Seneca
Resenha: Seneca. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: jessica.manhani • 13/4/2014 • Resenha • 1.627 Palavras (7 Páginas) • 269 Visualizações
Nascido em Córdoba entre os anos 4 e 1 a.C., Lucius Annaeus Sêneca era
a própria imagem de sua época. Segundo filho de Sêneca, o Orador, e por
isso também conhecido como Sêneca, o Jovem, mudou-se cedo para Roma.
Tinha um vivo interesse pela filosofia dos mestres, como o estóico Átalo,
ou o pitagórico Sótio. Para eles, a moral tinha prioridade absoluta. Sêneca
conseguiu se destacar em uma sociedade cuja elite valorizava um mesmo
ideal: ser orador. Em torno da eloqüência organizavam-se reuniões de salão
e leituras públicas. Sêneca fez parte da Corte romana, e se comprazia
em uma vida requintada que não combinava com seus ensinamentos. Não
se deixar corromper, não ser tentado pelo luxo e pela luxúria, levar uma
vida simples e honesta: essa era a sua filosofia. Mas não sua vida. Foi mais
retórico que estóico, mais trapaceiro que honesto e mais ligado ao artifício
que à verdade.
Não foi sempre assim. Sêneca parece ter levado uma vida recatada durante
a juventude. Em sua carreira de servidor do Império, o cursus honorum,
galga algumas posições na magistratura, além de revelar-se brilhante
advogado.
Calígula, cultor ele próprio da eloqüência, tinha restrições às qualidades de
Sêneca. Desprezava seu estilo estudado e elaborado, acusava seus livros,
os mais populares da época, de “inconsistentes” e de serem “puras tiradas
teatrais”. Às vezes, preparava respostas aos discursos do orador. Só poupou
Sêneca da morte por estar convencido de que ele não chegaria à velhice
devido à sua saúde frágil.
Durante o principado de Cláudio e Messalina, Sêneca participava de bom
grado das recepções dadas pela imperatriz. Depois, Messalina deixou
de convidá-lo, alegando que ele se permitia fazer observações pouco
respeitosas. Com sua eloqüência, Sêneca fascinava demais os jovens para
não ser considerado perigoso. Sêneca revelou ao imperador a conduta
libertina de sua esposa.
Os temores de Messalina aumentaram quando suas primas Júlia e Agripina
foram trazidas por Cláudio de volta do exílio a que Calígula as condenara.
A lei condenava ao exílio todos os homens culpados de adultério. Assim,
Messalina informou Cláudio do romance com Júlia. Sêneca foi mandado para
a Córsega e Júlia, para a ilha de Pandateria.
O filósofo permaneceu no exílio por oito anos. Enviou várias cartas
aduladoras a Messalina, tentando fazê-la mudar de idéia. Pensando em
suicídio, com a saúde abalada, ninguém acreditava que voltasse a Roma.
Todavia, mesmo que por vezes sua conduta fosse condenável, os romanos
ainda o respeitavam, pois tomava posições firmes diante dos problemas
de sua época, não hesitando, por exemplo, em condenar os combates de
gladiadores. Depois da morte de Messalina, Agripina, a Jovem (homônima
de sua mãe), manobrou para se casar com seu tio Cláudio, o que se efetivou
no ano 49, e desde o início de seu reinado impôs seus caprichos. Conseguiu
que Sêneca fosse trazido de volta do exílio e que se tornasse pretor (ver
glossário). Confiou a Sêneca a educação de seu jovem filho, Domício, o
futuro Nero. Mas Agripina se deu rapidamente conta do gosto pelo poder de
Sêneca e de sua habilidade de manobra.
Com a morte de Cláudio, coube a Sêneca a honra de redigir o elogio fúnebre
proferido por Nero. A fim de exibir sua sabedoria e de fazer seu talento
brilhar, Sêneca tinha o costume de redigir para Nero discursos cheios de
clemência, favorecendo acusados pertencentes aos altos estratos sociais.
Sêneca conseguiu pouco a pouco desviar para si mesmo toda a afeição que
Nero sentia pela mãe.
Quando Agripina tentou se reaproximar do filho para retomar sua influência
sobre ele, Sêneca se apressou a enviar uma ex-escrava, Claudia Acte,
para seduzir o imperador. Na verdade, estava preocupado com o futuro de
sua carreira, caso Agripina conseguisse retomar as rédeas do Estado. Em
58, o advogado Suillius acusou Sêneca de ser hostil aos amigos do antigo
imperador, Cláudio. Acrescentou ainda que, acostumado à vida de estudos,
Sêneca tinha inveja dos que dedicavam uma eloqüência “sadia” à defesa dos
cidadãos.
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