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BRICS

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Por:   •  9/11/2014  •  Artigo  •  2.325 Palavras (10 Páginas)  •  224 Visualizações

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Adriana Nicácio

Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul têm atuado para deixar as diferenças de lado e organizar suas agendas em torno de novas soluções que garantam crescimento e melhorias para todos. Uma delas é a criação de um banco de desenvolvimento para financiar projetos de infraestrutura nos países emergentes. Em julho, os chefes de Estado voltam a se reunir na VI Cúpula dos BRICS, em Fortaleza. Em março, intelectuais dos cinco países se encontram no Foro Acadêmico e no Conselho de Think Tanks, coordenado pelo Ipea. O Brasil vai contribuir com uma agenda ambiental e com as experiências de redução da desigualdade social

A foto dos líderes dos BRICS, lado a lado, dá a exata dimensão da diversidade desse grupo. Uma mulher, um sikh, um russo de olhos azuis, um chinês e um negro. Em nada esses países emergentes se parecem. Se a economia da China cresce acima de 7%, mesmo numa época de desaceleração, o Brasil precisa se desdobrar para não ficar abaixo dos 2%. Em compensação, enquanto o Brasil é protagonista do mais bem-sucedido programa de inclusão social do mundo, a China amarga índices de crescimento de desigualdade cada vez mais preocupantes. Os cinco países estão em estágios de desenvolvimento tecnológico diferentes, têm posições opostas quanto ao uso dos recursos naturais e discordam em pontos-chaves da democracia e do poder militar. Mas sua força emergente nos fóruns internacionais os mantém unidos. O grupo talvez nunca venha a atuar como uma orquestra harmônica, ou mesmo um singelo quinteto de cordas. Contudo, cada qual já começa a tocar seu melhor instrumento, juntos. Logo poderão estar sintonizados na mesma música.

É nesse sentido que os BRICS caminham. Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul decidiram recentemente desenvolver uma base de dados comum para trocar informações. Será o primeiro passo em direção ao Banco de Desenvolvimento do grupo, que deverá ter capital inicial de US$ 50 bilhões, divididos igualmente entre eles, para financiar projetos de infraestrutura dos países emergentes. O banco poderá ser a peça do quebra-cabeça que dará aos BRICS mais entrosamento.

Quando for efetivamente criado – e as expectativas são para o curto prazo –, o Banco de Desenvolvimento dos BRICS servirá para garantir a liquidez dos países membros, dar suporte financeiro em tempos de crise, tanto para seus membros quanto para países menos desenvolvidos, e, até mesmo, financiar projetos de infraestrutura na África. Até pelas diferenças entre eles, o projeto ainda busca o consenso para se tornar operacional. Mas, ao sair da coxia, mostrará ao mundo que os BRICS têm capacidade real de construir e que formam uma união em busca de harmonia para provocar a reforma necessária na arquitetura econômica mundial.

Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

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No último encontro do grupo, os líderes dos cinco países debateram parcerias para o desenvolvimento, integração e industrialização

Em março de 2014, no Rio de Janeiro, intelectuais dos cinco países se reúnem no Foro Acadêmico e no Conselho de Think Tanks dos BRICS, coordenado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) no lado brasileiro. Think Tankssão organizações que produzem e difundem conhecimentos sobre assuntos estratégicos com o objetivo de influenciar transformações sociais, políticas, econômicas e científicas. Essa reunião ocorrerá meses antes do encontro dos chefes de Estado dos BRICS, previsto para o mês de julho, em Fortaleza (Ceará).

Foto: Ary Quintella/SAE

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Marcelo Neri e Ai Ping, vice-ministro do Departamento Internacional do PC chinês: encontros para preparar o Foro Acadêmico e o Conselho de Think Tanks dos BRICS, marcados para março de 2014, no Rio de Janeiro

Ocorre que os BRICS só vão se beneficiar da força que representa esse grupo se aprenderem com suas desigualdades. Não adianta focar nos desacordos, o importante é jogar luz nos interesses em comum e estabelecer horizontes a compartilhar. Eles já perceberam seu desafio.

Em dezembro, o ministro-chefe interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) e presidente do Ipea, Marcelo Neri, participou da II Reunião de Altos Representantes Responsáveis pelos Temas de Segurança dos BRICS em Cidade do Cabo, na África do Sul. Acompanhado por representantes do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e do Ministério das Relações Exteriores (MRE) na comitiva brasileira, Neri discutiu meios de cooperação, inclusive no campo cibernético, em que o país defende um avanço da proteção internacional a direitos humanos. O ministro, que morou por dois anos na África do Sul durante o apartheid, visitou a cela onde Nelson Mandela esteve preso e, poucas horas depois, foi surpreendido com o anúncio ao mundo de sua morte. “Sua liderança possibilitou a transição surpreendentemente pacífica dos filhos deste solo. Hoje, a África do Sul, tal como o Brasil, pode não ser ainda uma superpotência econômica, mas é, sem dúvida, uma potência do poder suave”, declarou Neri na ocasião.

Essa força no campo das ideias foi destacada pelo ministro também ao reunir-se com o vice-ministro do Departamento Internacional do Partido Comunista e diretor-executivo do Centro de Estudos Mundiais Contemporâneos da China, Ai Ping, para tratar dos eventos de março. Afinal, o interesse pelas inovações brasileiras no campo social fez Neri, como pesquisador da área, ser convidado a apresentá-las em cada um dos BRICS desde que o grupo foi criado.

No meio das conversas, a pergunta que sempre surgiu foi: o que ocorre com o Brasil? Como consegue desenvolver seu mercado interno e reduzir desigualdades? “O crescimento da China e da Índia é muito maior do que o nosso. Mas a qualidade do crescimento brasileiro é melhor, na medida em que temos um crescimento mais equitativo, que beneficia mais intensamente a população mais pobre”, diz Neri.

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Na última década, enquanto o Brasil reduziu seu alto índice de desigualdade, o indicador piorou nos outros quatro países do grupo, inclusive na África do Sul, que tem a pior taxa.

Estudos internacionais já mostram que o Brasil descolou dos BRICS na redução da desigualdade e no combate à miséria. Segundo o novo Índice de Progresso Social, criado pela Harvard Business School, o Brasil é o que mais avança socialmente

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