A Geografia Clássica

Geografia Clássica

A Geografia clássica começa no final do século XIX, com a necessidade de se fragmentar para estar em dia com a contemporaneidade e se tornar ciência, usando da física como modelo de ciência, a geografia vai estar entre as últimas a se tornar de fato ciência, essa modelização acontece primeiro no inorgânico, pela facilidade de introduzir os modelos matemáticos nessa área, já não área Humana acontece tardiamente graças à espera de algum modelo matemático que de conta dos fenômenos ligados ao homem.

Esse processo de modelização das ciências é a causa de muitos problemas enfrentados por pensadores da época, pois a modelização matemática não consegue êxito em se firmar na esfera do humano, e com muita dificuldade consegue se firmar na esfera do inorgânico.

Kant é o pensador primário dessa fase da geografia, e assim seu projeto vai se sucedendo nos filósofos subsequentes, sem maiores efeitos, causando assim um “falecimento” do modelo de ciência moderna na época.

A solução vem com os neokantianos, que fazem uma divisão da geografia em duas linhas de pensamento distintas, as Ciências Naturais com a matemática para a esfera do tratamento cientifico da natureza, e as Ciências Humanas com o institucional para a esfera do tratamento científico do homem, assim na virada do século XIX-XX nascem a Geografia física e a Geografia Humana.

A Geografia Física tem como modelo a física newtoniana, e seu elenco é a Geomorfologia, fronteira da geologia e física clássica, com o tempo vai sendo classificada como ciência que estuda as formas do relevo terrestre, e as formas e escalas do tempo. A Climatologia, um mix de meteorologia e matemática, estudando as formas de projetamento dos fenômenos meteorológicos na terra, e ainda cuidando do clima e seu mapeamento. E a Biogeografia estuda e mapeia as formas de vegetação na superfície terrestre, estudando a interação do clima com o solo.

Já a Geografia Humana surge com a Sociologia e a Antropologia, que é equivalente a modelização matemática no padrão de modelização da ciência, seu elenco é formado pela Geografia agraria com a descrição do mapa nas formas das relações agrarias, a Geografia urbana estuda as paisagens e formas urbanas, que com o tempo vai evoluindo para uma linha de raciocínio em um mix de Sociologia, Politologia e Economia, estudando e analisando as hierarquias das cidades em suas relações de mercado. A Geografia econômica que tem como base de estudos os mapas de outras duas geografias, situação similar à da climatologia na geografia física.

Entretanto essa solução para a modelização da Geografia só vai dar certo na Geografia física, o modelito institucional da Sociologia-Antropologia não consegue grande sucesso na aplicação da Geografia Humana.

Três formalizações vão se estabelecer como formato de discurso na Geografia clássica enquanto ciência moderna:

1- Ampliação e consolidação das formas setoriais.

2- A união das geografias setoriais e da natureza na Geografia física, e reunindo os setores de estudos do homem na Geografia Humana.

3- O surgimento das alternativas unitárias com a criação da Geografia regional e a Geografia da civilização.

Porém o discurso mais conhecido da Geografia Clássica é o da Geografia Regional, que é o discurso que obtém melhores resultados, e o da Geografia da relação Homem-Meio, também designada Geografia da Civilização, que é uma criação de Paul Vidal e dos geógrafos franceses que vem seguindo suas ideias.

Apesar de todos os esforços dos neokantianos a Geografia clássica mesmo com sua fragmentação em Geografia física e humana, não oferecem nenhuma referência de teoria ou método.

Principais Autores:

Elisée Reclus (1830-1905)

Reclus nasce em um ambiente protestante, preparado pela família para ser pastor, torna-se republicano radical em uma época em que a França era monarquista e conservadora, e mais adiante aderindo os ideais anarquistas, exilado diversas vezes por seus ideais, e por sempre se posicionar fortemente contra o Estado, começa a escrever guias de excursão para turistas, logo ele chama a atenção dos editores da Hachete, uma das editoras mais importantes da época, seguindo da criação de seus principais livros.

1- A Terra de 1869, primeiro da trilogia e ira inspirar os estudos do quadro físico do planeta, Reclus apresenta pela primeira vez seu modo de ver a Geografia e a natureza.

2- A Nova geografia universal, obra de 19 volumes publicada entre 1875 e 1894, dá prosseguimento A Terra, trazendo sua vista libertaria da natureza e do homem agora para o plano espacial das ações humanas.

3- O homem e a terra, obra de 6 volumes publicada entre 1905 e 1908, é um livro com o mesmo tema do homem em relação ao seu todo na vida, mas visto de uma perspectiva do tempo e do espaço, é nessa obra que Reclus mostra sua confiança no liberalismo, demonstrando o anarquismo e o liberalismo sua forma de ver a Geografia.

Paul Vidal de La Blanche (1845-1918)

Historiador de formação, Paul Vidal de La Blanche é convocado pelo governo francês após a derrota na guerra franco-prussiana, que a Alemanha obtém uma vantagem suficiente para conseguir a vitória graças a sua geografia, ele recebe a oportunidade de ser o primeiro professor de geografia universitária na França. Vidal tem ideais possibilistas, que contrariam o possibilismo de Ratzel, em 1899 assuem a cadeira de Geografia na Sorbone e assim inicia a sua produção dos seus principais livros.

1- Quadro da geografia da França (1903)

2- A França de Leste (1917)

3- Princípios da geografia humana (1922)

4- Os gêneros de vida na geografia (1911)

Nas primeiras Três obras podemos observar que La Blanche segue uma diversidade de linhas de pensamentos, na primeira obra podemos observar um pensamento da Geografia Regional, e na terceira mais puxado para a Geografia da Civilização, já na quarta obra temos uma obra de suma importância para a geografia de Vidal, pois ele apresenta toda sua visão de Geografia, e servira de referência para seus discípulos.

Jean Brunhes (1869-1940)

Autor de diversos trabalhos na área da Geografia na França e nas regiões semiáridas do mediterrâneo, Brunhes é muito conhecido por sua obra Geografia humana, publicada em paris em 1921, em três volumes