Síntese do Ensaio “O conceito de paixão”, de Gérard Lebrun
Por: v.gatti • 17/11/2018 • Resenha • 943 Palavras (4 Páginas) • 618 Visualizações
Síntese do ensaio “O conceito de paixão” de Gérard Lebrun
A paixão é sempre motivada pela presença ou imagem de algo que me provoca a reagir, geralmente de improviso, isso prova que estamos sempre na dependência do outro.
Assim sendo a paixão é algo próprio do convívio humano, algo inerente a relações interpessoais. Devemos contar com as paixões e dela tirar proveito.
Segundo Aristóteles paixão é tudo aquilo que faz com que o indivíduo varie o juízo provocando-lhe sentimentos como sofrimento e prazer.
Este movimento de sentimentos faz parte da existência humana, não devemos nos empenhar em reprimi-los, extirpá-los ou condená-los. Para Aristóteles, não é pelo que sentimos que devemos ser julgados, pois por fazer parte de quem somos, não é possível deixar de sentir.
A excelência ética ou arétè, traduzida como virtude, é determinada pelo modo como agimos em relação ao que sentimos. O homem virtuoso é aquele que consegue harmonizar suas paixões, é aquele individuo que sabe temperá-las, de tal modo que o possibilite agir de forma razoável diante das circunstâncias que mexem com suas paixões.
O homem virtuoso não é aquele que renunciou a suas paixões, nem o que conseguiu discipliná-las ao máximo, mas sim oque aprimora seu modo de agir em seu meio social de modo a medir o quanto de paixão há em suas ações.
O virtuoso, age corretamente, em harmonia com suas paixões. É aquele que aprendeu a agir convenientemente, de modo a sentir o pathos adequando as circunstâncias.
Aquele que adquiriu o controle o suficiente para refrear sua paixões e não ceder aos impulsos de forma irrefletida, mas que sofre por ter de fazê-lo, ainda não é um ser virtuoso.
Enquanto eu precisar esforçar-me para resistir aos excessos de minhas paixões, ainda não sou um homem virtuoso.
Aristóteles nota que o desejo do “agradável é insaciável” que se não for reprimido desde a infância, crescerá sem medida. No entanto, isso só é possível através da educação. A educação é muito mais que apenas reprimir seus desejos, ela deve levar o homem a dominar suas paixões e utilizá-las adequadamente.
A virtude é uma batalha constante contra minhas pulsões, ao passo que atinjo o nível completo de domínio sobre minhas paixões, de modo com que essa batalha se de em meu inconsciente. Assim, e apenas assim, é que posso me considerar um homem virtuoso.
Para Aristóteles, o virtuoso não é aquele que a todo momento controla de forma rígida suas paixões, e sim aquele que aos olhos do espectador age de acordo, aplicando a quantidade de paixão condizente com as circunstâncias que motivaram o seu agir. “Não se trata de alguém obediente, mas elegante.”
Segundo Aristóteles
Para algumas correntes, como é o caso dos estoicos, o homem virtuoso é aquele que exerce um controle racional absoluto sobre suas ações, tornando “virtuoso sinônimo de racional.”
É certo que paixão e razão são indissociáveis. Devemos viver em conformidade com o logos, mas sem esquecer que as paixões são elementares a nossa conduta, e que apenas seres passionais são passiveis de uma conduta razoável.
A excelência ética de Aristóteles, ou virtude, é objeto de um delicado ajuste as circunstancia vivenciadas pelo indivíduo. Tornar-se virtuoso exige uma certa dedicação. Não são todos os seres humanos que, em seu meio social, atingem o perfeito equilíbrio entre o sentir e o agir, a ponto de poder afirmar-se como virtuoso. Para além, não existe se quer, uma fórmula universal para alcançar este equilíbrio. Os meios para atingir a harmônia entre suas paixões e ações são, particulares, inalienáveis e intransferíveis, é único de cada indivíduo.
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