da rosa”
O filme “Le Nom de la Rose” foi lançado em 1986, e teve a direção de Jean-Jacques Annaud. Baseado no romance do crítico literário italiano Humberto Eco. O elenco foi estrelado por Sean Connery, como frei Guilherme de Baskerville, o jovem Christian Slater como o aprendiz Adson de Melk e F. Murray Abraham como Bernardo Gui.
O filme conta a história de um mosteiro na baixa Idade Média, onde mortes misteriosas assombram o lugar, em meio a este cenário um monge franciscano é chamado para solucionar os assassinatos ocorridos. Mas quando está prestes a desvendar o mistério uma situação de seu passado, a Santa Inquisição, surge para complicar ainda mais o desfeche dessa história.
Curiosidades
O filme recebeu vários prêmios e indicações como o de melhor ator, melhor maquiagem, melhor filme estrangeiro, são alguns desses;
O filme obteve uma bilheteria mundial equivalente a US$ 77 milhões;
O projeto levou cinco anos para sair do papel;
Contou com filmagens na Itália e na Alemanha;
Christian Slater tinha apenas 15 anos quando realizou a cena de sexo com a personagem de Valentina;
A garota (Valentina Vargas) é a única personagem mulher do longa.
Autor
Humberto Eco demonstra grande conhecimento da filosofia medieval, da política, da igreja e do ambiente que dominava as abadias dos beneditinos.
Tema abordado
O longa-metragem se passa no século XIV, quando o pensamento do santo Agostinho norteava todo o pensamento da igreja católico, pensamento mítico, pensamento sobrenatural, predestinação, tudo era divino e ligado a Deus. Época esta também marcada pela peste negra e que desencadeou uma série de acontecimentos.
A Peste Negra foi uma pandemia, isto é, a proliferação generalizada de uma doença causada pelo bacilo Yersinia pestis, que se deu na segunda metade do século XIV, na Europa. Essa peste integrou a série de acontecimentos que contribuíram para a Crise da Baixa Idade Média, como as revoltas camponesas, a Guerra dos Cem Anos e o declínio da cavalaria medieval. (FERNANDES, 2015)
O filme aborda a força da igreja ditando o que pode ou não fazer e quem desafiasse era castigado. Seu controle sobre o homem que adotava atitudes dogmáticas, era dominante. Em discussões a Fé sempre era superior a Razão e o corpo associado ao pecado, demonstrando praticas de purificação como o ascetismo. O poder da igreja prevalecia conforme citação de Rothbard (2013), havia um equilíbrio de poder entre Igreja e estado, com a Igreja sendo ligeiramente mais poderosa.
Narrativa, argumentação e relação com a filosofia
O filme ocorre no final do ano de 1327, em um remoto mosteiro no norte da Itália, com a chegada de William de Baskerville, um monge franciscano, e Adso Von Melk, um noviço ao qual seu pai incumbiu William de sua educação e bem estar. Este mosteiro cujo nome não é citado pelo narrador, por ele achar que o mais prudente omitir.
Adso Von Melk é o filho mais novo do barão de Melk que durante toda a história será o aprendiz de William. Porém passado muitos anos, é ele quem narra a história de sua juventude.
O autor foi muito sagaz ao duplicar o narrador em Adso jovem e Adso velho. Percebe-se que o Adso jovem é sedento por prazer e as vezes dogmático. Já por sua vez, o Adso narrador é maduro e logo mais favorável a reflexão dos acontecimentos. Da mesma forma, ocorrem os diálogos entre William e Adson, permitindo mudar o contexto dos diálogos entre a visão de fé e razão.
Logo no início, é possível observar a feição velha e em decadência do povo que ali vive, talvez simbolizando o declínio da igreja. Também chama a atenção a forma como os franciscanos e beneditinos se cumprimentavam: beijavam-se nos lábios, seguindo uma tradição judaica.
A chegada de Willian no mosteiro coincide com a morte recente de Adelmo de Otranto, um monge jovem e famoso por suas obras de humor e imagens cômicas.
Durante a investigação, que ocorre do lado de fora do mosteiro, Adso desvia sua atenção para observar camponeses que recolhiam alimentos ou o resto deles que a igreja disponibilizada. Neste momento Adso avista e admira uma jovem que lhe desperta um encantamento.
Adelmo foi encontrado despedaçado na base da muralha, no meio do granizo e da neve como se tivesse sido lançado do alto da torre da biblioteca. Fato este entendido como a primeira trombeta do apocalipse, uma profecia onde o primeiro anjo toca uma trombeta e formava-se uma chuva de granizo e fogo misturado com sangue que seria atirada sobre a terra.
Segundo Carlos, o monge morto era um jovem de aparência um pouco feminina, cujo espírito se deliciava a traçar iluminuras grotescas, onde a ordem natural era invertida através de um mundo monstruoso e igualmente invertido. Nas margens dos saltérios ele pintava estranhas figuras híbridas, verdadeiros monstros. Adelmo não poupava mesmo o próprio Deus nas suas iluminuras blasfemas. Num Livro de Horas, as iniciais das palavras com que os anjos cantam a Santíssima Trindade -Sanctus, Sanctus, Sanctus- formavam três macacos a beijarem-se. “Três figuras beluínas de cabeças humanas, duas das quais se dobravam, uma para baixo e outra para cima, para se unirem num beijo que não se teria hesitado em definir impudico”.
Incomodado, William conclui que o jovem não havia se atirado de uma janela do mosteiro e sim do alto de outra torre. William decide continuar averiguando mais profundamente o caso. William de Baskerville começa a investigar o caso, onde os mais religiosos acreditavam ser obra do Demônio. William não partilha desta opinião. Como os religiosos não achavam explicações naturais para as mortes eles suspeitavam de forças demoníacas.
Nesta altura já é possível notar que William é diferente das outras pessoas, por não apresentar atitudes dogmáticas, comportamento compactuado por todos os outros homens do mosteiro. O fato de William questionar as coisas o diferenciava dos demais, porém como veremos mais adiante, essa conduta não é bem vista pela igreja e por seus membros.
O personagem de Sean Connery representa as novas ideias, o humanismo o homem renascentista, que defende a razão e o homem no centro do universo.
O primeiro com quem William vai conversar é Ubertino de Casale, um senhor venerado por muitos como um santo vivo e que outros o queimariam vivo como herege, seu livro sobre a pobreza do clero não é bem visto no palácio papal e que por conta disso vive escondido.
Durante o diálogo, Ubertino alerta sobre o diabo estar jogando belos jovens pelas janelas, se referindo ao jovem Adso e comparando com Adelmo de Otranto, o primeiro monge a morrer, pois segundo ele possuía olhos de uma moça e buscava relações com o demônio. Na continuação deste diálogo ele leva o jovem Adso para visualizar a imagem de uma santa que, ao ajoelharem, Ubertino acaricia sua cabeça de forma o tanto quanto maliciosa. William só observa.
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