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Contexto geológico e geotectônico da área PAM Província Mantiqueira meridional

Por:   •  5/12/2016  •  Monografia  •  2.974 Palavras (12 Páginas)  •  379 Visualizações

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                       Contexto geológico e geotectônico da área PAM

        Província Mantiqueira meridional

 

        No sul do Brasil a Província Mantiqueira é um mosaico de terrenos agregados durante a colagem brasiliana (Fragoso-César et al. 1982, Basei 1985). São áreas pré-cambrianas do estado do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina denominado por Almeida et. al. (1977) da Província Mantiqueira Meridional. Diversos autores, devido a similaridade das associações de rochas, traços geotectônicos que tem uma extensão desde Santa Catarina até o Escudo Uruguaio, a trata como uma área contínua. (Hasui et al. 1975; Fragoso Cesar 1980; Jost e Hartmann 1984; Fragoso Cesar et al. 1986, 1990; Basei 1985, 1990; Basei e Hawkesworth 1993; Basei et al. 2000, 2005 e 2008; Fernandes et al. 1992; Bitencourt e Nardi (1993, 2000); Chemale et al. 1995, 2003; Silva et al. 1999, 2000, 2003, 2005). Porém tem conotações distintas como Cinturão Dom Feliciano ; Batólito de Pelotas (RS), Batólito Florianópolis (SC) e Batólito Aiguá (URU).

        A compartimentação da porção sul da Província Mantiqueira, designada por Fragoso Cesar (1980) e desenvolvida por Basei (1985) no Escudo Catarinense, Envolve duas unidades tectônicas principais: o Cráton Rio de la Plata (ou Cratón Luis Alves, Kaul 1980) e o Cinturão Dom Feliciano. O Cinturão Dom Feliciano é uma unidade geotectônica do Proterozóico Superior, caracterizada por metamorfismo, deformação e retrabalhamento de rochas de terrenos mais antigos durante o Ciclo Brasiliano. O Cráton Rio de la Plata envolveria o Complexo Granulitico de Santa Catarina, não afetados pela superposição termo-tectônica brasiliana servindo de antepaís para evolução do Cinturão Dom Feliciano durante o Proterozóico Superior. O Escudo Catarinense seria resultado da tectônica do Ciclo Brasiliano, que teria dado formas finais a geometria do cinturão, gerando ou retrabalhando as rochas pré-existentes.

No estado de Santa Catarina o cinturão é compartimentado por Basei (1985) em três Domínios tectônicos: Domínio Externo, Domínio Intermediário e Domínio Interno. Afim de facilitar a compartimentação, adotou-se mesma compartimentação de forma mais descritiva de Florisbal (2011).

        O Escudo Catarinense é aqui compartimentado em três domínios tectônicos limitados por grandes zonas de cisalhamento. O Domínio Norte compreende as unidades paleoproterozóicas do Complexo Granulítico Santa Catarina e neoproterozóicas das Bacias do Itajaí e Campo Alegre. Este domínio é limitado a sul pela Zona de Cisalhamento Itajaí-Perimbó(Silva et al., 1991). Domínio Central limitado a norte pela Zona de Cisalhamento Itajaí-Perimbó e a sul pela Zona de Cisalhamento Major Gercindo, é composto pelas rochas metassedimentares do Complexo Brusque e pelo Complexo Camboriú, além de ocorrências de rochas graníticas como granito Itapema, Corre-mar, Rio Pequeno, Serra dos Macacos, entre outros. E Domínio Sul que abrange rochas graníticas de idade neoproterozóica do Batólito Florianópolis com algumas porções do embasamento de idade paleoproterozóica que compõem o Complexo Águas Mornas.

A seguir só são apresentadas as unidades que compõem o Domínio Sul devido a área em estudo só abranger tal domínio.

Domínio Sul

        O Domínio Sul do Escudo Catarinense distribui-se desde o litoral até a Zona de Cisalhamento Major Gercindo(ZCMG). A ZCMG separa as rochas supracrustais do Complexo Metamórfico Brusque das rochas graníticas a sul desta estrutura. As unidades que compõem o domínio são rochas graníticas neoproterozóicas do Batólito de Florianópolis e mais antigas do Complexo Águas Mornas. Segundo (Bitencourt e Nardi, 2000) o domínio é composto por ortognaisse e grande volume de granitóides, precoce ou tardios em relação a eventos tectônicos abrangentes, de natureza tangencial ou transcorrente com um volume menos expressivo de intrusões básicas e/ou máficas, as quais frequentemente apresentam uma vinculação com o magmatismo ácido. Intrusões graníticas e básicas desvinculadas de eventos deformacionais são descrita na literatura como “intrusões tardias” ou “granitos pôs-tectônicos. Embora diversos trabalhos de mapeamento geológico básico com foco em relações estratigráficas e estruturais em diversas unidades do Escudo Catarinense, além de trabalhos de caracterização geoquímica, tenham sido realizados como os de Bitencourt (1986), UFRGS (1999 e 2000), Bitencourt et al., (2008), Philipp et al. (2004, 2010), Florisbal (2007), Passarelli et al. (2010), ainda não se tem uma boa estratigrafia dos granitos devido trabalhos de estudos de escala e abordagem regionais ou de detalhe que não buscam compreensão e integração dos dados gerados nas diversas escalas. Dados de literatura são muitas vezes conflitantes (e.g. Fernandes et al. 1992; Basei 1985, 1990; Basei et al., 2000, 2005, 2008; Chemale et al. (1995, 2003); Silva (1999, 2000, 2002, 2003, 2005); Florisbal 2007; Florisbal et al., 2009; Passarelli et al. (1996, 2010). Ocassionando conflituosas construções e concepções sobre a evolução do Pré-Cambriano no sul do Brasil.

        A seguir são descrita as duas unidades do domínio sul separando as litologias e descrevendo-as.

        Complexo Águas Mornas abrange rochas granito-gnáissicas migmatíticas paleo- a neoproterozóicas Silva et al. (2000, 2005). A compartimentação do CAM segundo Silva et al. (2005) em:(i) restos de ortognaisses tonalíticos (G1) e anfibolitos com idades não determinadas; (ii) intercalações de granitóides de granulação grossa foliados (monzogranitos anatéticos) (G2) intrusivos na fase G1, com idades de herança de ca. 2175±13 Ma; (iii) os granitóides da fase G2 mostram intenso retrabalhamento a ca. 590 Ma (Silva et al. 2000), possivelmente relacionado à refusão parcial, durante a colocação do Batólito Florianópolis, representado por intrusões graníticas tardias (G3). A idade de 592 ±5 Ma obtida nas bordas de zircões por U-Pb SHRIMP (Silva et al., 2005) é interpretada como a idade de migmatização do CAM.

Autores como Silva et al, (2005), com base em dados U-Pb SHRIMP em zircão estes autores apontam para a consistência dos mesmos com a caracterização do magmatismo do Batólito Florianópolis como dominantemente de arco magmático continental maturo com reciclagem de crosta continental. O Complexo Águas Mornas é intepretado por estes autores como inliers do embasamento dentro do Batólito Florianópolis. Já em Basei et al. (2000), denomina como Águas Mornas uma Suíte que compõem o Batólito Florianópolis.

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