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Ética na História

Por:   •  1/12/2016  •  Artigo  •  4.103 Palavras (17 Páginas)  •  296 Visualizações

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1. INTRODUÇÃO

        A palavra ética deriva do grego éthos, que significa “caráter” ou “costume” e é uma disciplina filosófica responsável pelo estudo dos princípios elaborados pelos humanos, o conjunto de valores e as normas que regem uma sociedade. É importante saber diferenciar ética da moral, que por sua vez origina do latim mos, mor-. Etimologicamente, moral e ética significam a mesma coisa: costumes. Porém, na prática a moral seria as normas das quais são utilizadas como objeto de estudo pela ética.

        Sabe-se que a simples existência da moral não requer a presença da ética. A moral sempre está/esteve acompanhando a humanidade. A ética, por sua vez, nasce quando se questiona os valores, de onde vieram, qual a necessidade e o que eles nos proporcionam.

        A origem da ética é atribuída a Sócrates, que tirava um tempo de seus dias para questionar as pessoas em ruas e praças públicas sobre os valores que as orientavam. Ele levava as pessoas não apenas a pensar sobre qual a necessidade dos costumes, mas também a questionar sobre o caráter de cada um. Assim, Sócrates ficou conhecido como o pai da moral e da ética.

        Esse questionamento sobre os valores esteve presente em todos os tempos históricos, atuando como algo intrínseco na humanidade. Apesar disso, os significados e aplicações da ética sofreu mudanças graduais com o passar do tempo e sobre os diferentes olhares de diversos pensadores que a discutiram. A ética passou a revelar os anseios e problemáticas de cada época, expressando da organização cultural até a política. Por isso, é preciso retornar à Grécia Antiga e analisar em quais pontos converge e diverge o pensamento ético de cada período da História.

2. IDADE ANTIGA: A ÉTICA GREGA

2.1. OS SOFISTAS E A ÉTICA RELATIVISTA

        O relativismo ou subjetivismo é uma doutrina filosófica que defende que não há normas nem saberes que sejam universalmente válidos, recusando os sistemas de valores impostos. Para os sofistas, nenhum valor pode ser analisado se está isolado de outros valores. Ou seja, as coisas e os valores são relativos a outros e a um ou mais sistemas que se completam e nenhuma deles são considerados absolutos.

        Entre as vertentes da Ética Relativista, encontram-se duas principais: o relativismo cognitivo e o relativismo moral. O primeiro tipo se desenvolve no campo do conhecimento lógico e a segunda vertente remete às ações humanas. O ponto de partida da doutrina Relativista é o da variabilidade, que analisa a incompatibilidade das crenças e valores nas distintas partes do planeta.

        O principal sofista que trabalhou o relativismo foi Protágoras de Abdera. Ele começou a desenvolver suas ideias simultaneamente ao desenvolvimento da democracia ateniense, ou seja, as pessoas passavam a participar mais da política, das discussões e podiam opinar sobre diversas coisas. Ele defendia que os valores são relativos a cada um, dependendo de suas disposições. Não se pode saber se há uma norma absoluta, pois cada uma delas tem interpretação livre. Suas ideias receberam muitas críticas, pois se Protágoras defendia que tudo era relativo, até mesmo o enunciado de suas teses também poderiam ser assim consideradas.

        O trabalho de Protágoras foi levado mais a fundo por Górgias de Leontini, outro importante pensador sofista. O mesmo justificava que na verdade não há normas absolutas, pois as mesmas só eram aplicadas dependendo do contexto político. Ou seja, as normas só eram usadas quando havia necessidade e interesse de alguém situado no poder em aplicá-las.

2.2. SÓCRATES E A ESSÊNCIA DO SER

        O pensamento de Sócrates foi o contrário dos sofistas, uma vez que o mesmo afirmava haver um saber universal e válido: a razão. Como as ideias dos sofistas ainda estavam muito em voga na época, seus pensamentos proporcionou certo choque na população. Ao estudar sobre a moral, a principal pergunta de Sócrates sempre era: o que é a essência do ser humano? A razão.  Para ele, o que diferia o ser humano de todos os outros seres vivos era a essência moral, por isso ele sempre aconselhava seus discípulos a praticar o autoconhecimento. O autoconhecimento era, para Sócrates, a base do saber ético.

         A ética Socrática pregava total submissão às leis (diferentemente dos sofistas) e que a moral coletiva devia estar sempre acima da moral individual. O homem enquanto ser político devia zelar pelo respeito absoluto às leis comuns se não a desordem social reinaria.

        A ética seria algo relacionado ao conhecimento e à felicidade. A pessoa que pratica o mal faria isso por ter sido levada a pensar que seus atos errados a levariam à felicidade. Por isso Sócrates frisa tanto a importância do conhecimento. A felicidade não era algo definido através de bens materiais, mas sim espiritualmente.

        Por fim, Sócrates definiu o que é o sujeito moral ou agente ético: é somente aquele que sabe o que faz, conhecendo as causas e os fins de suas ações. Para ele, somente alguém ignorante seria capaz de possuir virtudes, pois quem conhece o “caminho do bem” age seguindo-o.

2.3. PLATÃO E O RACIONALISMO ÉTICO

        Platão deu continuidade ao trabalho de Aristóteles, desenvolvendo o racionalismo ético e aprofundando a diferença entre corpo e alma. Argumentava que o corpo, por ter desejos, desviava o homem de sua moral. Por isso, o corpo precisaria de uma purificação para que o indivíduo alcançasse a Ideia do Bem. Segundo Platão, o homem não conseguiria caminhar à perfeição agindo sozinho, mas sim em sociedade.

        Platão propõe uma ética transcendente, uma vez que a mesma está ligada ao mundo inteligível. As ideias formam a realidade platônica elas que são responsáveis pela diferenciação dos seres humanos de outros animais. Resumidamente, a ética platônica tem como finalidade conduzir o homem à prática do bem.

        Pode-se citar o mito da caverna elaborado pelo filósofo, onde ele narra o quanto que o homem é ignorante ao deixar que o conhecimento das aparências (mundo sensível) o guie. Somente deixando-se levar pelo lado racional (mundo inteligível) o homem passa a desenvolver. Esse desenvolvimento se daria a partir do método dialético, onde o homem eliminaria as aparências e lidaria apenas com essências. No estágio final desse processo o indivíduo alcançaria o conhecimento de Ideia Suprema: o Bem.

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