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A Geografia do Brasil

Por:   •  20/4/2019  •  Trabalho acadêmico  •  2.040 Palavras (9 Páginas)  •  222 Visualizações

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A história do território brasileiro é, um só tempo, uma e diversa, pois é também a soma e a síntese das histórias de suas regiões. Para entendê-la no seu processo e na sua realidade atual, um esforço de periodização é essencial.  (pág. 23)

O trabalho se complica porque o espaço acumula defasagens e superposições de divisões do trabalho – sociais e territoriais. (pag. 23)

A questão é escolher as variáveis-chave que, em cada pedaço do tempo, irão comandar o sistema de variáveis, esse sistema de eventos que denominamos período. (pag.23)

Períodos são pedaços de tempo definidos por características que interagem e asseguram o movimento do todo. Mas essa interação se faz segundo um controle que assegura uma reprodução ordenada das características gerais, isto é, segundo uma organização. (pag 24)

A base das periodizações não é construída apenas pelas relações sociais (Rebeca Scherer, 1987). Estas não bastam como dado explicativo, porque não se dão num vácuo. É preciso então, pensar paralelamente as técnicas como formas de fazer e de regular a vida, mas ao mesmo tempo como cristalização em objetos geográficos, pois estes também têm um papel de controle devido ao seu tempo próprio, que modula os demais tempos. (p.24)

Sobretudo entre os economistas e historiadores, a industrialização desponta como fundamento de uma boa parte das periodizações. Um autor como Mircea Buescu (1985, pp 94-95) delimita quadro períodos para descrever os surtos industriais no país, a partir do comportamento do poder público e dos capitais estrangeiros: a) 1903-1913; b) 1920-1929: bom comportamento do  setor externo, capacidade de importar, entrada de capitais estrangeiros, reduzida atividade investidora  do governo; c) 1933- 1939: retração do comércio internacional, o governo não investe  muito, mas fomenta por meio do crédito especializado; d) 1946-1961: substituição de importações e processo de industrialização intensiva, ampliação do planejamento econômico. (p.24)

Levando em conta variáveis como a ação do Estado, a indústria, a agricultura e a urbanização, José Carlos Pereira (1984) assinala alguns períodos: a industrialização brasileira até a Segunda Guerra Mundial, a do pós-guerra até a crise 1963-1965 e a passagem do desenvolvimento nacional ao desenvolvimento excludente. (p.25)

A fase de eclosão do mercado capitalista moderno é, na verdade, uma fase de transição neocolonial. (p26)

A fase de formação e expansão do capitalismo competitivo se caracteriza pela consolidação e disseminação desse mercado e por seu funcionamento como fator de diferenciação do sistema econômico. (p. 26)

A fase de irrupção do capitalismo monopolista se caracteriza pela reorganização do mercado e do sistema de produção, por meio das operações comerciais, financeiras e industriais da “grande corporação” (predominantemente estrangeira, mas também estatal ou mista). (p.26)

(...) Nestor Goulart Reis Filho (1968, p.16), quando ele critica as tentativas, ate então feitas, de generalizar a história urbana do Brasil sem distinguir etapas no desenvolvimento brasileiro ou diversidades regionais, constituindo “um excesso de unidade para séculos de história, e em território tão vasto, com atividades econômicas tão diversas, como o foram a agroindústria do açúcar, o bandeirismo, a pecuária extensiva e a mineração”. (p26)

A busca de uma periodização do território brasileiro é um partido essencial para um projeto ambicioso: fazer falar a nação pelo território. (p.27)

Assim, ao longo da história da organização do território brasileiro, três grandes momentos poderiam, grosso modo, ser identificados: os meios “naturais”, os meios técnicos e o meio técnico-cientifico-informacional. (p27)

Primeiro período é marcado pelos tempos lentos da natureza  comandando as ações humanas de diversos grupos indígenas e pela instalação dos europeus, empenhados  todos, cada qual a seu modo, em amansar esses ritmos. (p27)

Uma segunda grande fase é a dos diversos meios técnicos, que gradualmente buscam atenuar o império da natureza. A mecanização seletiva desse verdadeiro conjunto de “ilhas” que era o território exige que se identifiquem subperíodo. (p27)

O terceiro grande período é a construção e a difusão do meio técnico-científico-informacional. (p28)

Os pedaços da crosta terrestre utilizados pelos grupos humanos para desenvolve sua base material nos primórdios da história constituem o que estamos chamando de meio natural (ou pré-técnico?). Todavia a presença do homem já atribui um valor as coisas, que, assim, passam a conter um dado social. (p.28)

(...) A natureza diversifica-se e se faz outra porque mudam seus elementos e ela própria como um todo. Analogamente, o movimento da sociedade e a transformação dos conteúdos e funções dos lugares podem ser entendidos pelas sucessivas divisões territoriais do trabalho (M. Santos, 1996, p.105). A produção em cada lugar é o motor do processo, porque transforma as relações do todo e cria novas vinculações entre as áreas. (p.30)

 O período técnico testemunha a emergência do espaço mecanizado. São a logicas e os tempos humanos impondo-se á natureza, situações em que as possibilidades técnica presentes denotam os conflitos resultantes da emergência de sucessivos meios geográficos, todos incompletamente realizados, todos incompletamente difundidos. (p.31)

No primeiro podemos falar do território brasileiro como um arquipélago, contendo um subsistema que seria o arquipélago mecanizado, isto é, o conjunto de manchas ou pontos do território onde se realiza uma produção mecanizada. (p.31)

Depois, a própria circulação se mecaniza e a industrialização se manifesta. É somente num terceiro momento que esses pontos e machas são ligados pelas extensões das ferrovias e pela implantação de rodovias nacionais, criando-se as bases para uma integração do mercado e do território. (p.31)

Em um primeiro momento, as aglomerações resultam da instalação dos serviços de governo (Mauricio de A. Abreu, 1997), começando pela a fiscalização das atividades rentáveis tanto na agricultura como na mineração. (p.30)

O desenvolvimento urbano era uma consequência imediata da combinação de dois fatores principais: a localização do poder político-administrativo e a centralização correspondente dos agentes e das atividades econômicas. (p.31-32)

(...) Os engenhos constituíram uma manifestação precoce da mecanização. Foi a principal razão da importância de Salvador e Recife no começo da época colonial (...). (p.32)

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