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Globalização

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Por:   •  15/3/2015  •  1.245 Palavras (5 Páginas)  •  258 Visualizações

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Quando se fala, em termos gerais, sobre a globalização, não podemos deixar de citar

Manuel Castells, que assinala vários acontecimentos históricos os quais têm

transformado a paisagem social da vida humana. Entre eles: Uma revolução tecnológica

centrada em torno das tecnologias de informação, telecomunicação e transporte que

surgiu na década de setenta; a interdependência das economias à escala global

introduzindo uma nova forma de relação entre economia, Estado e sociedade; a

desagregação do bloco soviético e as mudanças de políticas econômicas nas nações de

regimes socialistas, pondo fim à guerra fria e a reestruturação profunda do capitalismo.

Essa reestruturação do capital, a partir da década de 1980, foi caracterizada por uma

maior flexibilidade na gestão; na o declínio concomitante do movimento sindical; uma

individualização e diversificação crescente nas relações de trabalho; a incorporação

maciça da mulher no trabalho remunerado em condições discriminatórias; a intervenção

do Estado para desregular os mercados de forma seletiva e desmantelar o estado de

bem-estar com intensidades e orientações diferentes segundo a natureza das forças

políticas e das instituições de cada sociedade; a intensificação da concorrência

econômica global num contexto de crescente diferenciação geográfica e cultural dos

cenários para a acumulação e gestão do capital.

Nessa mesma linha de pensamento temos Amartya Sen (2001), que diz que a

globalização não é nova e nem necessariamente ocidental, nem tampouco é uma

maldição, posto que durante milhões de anos tenha contribuído para o progresso do

mundo através das viagens, do comércio, de imigração, das muitas influências culturais

e da disseminação do conhecimento e saber incluindo a ciência e a tecnologia.

Convém ressaltar, também, a metáfora da fábrica global para descrever a

globalização, segundo Octavio Ianni (2002,p.19):

“A fábrica global instala-se além de toda e qualquer fronteira, articulando capital, tecnologia,

força de trabalho, divisão do trabalho social e outras forças produtivas. Acompanhada pela

publicidade, a mídia impressa e eletrônica, a indústria cultural, misturadas em jornais, revistas,

livros, programas de rádio, emissões de televisão, videoclipes, fax, redes de computadores e

outros meios de comunicação, informação e fabulação, dissolve fronteiras, agiliza os mercados,

generaliza o consumismo. Provoca a desterritorialização e reterritorialização das coisas, gentes

e idéias. Promove o redimensionamento de espaços e tempos.”

descentralização e interconexão das empresas tanto internamente como em sua

relação com outras; um aumento de poder considerável do capital frente ao trabalho

comEntendo que, o fenômeno da globalização só foi possível devido à conexão dos

territórios por redes onde a informação é obtida em tempo real. Neste sentido, Ryszard

Rózga Luter ( em Caravaca ,1998) diz que:

“El espacio de redes está basado en la multiplicación de flujos entre nodos en los que se ejercen

las principales funciones que rigen los comportamientos de la economía y la sociedad a escala

mundial, convirtiéndose, por tanto, en la forma espacial dominante de articulación del poder;

pero no puede olvidarse que, junto a dicho espacio de flujos sigue estando presente el espacio de

lugares, aquel en el que se desarrolla la vida cotidiana de la gente y en el que se establecen las

principales relaciones entre las personas. El primero, pese a su indudable potencia, es un

espacio abstracto, el segundo es un espacio concreto y, por eso, mucho mejor percibido”.

Mas, a globalização com o seu poder de transformação tem características

marcantes, segundo Manuel Castells (2002):

• As novas tecnologias da informação estão integrando o mundo em redes globais de

instrumentalidade. A comunicação através do computador gera um vasto

desdobramento de comunidades virtuais;

• Introduziu-se uma nova forma de relação entre economia, Estado e sociedade em um

sistema de geometria variável, em função da capacidade de certas atividades

funcionarem em tempo real;

• No mundo de fluxos globais de riqueza, de poder e de imagens, a busca da identidade

coletiva ou individual, atribuída ou construída, transforma-se na fonte fundamental

de significado social;

• A tendência social e política são a construção da ação social e da política, em torno

das identidades primárias, assim estão atribuídas ou enraizadas na história e na

geografia ou são de recente construção na busca do significado e espiritualidade. As

primeiras etapas históricas das sociedades informatizadas parecem caracterizar-se

pelo pré-eminência da identidade como princípio organizativo;

• A identidade está transformando-se na principal e às vezes única fonte de significado

em um período histórico caracterizado por uma ampla desestruturação das

organizações, deslegitimação das instituições, desaparecimento dos principais

movimentos sociais e expressões culturais efêmeras;

• O Estado exerce papel importante na relação entre tecnologia e sociedade, uma vez

que detém, desencadeia ou dirige a inovação tecnológica;

• A capacidade ou falta de capacidade das sociedades para dominar a tecnologia e em

particular as que são estrategicamente decisivas em cada período histórico, define em

boa parte seu destino;

• O mundo é verdadeiramente multicultural e inderdependente que somente podemos

compreender e mudar a partir de uma perspectiva plural que articule identidade

cultural, interconexão global e política multidimensional;

• A economia informatizada/global se organiza em torno de centros de comando e

controle, capazes de coordenar, inovar e administrar as atividades entrecruzadas das

redes empresariais;

• O advento da fabricação de alta tecnologia baseada na microeletrônica e na

fabricação assistida por computador, que marcou o surgimento de uma nova lógica

de localização industrial, onde as empresas eletrônicas, produtoras de máquinas de

nova tecnologia da informação foram as primeiras a praticara estratégia de

localização, surgindo um novo processo de produção baseado na informação, ou seja,

o novo espaço industrial se organiza em torno de fluxos de informação;

• Regiões e redes constituem pólos interdependentes dentro do novo mosaico espacial

de inovação global;

• A interação da nova tecnologia da informação e os processos atuais de mudança

social teve um impacto substancial sobre as cidades e o espaço onde observamos que

a vida cotidiana em ambiente eletrônico provocou um aumento espetacular do

trabalho a distância nas áreas metropolitanas do EUA, do trabalho autônomo e

alternativo, uma piora no transporte urbano, o crescimento do comércio on-line e

utilização do computador na medicina;

• A nova economia global e a sociedade informacional emergente apresentam uma

nova forma espacial que se desenvolve em uma variedade de contextos sociais e

geográficos: as megacidades que articulam a economia global, conectam as redes

informatizadas e concentram o poder mundial;

• A sociedade atual está construída em torno de fluxos: fluxos de capital, fluxos de

informação, fluxos de tecnologia, fluxos de interação organizacional, fluxos de

imagens, sons e símbolos. Os fluxos não são somente um elemento da organização

social, mas são a expressão dos processos que dominam nossa vida econômica,

política e simbólica;

No entanto, Amartya Sen (2001) evidencia, que a globalização, com o capitalismo

contemporâneo dos países ocidentais da Europa e América do Norte tem imposto regras

nas relações comerciais e globais que oprimem os mais pobres do mundo e se preocupa

muito mais com a expansão das relações de mercado do que com a democracia, a

educação elementar ou as oportunidades sociais dos setores subalternos. E há ainda o

conflito permanente entre os poderes econômicos que estimulam a integração global e

as forças políticas que defendem as fronteiras do Estado-nação.

É válido citar a opinião de James Petras (2002) a respeito da forma nova e avançada

do capitalismo - o neoliberalismo.

Assim, ele diz que as origens do neoliberalismo não são tecnológicas nem

econômicas, mas políticas e sociais onde as políticas neoliberais e as expressões

ideológicas seguiram a tomada do poder do Estado. Em resumo, o liberalismo

econômico é um projeto político-social-cultural-ideológico que se fundamenta na

articulação do poder capitalista exportador e financeiro sob o controle do Estado, que

atua em um cenário de mercado, trazendo conseqüências políticas, as quais

destacaremos abaixo:

• Crescimento dos governos neo-autoritários junto com a corrupção do processo

eleitoral e das disputadas eleições;

• Crescimento da ação direta extra-parlamentarista, especialmente, a dos movimentos

rurais;

• Enfraquecimento do processo tradicional de negociação coletiva dos sindicatos

urbanos;

• Implementação de “políticas de choque” para evitar rebeliões populares (a auto-ajuda

vinculada as microempresas; a política de identidade e o desenvolvimento

alternativo);

• Fortalecimento dos movimentos de ação direta nas zonas rurais.

Enfim, buscamos neste artigo introduzir o debate sobre a globalização, apresentando os

prós e os contras e iluminando um pouco os argumentos utilizados pelos autores que se

dedicam a este tema polêmico e multifacetado.

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