Émile Durhkeim
Monografias: Émile Durhkeim. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: julsinei • 14/3/2014 • 6.336 Palavras (26 Páginas) • 359 Visualizações
Revista HISTEDBR On-line Artigo
Revista HISTEDBR On-line, Campinas, n.40, p. 295-305, dez.2010 - ISSN: 1676-2584
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O PENSAMENTO EDUCACIONAL DE ÉMILE DURKHEIM
Carlos Lucena1
RESUMO.
Este artigo analisa os principais pressupostos de pensamento de Émile Durkheim sobre a
sociedade e a educação. Debate com algumas das suas principais obras, entre elas, “A
Divisão do Trabalho Social”, “O Suicídio”, “As Formas Elementares da Vida Religiosa”,
“Educação e Sociologia”, demonstrando os elementos para a construção de uma teoria do
consenso social. Proporciona o debate sobre como estas teorias influenciam a educação nos
dias atuais.
Palavras-chave: Educação; Positivismo; Durkheim, Pedagogia Tradicional.
THE THOUGHT OF EDUCATION OF ÉMILE DURKHEIM
ABSTRACT
This article analyzes the main assumptions of the thought of Emile Durkheim about society
and education. Discussion with some of his major works, among them "The Division of
Social Work," "Suicide," "The Elementary Forms of Religious Life," "Education and
Sociology", showing the elements for building a consensus theory social. Provides
discussion on how these theories influence education today.
Keywords: Education; positivism, Durkheim, Traditional Pedagogy.
Introdução
Émile Durkheim nasceu em 1858 em Epinal, no noroeste da França e faleceu em
Paris, no ano de 1917, após a morte de seu único filho, dois anos antes, no front de
Salonique, lutando pelo exército francês, durante a 1ª Grande Guerra Mundial. Discípulo
de Kant e Augusto Conte, sua contribuição foi notável para a consolidação da sociologia
enquanto ciência na França. Suas ideias transpuseram as fronteiras francesas, influenciando
gerações de políticos, pesquisadores e educadores. A influência na educação através dos
pressupostos de pedagogia tradicional, a utilização de seus princípios nas técnicas da
produção em massa, bem como a edificação das bases do nazismo, são exemplos da
afirmação anterior.
Durkheim entende a educação como uma poderosa ferramenta para a construção
gradativa de uma moral coletiva, fundamental para a continuidade da sociedade capitalista.
Esse é um pressuposto fundamental para o entendimento de suas preocupações expressa
em um grande debate com as ideias liberais presentes na Europa no início do século XX. A
crítica ao liberalismo se apresenta com a demonstração da impossibilidade de
concretização de uma sociedade mais avançada sob a lógica do individualismo.
O individualismo, entende Durkheim, é o maior inimigo para a constituição e
manutenção de uma sociedade das máquinas herdeira da primeira revolução tecnológica. A
constituição de uma moral coletiva expressa na divisão social do trabalho manifesta pela
solidariedade orgânica é entendida como grande desafio para o avanço de uma sociedade.
Esse debate não se deu ao acaso. Durkheim viveu em um período histórico
conturbado, o “olho do furacão”, marcado por crises econômicas, crescente urbanização da
sociedade e a construção gradativa da Primeira Grande Guerra Mundial, desdobramento
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dos conflitos econômicos das grandes potências mundiais em busca de novos mercados
para a troca de mercadorias e acesso a matérias primas.2 Esse processo social foi
acompanhado pelos desdobramentos da grande crise econômica de 1870, uma crise de
superprodução de mercadorias acompanhada do crescimento da miséria, violência e
falências de várias empresas.
Os desdobramentos da crise de 1870 proporcionaram fundamentos e aspirações
para o desenvolvimento das ideias de Durkheim. Durkheim percebia um futuro incerto da
sociedade capitalista, discordando de concepções otimistas, inclusive do seu velho mestre
Auguste Comte, que uma sociedade das máquinas avançava e por ela a construção da
sociedade mais avançada da história da humanidade. Era um período de intenso debate
expresso em diferentes interpretações sobre a crise. Para alguns, ela era exemplo da
materialização de contradições inconciliáveis que levariam ao colapso de todo o modo de
produção capitalista. Para outros, aos quais Durkheim se inseria, a crise indicava a
necessidade de construção de uma moral coletiva, condição fundamental para a
manutenção da sociedade da forma como ela era.3 As teorias do conflito e do consenso
se chocavam apontando caminhos distintos quanto ao futuro da sociedade.4
Todo este processo de transformações na sociedade capitalista
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