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O Processo De Migração De Valadarenses Para Os EUA

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Por:   •  4/3/2014  •  1.890 Palavras (8 Páginas)  •  479 Visualizações

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O processo migratório de Valadarenses para os Estados Unidos e as perspectivas teóricas que explicam o fenômeno

O fenômeno migratório internacional da microrregião de Governador Valadares e os processos migratórios de uma maneira geral são bem complexos. Como aborda Siqueira (2009), tratar este fenômeno isoladamente, enquadrando-o intrinsecamente sob a ótica de uma única teoria, não é algo proveitoso, pois não abarca a complexidade que o envolve. Para iniciar toda a análise desse processo, é necessário contextualizar e elucidar alguns aspectos inerentes ao desenvolvimento da cidade de Governador Valadares e microrregião e a influência deste sobre a evolução do processo migratório.

A cidade de Governador Valadares, conta atualmente com 265 mil habitantes (IBGE, 2010), localizada ao pé do Pico do Ibituruna, no leste de Minas Gerais, é mundialmente conhecida por "exportar" seus moradores para os Estados Unidos. Milhares e milhares de emigrantes ao longo das últimas décadas deixaram Governador Valadares e as cidades do seu entorno para encontrarem a "terra prometida" na América. Com a crise de 2008, um grande número de mineiros retornou à terra natal e muitos deles tiveram sonhos interrompidos. Retornaram carregando na mala a frustração de não terem voltado com o tão sonhado pé de meia e em situação financeira pior do que quando foram.

De acordo com estudiosos do fenômeno migratório na cidade, entre eles Siqueira ( 2009), Assis ( 1999), Sales (1999) e Fusco (2001), os primeiros migrantes brasileiros saíram de Governador Valadares na década de 60, mais especificamente em 1964. Antes disso, na década de 40, chegaram dezenas de americanos para trabalharem nas obras da linha férrea Vitória-Minas. Era época da Segunda Guerra Mundial e a demanda de ferro era grande. A companhia que veio para expansão da estrada de ferro trouxe um grupo de engenheiros americanos para a cidade e, com eles, todo o deslumbramento da cultura norte-americana.

Eles criaram bairros inteiros com características americanas e esse foi um período de grande desenvolvimento da região. No imaginário popular ficou a ideia de que a presença desses americanos está relacionada a esse desenvolvimento. Terminado o período de obras, um dos engenheiros americanos, Mr. Simpson, ao contrário da maioria, resolveu ficar com sua esposa em Governador Valadares e por aqui montaram uma escola de inglês que começou a mandar os alunos, filhos de famílias de elite, para os Estados Unidos.

O primeiro estudante que voltou teve sua ida e estada muito divulgada, mandaram cartas, a mídia retratou, e a imaginação da população já estava aguçada. Quando ele retornou, na década de 60, o panorama econômico é de decadência na cidade. O panorama é que a elite estava perdendo a sua posição econômica. Os primeiros emigrantes são jovens dessa elite e os primeiros foram em 1964. Chegando lá, percebem a oportunidade de trabalho e trouxeram essa informação. Eles trazem essas informações de como fazer isso e daí tem início o processo emigratório na cidade (SIQUEIRA 2009). Nas décadas de 60 e 70, os primeiros moradores se mudaram para os Estados Unidos e também avisaram que por lá havia boas oportunidades de trabalho e foram levando familiares e amigos.

E assim, na década de 80, com a economia brasileira em declínio e enquanto em cidades de porte médio do Brasil as pessoas migram para os grandes centros urbanos, como Rio de Janeiro e São Paulo, em Governador Valadares era mais fácil ir para Nova York. Muitos não conheciam nem a capital do Estado, Belo Horizonte, mas preferiam ir para Nova York, onde um conhecido o esperaria no aeroporto. Na região de Nova York, eles trabalhavam em hotéis nas montanhas e a partir daí muitos, por meio dos hotéis, vão para a Flórida, onde se estabelecem em função do clima local e por se identificarem mais com a cultura. Nessas regiões onde os brasileiros moram, existem comunidades inteiras que foram modificadas. Tem bairros em que percebe-se as mudanças, a estrutura, as pessoas que andam nas ruas, a modelagem nas casas. Eles mudam o território para onde vão ( SIQUEIRA, 2006).

Os migrantes Valadares vão para os Estados Unidos fundamentalmente para ganhar dinheiro. Os primeiros foram com visto de trabalho, porém na década de 80, como o número de interessados em viajar para os EUA era muito maior que a oferta de vistos, surge outras maneiras ilegais de se entrar no país. Considera-se então o que passa a ser chamado de cultura da emigração, ou seja uma ideia de que resolve-se os problemas indo para um outro lugar. Fica na consciência coletiva a ideia de que é fácil, não é difícil, mesmo que seja pela fronteira. O imaginário comum de que lá eu vou conseguir, vou encontrar a terra prometida.

Nesta época, havia a falsificação de passaportes, ofereciam dinheiro pelo passaporte, agora não consegue-se fazer isso mais. Havia toda uma estratégia para fazer isso. Existem os facilitadores, ou seja os agenciadores, os chamados "cônsules", que não aparecem para a pessoa, mas que têm todos os contatos. E há os "coiotes", que não são brasileiros, mas mexicanos, que fazem a travessia. O projeto migratório vai tornando-se muito fácil. Os jovens, antes de irem para a faculdade, já queriam ir para os EUA. Até o ano 2000, há um fluxo intenso de emigrantes para os EUA. A região Sudeste com a maior fatia e a região de Governador Valadares com o maior percentual por mil habitantes do Brasil. O fluxo inverso acontece depois dos atentados de 11 de Setembro e depois da crise de 2008.

Considerações finais: as perspectivas teóricas do fenômeno migratório em Valadares

O processo evolutivo do fluxo migratório da microrregião de Governador Valadares é resultado de vários fatores, entre eles, o mais definidor que permitiu uma crescente demanda de emigrantes Valadarenses para os EUA, foi a constituição das redes sociais (SIQUEIRA, 2009). São as redes que, quando configuradas, direcionam os fluxos de migrantes para determinados espaços geográficos e para certos setores específicos do mercado secundário.

A teoria das redes sociais que é destacada por vários autores como Harbison, 1981; Massey, 1990 entre outros, constituem um dos instrumentos teóricos mais adequados para a compreensão e a explicação do fenômeno da migração internacional. No caso valadarense, autores (Assis, 1995; Sales; 1999 e Soares, 2002), deixam claro a concepção das redes sociais e da transnacionalidade. O objetivo de vários migrantes que partem ilegal ou legalmente para os EUA consegue trabalho e dão início à poupança, que garantirá um retorno em melhores condições, só é concretizado através de mecanismos como

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