ABORDAGEM GEOPOLÍTICA SOBRE O MAR CÁSPIO À LUZ DAS TEORIAS DE RATZEL, MAHAN E MACKINDER
Por: Emilly Valle • 29/9/2020 • Relatório de pesquisa • 1.914 Palavras (8 Páginas) • 226 Visualizações
ABORDAGEM GEOPOLÍTICA SOBRE O MAR CÁSPIO À LUZ DAS TEORIAS DE RATZEL, MAHAN E MACKINDER
O objetivo deste trabalho é demonstrar a importância estratégica da região do Mar Cáspio para a Geopolítica e as relações internacionais globais.
A região do Mar Cáspio sempre foi alvo de interesse geopolítico, seja por sua localização no coração da Eurásia, seja por seus recursos energéticos (hidrocarbonetos).
Atualmente, o Mar Cáspio é objeto de disputa, não só pelos países fronteiriços – Rússia, Cazaquistão e Turcomenistão (Ásia Central), Azerbaijão (Cáucaso) e Irã (Oriente Médio) –, mas também por outros países da região, como o Uzbequistão, além da China e EUA. Dada a potencialidade do conflito de interesses nessa região, recorre-se ao auxílio da Geografia e da Geopolítica para a análise das intrincadas relações internacionais entre os atores envolvidos.
A metodologia utilizada será a análise da produção científica e reportagens sobre o Cáspio à luz das teorias de Ratzel, Mahan e Mackinder.
O Mar Cáspio, na verdade, é um lago, o maior lago de água salgada do mundo, com uma área aproximada de 371 mil Km². É denominado mar devido ao teor de salinidade presente em suas águas, quase igual ao das águas dos mares. Está localizado na região continental conhecida como Eurásia (Europa e Ásia).
O Mar Cáspio banha cinco países: Rússia, Azerbaijão, Turcomenistão, Cazaquistão e Irã. Possui cerca de 130 afluentes, destacando-se o rio Volga, o mais extenso da Europa, com 3.688 km. Além do Volga, destacam-se os rios Ural, Terek, Sulak e Kura.
A relevância da região se constrói devido ao grande potencial energético que apresenta, proveniente de seus recursos de hidrocarbonetos – petróleo e gás natural. A região também já teve destaque pela produção de caviar, a qual foi interrompida em 2015, pela suspensão da pesca
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¹ Graduanda do curso de Ciências Sociais do Instituto de Ciências Sociais da PUC-MG
² Graduanda do curso de Ciências Sociais do Instituto de Ciências Sociais da PUC-MG
³ Graduanda do curso de Geografia do Instituto de Ciências Humanas da PUC-MG
do esturjão, uma vez que a exploração desenfreada alterou significativamente a sobrevivência dessa espécie. O Cáspio, se comparado a outras regiões, não tem um potencial de reservas de hidrocarbonetos tão considerável quanto o Oriente Médio, por exemplo, mas grandes potências se interessam pela área, especialmente a Rússia, os EUA e a China. A região do Cáspio abrange, além dos países limítrofes, os países que integravam a extinta URSS, como o Uzbequitão, Quirquistão, Tajiquistão, Geórgia e Armênia, o que potencializa não só a disponibilidade de recursos em terra e mar, como a instabilidade política na região.
Durante o período da Guerra Fria, o mundo ocidental não tinha acesso à região do Cáspio, tendo em vista que a mesma se encontrava sob o domínio da URSS e, anteriormente, do Império russo. A partir da década de 1990, com o fim da Guerra Fria, os EUA passam a se interessar pela exploração dos recursos do Mar Cáspio, razão pela qual a Rússia tenta impor o seu antigo domínio, enquanto a China demonstra também seu interesse na região.
Para compreender a razão de tanto interesse pela região, é necessário recorrer aos teóricos da Geopolítica. Para Ratzel, uma sociedade que não se expande e se move, no sentido de ampliar o seu espaço e conquistar novos territórios, tende a definhar. A ideia de movimento e de luta pelo espaço em Ratzel, na verdade, tem origem no darwinismo social, que ele defende, e que está intimamente ligado às ideias de: evolução, povos naturais e povos de cultura, hierarquia entre os povos, racismo, imperialismo, colonização e espaço vital. Para Ratzel, os estados que expandiram seu território e colonizaram outros povos demonstraram sua força, sua superioridade e elevação. A busca da ampliação de fronteiras é natural em um estado evoluído, uma vez que ele precisa ampliar seu espaço para preservar sua vitalidade e dinamismo (1994, p. 1-7).
Um dos argumentos utilizados para justificar a presença das grandes potências na região do Cáspio tem sido o de que a instabilidade política gera fragilidade para os países envolvidos e um vácuo de poder que justificaria a interferência de países como os EUA, a Rússia e a China, países em condições de soluciornarem os problemas da região (2018, p. 265). Com base na teoria de Ratzel, é possível identificar nesse argumento as ideias de hierarquia entre os povos, racismo, imperialismo, colonização, movimento, ampliação do espaço vital.
Com base na teoria de Mahan, o interesse pela região do Cáspio se justifica em razão dos conceitos de fluxos, poderio marítimo, pontos de apoio, poder estratégico. Para ele os oceanos e mares constituem um vasto espaço social e político (COSTA, 1992, p.70), em que a posição geográfica é um dos pontos importantes na configuração do poder marítimo, tanto quanto seus recursos, sejam eles físicos ou naturais. Pontuando que são importantes três elementos para a real configuração do poder marítimo, sendo eles: produção; navegação (troca); colônias (COSTA, 1992, p.72). Sobre o Mar Cáspio isso é notadamente perceptivo, pois a potencialidade de recursos é grande e de interesse comercial de outros países, mas é justamente sobre esse potencial e a necessidade de expansão do poder marítimo para facilitação das navegações e do abastecimento dos países da UE e tanto quanto a China, Rússia e EUA interessadas sobre a potencialidade do Cáspio. A disputa que existe sobre a região não se desenvolve somente pela questão de produção e comércio, pontos importantes levantados por Mahan, mas pelo poder estratégico que a área dispõe. O interesse dos países em expandir seu domínio sobre o mundo, para estabelecer poder, é o que move o grande jogo no Cáspio, das grandes potências buscando o domínio do mar, articulando seu poder estratégico, assim construindo seus pontos de apoio, intensificando sua potência marítima. De acordo com Mahan, o espaço marítimo permite a circulação em todas as direções, mas também conta com o fator de dispor os fluxos e a posição dos continentes e portos pelas rotas comerciais - trade routes. Assim também, compreendemos mais o devido interesse sobre a região do Cáspio. (COSTA, 1992, p.70).
Com base na teoria de Mackinder, a análise do interesse das grandes potências pelo Cáspio (como região),
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