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Weber X Marx Visao De Estado

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Por:   •  24/6/2014  •  2.296 Palavras (10 Páginas)  •  2.566 Visualizações

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Estudo de comparação entre as concepções de Estado de Marx e Weber

A concepção de Estado para Karl Marx surge a partir da propriedade privada e da divisão social do trabalho. O Estado para ele, criaria as condições necessárias para o desenvolvimento das relações capitalistas. O Estado moderno funcionaria como um comitê executivo das classes dominantes, a chamada burguesia. Max Weber teve como objeto de pesquisa ou inspiração teórica a análise da estrutura política alemã. A concepção de Estado para Weber estaria relacionada ao controle do poder estatal por uma burocracia militar e civil. Para Weber o Estado é: "Uma relação de homens dominando homens, mediante violência considerada legítima".

As diferenças de perspectiva metodológica e epistemológica entre Marx e Weber os levam a tomar caminhos sensivelmente diferentes no que tange ao espaço da política no mundo moderno e contemporâneo. Enquanto para Weber a racionalização, a burocratização e o desencantamento do mundo tendem a reduzir o espaço da política, limitando seus atores às lideranças (a despeito da democracia formal) e reduzindo as possibilidades de mudança em razão do contexto institucional, em Marx, a política permeia todo o tecido social. Em Marx, a política confere sentido à concretude do econômico; não é apenas epifenômeno, mas tem suas nuances e suas dinâmicas próprias. Em Weber, a política tende a ser cada vez mais residual (o que sobra após o limite de procedimentalização das ações sociais). Não implica dizer que o espaço do poder é reduzido, uma vez que o poder permeia toda a relação social e resulta em dominação entre os atores, mas implica separação (se não real, ao menos analítica) entre política e poder; a primeira sendo uma manifestação específica do segundo.

Que entendemos por política? É extraordinariamente amplo o conceito. [...] Comenta-se da política de divisas de um banco, [...] da política adotada por um sindicato durante uma greve. [...] Evidentemente não darei significação tão ampla ao conceito que servirá de fundamento às reflexões [...]. Por política entenderemos tão-somente a direção do agrupamento político hoje denominado “Estado” ou a influência que se exerce nesse sentido (Weber, 2001, p. 49).

Assim, a política em Weber se refere aos processos conflitivos no âmbito do poder institucionalizado da sociedade (detentor do monopólio legítimo do uso da força). Para Marx, a política confere forma e conteúdo específico ao Estado capitalista (e socialista), que apenas em linhas gerais possui características similares.

Para Weber, o mesmo acontece, mas este privilegia a análise do que diferencia o Estado moderno de outras formas anteriores de poder institucional e, portanto, em vez das descrições e análises que Marx realiza sobre o cotidiano da política no contexto de uma historiografia e antropologia do exercício do poder, Weber dá preferencia a compreensão sociológica e “politológica” da instituição racional e de seus procedimentos, sob os quais ocorrem as relações entre os atores. Marx, por sua vez, compara o que acontece na modernidade com o que aconteceu em outros momentos históricos:

Para encontrar um paralelo da conduta de Thiers e dos seus cães de caça temos de voltar aos tempos de Sila e dos dois triunviratos de Roma. O mesmo morticínio por grosso, a sangue-frio; o mesmo desprezo, no massacre, pela idade e sexo; o mesmo sistema de torturar prisioneiros; as mesmas proscrições, mas desta vez de toda uma classe; a mesma caça selvagem a dirigentes escondidos, para que nem um possa escapar; as mesmas denúncias de inimigos políticos e privados; a mesma indiferença pela chacina de gente inteiramente estranha à contenda. Só com esta diferença, que os romanos não tinham mitrailleuses para despachar os proscritos em massa e não tinham «a lei na mão» nem nos lábios o grito de «civilização» (Marx, 1986, p. 153).

Assim, para Marx, o que diferencia a modernidade de outros períodos históricos não é tanto a questão do Estado, destinado a ser forma contingente da organização do poder do capital, mas que, em termos de conteúdo da dominação, revela as mesmas atrocidades contra os dominados. Assim, apesar da questão de o Estado ter recebido destaque nos últimos escritos de Marx, a diferença está mesmo no modo de produção; o capitalismo tende a elevar os conflitos de classe até a emancipação do proletariado, em nome de todos os dominados. A perspectiva de Weber, adota um tom pessimista em relação à possibilidade da emancipação. A perspectiva de Marx, ao entrever a revolução, segue o sentido inverso: a emancipação é o fim da história. E se ainda não houve emancipação é porque a humanidade ainda tem muito a caminhar.

A perspectiva geral frente a ordem social, isto é, frente as tendências de mudança e/ou de manutenção da ordem vigente, vista a partir do sentido dominante que ela imprime em termos de horizontes de futuro. Aspecto este crucial para entender suas perspectivas frente ao papel e função do Estado. Toda reflexão marxista, como se sabe, traz por substrato a perspectiva eminente da mudança, da superação das condições vigentes implícitas no próprio devir histórico. A lógica da revolução está embutida na própria lógica das contradições do sistema capitalista. O Estado é a superestrutura que garante e mantém a reprodução do sistema capitalista, via mediação das relações de interdependência e antagonismo que caracterizam a produção capitalista. Por isso ele precisa ser destruído. A sociedade sem classes que virá no bojo da revolução proletária não terá necessidade dessa superestrutura. A reflexão weberiana funda-se numa perspectiva oposta. Seu problema geral básico refere-se às condições de persistência das formas de ordenação social. Seu interesse está em descobrir os nexos causais que explique as razões de persistência expressa na continuidade de certas linhas de ação por uma pluralidade de agentes individuais. Este é encontrado na conexão dominação/legitimação. O Estado nessa conexão cumpre papel, até certo ponto, idêntico àquele percebido por Marx.

No entanto, dada a perspectiva analítica de Weber que opera em termos de uma dimensão empiricamente dominante na ordem dos fenômenos considerados, sua tematização da conexão dominação/legitimação revela aspectos que uma dimensão analiticamente determinante não poderia revelar. Isto significa que se os processos sociais não são determinados intrinsecamente então as condições de persistência da ordenação social é dada pela “capacidade efetiva de dominação e de exercício do poder por alguns para dar forma aos eventos, em cada caso particular”.

Por isso

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