OS DESAFIOS PARA A ECONOMIA DA BELEZA NA AVENIDA CAPITÃO JÚLIO BEZERRA EM BOA VISTA – RR

OS DESAFIOS PARA A ECONOMIA DA BELEZA NA AVENIDA CAPITÃO JÚLIO BEZERRA EM BOA VISTA – RR

Pâmola Andreia Lemke Walter1

Railson Costa2

Altiva Barbosa da Silva3

RESUMO

Este artigo tem como objetivo, mostrar o que o mercado da beleza está fazendo para resistir à crise financeira, e de diminuição de postos de trabalho neste ramo. Através de levantamentos de dados, pesquisas em fontes primárias e secundárias; entrevistas e questionários, realizados nos salões de beleza da Avenida Capitão Júlio Bezerra, uma das principais avenidas da cidade, e que possui a maior concentração de salões de beleza, pudemos realizar um diagnostico preliminar das ações que os pequenos empresários deste setor tem realizado para se manter no mercado. Constatamos inicialmente, e com apoio da Teoria dos Lugares Centrais de Walter Christaller, que esta concentração obedece a certa lógica espacial de centralização de serviços baseada na distância, já que os clientes direcionam se para esta área, residem em bairros nobres como Paraviana, Caçari e Bairro dos Estados, cuja Avenida Capitão Julio Bezerra é uma via equidistante entre o centro comercial, o trabalho, a escola dos filhos, a Universidade e suas respectivas residências.

Palavras-chave: Geografia econômica; crise financeira, Teoria dos Lugares Centrais; Salões de Beleza

1. INTRODUÇÃO

O Brasil tem passado por momentos turbulentos e de instabilidade devido a crise econômica, política e social que afetou todos os setores, e se espalhou por todo o território nacional. Nessa circunstância tornam-se mais nítidos os circuitos espaciais, superior e inferior da economia da cidade de Boa Vista/RR. Partindo-se da base teórica de Milton Santos sobre os dois circuitos da economia e do espaço do cidadão, pudemos constatar que a economia na cidade de Boa Vista obedece esta lógica de “espaços luminosos e espaços opacos”, como diz o referido autor.

Fazendo um recorte na questão do “mercado da beleza” tentamos entender como este setor tem resistido à crise financeira que se abate em todos os setores, e se houve de diminuição de postos de trabalho neste ramo. Selecionamos assim, a Avenida Capitão Júlio Bezerra -uma das principais avenidas da cidade de Boa Vista - e que possui a maior concentração de salões de beleza, observando inicialmente que os estabelecimentos se mantém e até se renovam nesta avenida.

Um diagnostico preliminar pode nos oferecer algumas pistas da situação específica do mercado da beleza em Roraima, partindo de uma compreensão não apenas geográfica, como até mais antropológica para entender o que move este setor. Dito de outra maneira, não se explica apenas pela situação econômica mas pela importância que a aparência tem no mundo Capitalista.

Do ponto de vista geográfico constatamos inicialmente, e com apoio da Teoria dos Lugares Centrais de Walter Christaller, que esta concentração obedece a certa lógica espacial de centralização de serviços baseada na distância, já que os clientes direcionam se para esta área, residem em bairros nobres como Paraviana, Caçari e Bairro dos Estados, cuja Avenida Capitão Julio Bezerra é uma via equidistante entre os principais pontos da cidade.

Para iniciar a discussão tecemos algumas considerações sobre a importância que a beleza adquiriu desde os primórdios e sua ressignificação capitalista na atualidade.

2. A AREA DE ESTUDO

. LOCALIZAÇÃO DA AVENIDA CAP. JULIO BEZERRA

A Avenida Capitão Júlio Bezerra da Capital Boa Vista no Estado de Roraima, localiza-se num eixo originário do centro Cívico, em sentido Norte-nordeste da cidade, aproximadamente 2,44 km de extensão, percorrendo e dividindo os bairros Centro, Aparecida, Trinta e Um de Março e São Francisco. Mapa acima.

A seguir imagens de alguns salões de beleza visitados na nossa pesquisa.

Figura 1 – Barbearia Express

Figura 2 – Perfil Cabeleireiros

Figura 3 – Salão Corte Bem

Figura 4 – Lux Luxo

Figura 7 – DX

Figura 6 – Atual Cabeleireiros

Fonte: COSTA, Railson (2016)

3. A BELEZA COMO MERCADORIA

A busca pelo embelezamento e pela preservação da juventude deve ser entendida não apenas como um fator de apelo midiático, de lucro capitalista como também da psique do indivíduo - uma espécie de desejo oculto de parar o tempo. A tentativa de retardar o envelhecimento a qualquer custo é tão ativa hoje quanto nos séculos passados, como vemos até em imagens pictóricas dos egípcios em representações dos romanos e de todos os povos que os sucederam. Seja na literatura, na pintura, na arte, na música, a busca do belo é sempre recorrente.

Porém, nos dias atuais a mídia é quem impõe os padrões de beleza que despertam sentimentos intensos e inspiram ações que vão da silenciosa contemplação a ousadias de ordem conceitual e material para desfrutá-la e produzi-la. Das numerosas questões vinculadas à beleza, a produção e o consumo social da beleza humana é o elemento mais valorizado na mídia e nas propagandas de modo geral.

A beleza humana também obedece a padrões de sua época. Desde a Revolução Industrial, com o corre-corre nas cidades, o padrão de beleza teve que se adaptar, elegendo-se na contemporaneidade os corpos mais delgados como os mais aprazíveis. Neste contexto também a maquiagem adquire papel central para corrigir as marcas que a vida urbana, a alimentação desregrada, a noite mal-dormida revela nos traços das pessoas. O que se fazia em casa, com produtos caseiros, nesta área, passa a ser fabricado em pequena, média e grande escala.

Esta crescente busca humana pela preservação do vigor, da juventude, da beleza e da aparência saudável, apelos da mídia, têm sido incentivados pelos avanços tecnológicos ocorridos na medicina, biotecnologia, cosmética, dentre outros. O mercado dos cosméticos está em ascensão, aumentando a competitividade,