Documentário Fracassos antrópicos

Fracassos antrópicos

O documentário “Entre Rios” aborda a temática dos processos e reflexos da urbanização da cidade de São Paulo, neste, destaca-se os rios como a base física da cidade. Durante 300 anos a vila de SP só existiu por conta dos rios, embora atualmente a maioria nem note a presença dos mesmos e a sua importância. O documentário nos mostra o desmatamento das várzeas da metrópole, a alteração dos cursos de seus rios, modificando suas margens, gerando interesse imobiliário de transformar São Paulo semelhante às cidades europeias, causando assim, impactos na natureza, poluição, enchentes, nos fazendo recordar as aulas de geografia.

A cidade de São Paulo desenvolveu-se a partir dos rios Tietê e Tamanduateí, sendo assim, a base física da futura metrópole, teoricamente denominada sítio urbano. É ressaltado no documentário que São Paulo foi estrategicamente planejado para atender os interesses da elite paulistana e dos agentes sociais. A formação da atual cidade global paulistana começou a partir da expansão da baixada fluminense e do vale do Rio Paraíba, que atravessava as províncias do Rio de Janeiro e São Paulo, gerando muita influência nos mercados consumidores da Europa e dos EUA, atualmente ela é uma cidade classificada como Beta entre as mais de 50 cidades globais existentes. Com o início do uso de transporte individual (carros) surgiu a necessidade de construir estradas, começando assim o processo de formação da rede urbana da cidade, os rios foram retificados e canalizados. As águas passaram a correr por baixo das grandes rodovias. O Rio Tamanduateí é hoje o canal que passa ao lado do Mercado Municipal, no Centro. Com os carros vieram a cultura dos prédios, da impermeabilização, da concentração de pessoas, com graves consequências, e de difícil reversão, para a cidade de São Paulo.

O crescimento da cidade foi fruto do planejamento estatal aliado ao empresariado, para extrair riqueza do meio urbano e fazer de São Paulo uma autêntica cidade de propriedades privadas e automóveis, por conta disso os rios da cidade foram degradados, enterrados vivos e transformados em esgoto pelas atividades antrópicas. A situação dos rios atualmente é de total descaso, estando extremamente poluídos, com suas áreas e volumes diminuídas e suas margens e curvas modificadas, se tornando em rios retos e canalizados.

Concluindo, o documentário mostra como a metrópole foi planejada em virtude do desenvolvimento urbano, sendo uma sucessão de fracassos dadas pelas mudanças forçadas no meio ambiente urbano o que reflete até hoje na cidade nos tempos de chuva, chamando muita atenção quando a prof. Odete Seabra, do departamento de geografia da FFLCH – USP diz:

“A urbanização de São Paulo foi uma coisa tão violenta que ocupou o lugar do rio. Então as enchentes são coisas que inventamos, é produto da urbanização” (Seabra, Odete).