GRUPO DE AGROECOLOGIA GEOFLORESTA: A PRÁXIS AGROECOLÓGICA NA FACULDADE DE EDUCAÇÃO DA BAIXADA FLUMINENSE - CAMPUS DA UERJ.
Por: arielvk • 4/7/2017 • Artigo • 3.598 Palavras (15 Páginas) • 363 Visualizações
GRUPO DE AGROECOLOGIA GEOFLORESTA: A PRÁXIS AGROECOLÓGICA NA FACULDADE DE EDUCAÇÃO DA BAIXADA FLUMINENSE - CAMPUS DA UERJ.
João Gabriel Chiaratti Cabral -UERJ [1]
Cibelly Alves Gemmal -UERJ [2]
Diego Guimarães Riqueza -UERJ[3]
Ariel Faria do Nascimento -UERJ[4]
Gabriel de Souza Peixoto -UERJ[5]
Resumo
Este artigo tem como objetivo expor a experiência do grupo de estudos e práticas agroecológicas geoflorestais. O geofloresta surgiu em 2013 a partir da organização de estudantes de Geografia da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense, campus da UERJ, com o apoio de professores e estudantes de outros cursos. A Agroecologia é a prática da agricultura através da combinação de técnicas de manejos florestais e técnicas agrícolas e sua práxis pode contribuir de maneira significativa na formação de professores. Na Geografia, o nosso objeto de estudo é o espaço geográfico, que pode ser definido como o conteúdo social do espaço - troca metabólica que o homem e a natureza estabelecem entre si (Moreira, 2012). O grupo tem como objetivo o estudo de textos relacionados a essa temática, e o manejo do Sistema Agroflorestal (SAF) Geofloresta, situado na Faculdade de Educação da Baixada Fluminense. O manejo é feito pelos alunos e/ou através de mutirões contando as vezes com a participação da comunidade do entorno do campus. Já foram realizadas algumas oficinas com crianças, o que despertou o interesse no tema do ensino de Geografia. A proposta resultou na elaboração de um projeto de extensão voltado para a Agroecologia aplicada ao ensino de Geografia.
Palavras-chave: Agroecologia; Sociedade; natureza.
1.0 Introdução:
A vida em sociedade é uma ação política visto que necessariamente é uma ação coletiva, onde depende da cooperação entre indivíduos. A forma de organização e a divisão do trabalho e do produto do trabalho entre homens e mulheres é a estrutura política dessa sociedade, ou seja, o modo de produção. A produção e a distribuição de alimentos assim como a relação e o acesso à terra na sociedade está a essa organização. Hoje essa organização é o modo de produção capitalista. (MARX, Karl. 1818-1883).
Partimos da premissa que cada sociedade organiza suas relações sociais através do seu modo de produção assim cada sociedade produz o seu espaço. A partir da década de 1970, com Terceira Revolução Industrial, a globalização, processo de internacionalização do mundo capitalista, atingiu patamares nunca alcançados antes na história. O mundo então avança em múltiplas velocidades que sugerem ao mesmo tempo união e fragmentação, ordem e desordem. A sociedade de nosso tempo está imersa numa rede de valores individualistas e consumistas, em que as desigualdades, a exclusão e segregação acentuam-se. (HAESBAERT, PORTO-GONÇALVES, 2006). Sendo um espaço um produto social, essas desigualdades, exclusões e segregações podem ser entendidas como socioespacias.
Diante deste contexto, alunos do curso de Geografia da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense – unidade da UERJ na cidade de Duque de Caxias se organizaram em um grupo de estudos e práticas agroecológicas, o Geofloresta, na tentativa de construir uma nova relação homem-meio.
2.0 Breve histórico do Grupo de Agroecologia Geofloresta.
O Geofloresta é um grupo de estudos e práticas agroecológicas. O grupo surgiu a partir de uma antiga ideia dos alunos do Centro Acadêmico Sueli do Nascimento de Geografia da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense, campus da UERJ.
Para entendermos como o grupo surgiu, é preciso primeiramente falar sobre a FEBF. O campus localiza-se atualmente na Vila São Luís, bairro da cidade Duque de Caxias, integrante da região conhecia como Baixada Fluminense. Como afirma Machado, 2010, a história desse campus é marcada inicialmente por uma série de lutas envolvendo professores, alunos e a comunidade para a incorporação dessa faculdade à UERJ. Logo, destacamos que:
A FEBF surgiu na década de 60, a partir da criação de uma Faculdade no Instituto de Educação Governador Roberto Silveira (IEGRS), um dos mais importantes estabelecimentos de ensino público da Baixada Fluminense. Usou parte das instalações deste Instituto até 12 de setembro de 1998, quando foi transferida para um espaço exclusivo, o Centro Integrado de Educação Pública (CIEP) no bairro da Vila São Luiz, também em Duque de Caxias. (MACHADO, 2010, p.1)
Assim como também a autora, ao transcrever sua entrevista com José Zumba, representante do movimento social da comunidade que esteve presente nessa incorporação da faculdade ao CIEP, nos faz lembrar que a universidade deve continuar refletindo cada vez mais sobre seu papel - Zumba, em entrevista, conta que para os alunos da FEBF irem para o CIEP crianças tiveram que sair, logo existiu uma mobilização dos pais dessas crianças matriculadas que juntamente com a direção da escola fizeram um abaixo assinado para que esse deslocamento não ocorresse. Qual seria então a função de uma Faculdade de Educação nesse contexto? Devemos refletir que o conhecimento não é neutro e suas consequências devem ser consideradas. Acreditamos que o Geofloresta é uma das iniciativas que tentam resgatar esse compromisso.
Apesar da memória não recuperar cada detalhe que foi importante para o surgimento do grupo tentaremos resgatar um pouco do nosso histórico. A troca de experiências e vivências dos alunos de Geografia sempre foi o chão de onde partimos, a base mais rica de informações que podemos experimentar até agora na nossa caminhada. Essa troca varia desde a militância estudantil dentro dos muros da universidade até a participação em congressos, encontros de estudantes, fóruns e outros espaços.
Acreditamos ser necessário então, exemplificar alguns desses momentos que de certa forma contribuíram para formar o Geofloresta. Em 2009 aconteceu o Fórum Social Mundial em Belém do Pará, a FEBF foi representada por alunos que fizeram uma longa viagem de ônibus até lá. Naquele espaço foram discutidos por movimentos sociais de todo o mundo alternativas as propostas neoliberais dos estados nações. Podemos dizer que foi onde as coisas começaram. Lembramos ainda de outro espaço, o Encontro Nacional de Geógrafos – ENG 2012, em Belo Horizonte. O colégio que servia de alojamento para os encontristas, recebeu mais de mil pessoas de todo o Brasil acampadas em barracas. Dentre essas pessoas, estavam três estudantes do Ceará que viajavam a meses de bicicleta pelas estradas do país praticando a agroecologia de forma autônoma, o grupo de autonomeava “caravana searadeluz”. Eles geravam recursos financeiros para a sua viagem através da venda de fotos tiradas ao longo da viagem e da venda de alguns produtos de artesanato. Além disso, a cúpula dos povos foi marcante na construção desse projeto. As reuniões da cúpula do Rio+20 em 2012 eram compostas pelos chefes das grandes nações e organismos que controlam as políticas econômicas ambientais. As reuniões aconteciam na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, no RioCentro, a portas fechadas. Enquanto acordos evolvendo a legislação ambiental que todas as nações deveriam seguir dali pra frente eram impostos, do lado de fora, na Avenida Rio Branco, centro do Rio de Janeiro, acontecia a marcha da Cúpula dos Povos, com a rua tomada por mais de 1 milhão de pessoas. A Cúpula dos povos foi um evento alternativo que tinha como proposta ser um espaço dos movimentos sociais cujo objetivo era a construção de alternativas ambientais diferentes das propostas na Rio+20. Foi neste espaço que conhecemos integrantes do grupo de agroecologia do Centro Acadêmico de Biologia da UFSC, grupo que mais tarde enviaria sementes para o início do plantio.
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