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Por:   •  7/5/2013  •  2.122 Palavras (9 Páginas)  •  414 Visualizações

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Marx e Engels (1999) definem bem a idéia de retorno do sujeito para si mesmo, reintegrando novamente a sua essência e a natureza, quando fazem a seguinte afirmação milhões de proletários ou de comunistas pensam de modo inteiramente diferente e provarão isto no devido tempo, quando puserem seu ser em harmonia com sua essência de uma maneira prática, através de uma revolução. A partir do instante em que a classe operária tomar consciência de que o fruto de seu trabalho é expropriado pelos capitalistas lutará, numa perspectiva marxista, pela libertação. O antagonismo entre o capital e o trabalho é a condição necessária para existência da exploração de uma classe sobre outra. Do ponto de vista de Ianni (1985, p. 23), no momento em que a classe operária “descobre que é ela que produz o capital, ao produzir mais-valia, o proletariado começa a libertar-se da denominação burguesa. Esse é o primeiro momento no processo de realização de sua hegemonia.”

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Enquanto a visão marxiana nega radicalmente a divisão do trabalho na sociedade capitalista, o qual leva o indivíduo a seu estado mais brutal de negação de si mesmo e de sua atividade geradora de riquezas, Durkheim vai compreender a divisão do trabalho como necessária para a integração e a cooperação entre os indivíduos. Giddens (1990) afirma que Durkheim orienta-se por uma perspectiva diferente de Marx. Segundo ele, a visão durkheimiana “interpreta o progresso do trabalho em termos das conseqüências integradoras da especialização, e não em termos da constituição de sistemas de classes.” (GIDDENS, 1990, p. 307). A análise de Durkheim não parte da ruptura da sociedade por um processo revolucionário, que leva a sociedade a um regime socialista dos meios de produção. Ao contrário, para Durkheim o importante era fazer com que a sociedade caminhasse para a integração e a coesão social entre os indivíduos, de modo que tornasse o ser humano mais completo, auto-suficiente e parte de um todo. Nesse sentido, Durkheim (1988, p. 97) assegura que “se a divisão do trabalho não produz a solidariedade é que as relações dos órgãos não são regulamentadas, é que elas estão num estado de anomia.” Conforme o pensamento do sociólogo francês, o significado de anomia pode ser entendido como a quebra das regras que regem uma sociedade, uma coletividade de indivíduos. Assim, uma sociedade não poderia funcionar sem regras estabelecidas para o todo social. A quebra das regras é entendida pelo pensador francês como um estado de anomia. Portanto, o fim último de toda

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sociedade humana é a manutenção da coesão e da solidariedade social. No entanto, numa nação em que o código de regras é coeso, integrado e incorporado pelo coletivo, certamente, a quebra dele é mais difícil. Durkheim (1988, p. 98), assim, afirma: Visto que um corpo de regras é a forma definida que, com o tempo, assumem as relações que se estabelecem espontaneamente entre as funções sociais, pode-se dizer a priori que o estado de anomia é impossível sempre que os órgãos solidários estejam em contato bastante e suficiente prolongado. Com efeito, sendo contíguos, eles são facilmente advertidos em quaisquer circunstâncias da necessidade que têm uns dos outros e adquirem por conseqüência um sentimento vivo e contínuo de sua mutua dependência. [...] Enfim, porque as menores reações podem ser mutuamente sentidas, as regras assim formadas trazem a sua marca, isto é, prevêem e determinam até no detalhe as condições de equilíbrio. Giddens (1990) explica que Durkheim chega a reconhecer o caráter alienante do processo de trabalho moderno, no qual o operário repete os mesmos movimentos que o leva a uma superexploração de suas energias e esgotamento de suas capacidades físicas. Porém, ao contrário de Marx, Durkheim aposta na idéia de reorganização e no aprimoramento moral da sociedade. Segundo Giddens (1990, p. 302), o sociólogo francês propõe, no entanto, como meio de reduzir ou eliminar essa desumanização do trabalhador, uma consolidação moral da

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especialização na divisão do trabalho, enquanto Marx deposita a sua esperança numa alteração radical da divisão do trabalho. Durkheim, numa de suas obras máximas do pensamento sociológico, Divisão do Trabalho Social (1893), aproxima-se em alguns aspectos da análise materialista do pensador revolucionário alemão. Essa passagem está evidenciando, conforme Giddens (1990), quando se faz preleção do avanço e do progresso da ciência moderna, da fábrica e da maquinaria que trouxe para o homem uma rotina extremamente angustiante. Os operários, todos os dias, repetem os mesmos movimentos com uma regularidade invariável e sem entendê-los. Quanto a esse entendimento, existe certamente uma aproximação intelectual (embora se supõe não involuntário) entre os dois estudiosos da sociedade capitalista. Entretanto, o questionamento de Durkheim sobre a relação capital e trabalho não vai além de uma reparação da anormalidade no processo, que poderá ser corrigida e ajustada com a retomada da solidariedade orgânica; para Marx, no entanto, poderá ser compreendida com a alteração radical da divisão social do trabalho, no caso, uma revolução proletária. Giddens (1990) chama atenção para a crítica de Max Weber à visão marxiana, sobretudo no que diz respeito à construção de uma nova sociedade socialista por métodos revolucionários. A leitura de Weber sobre a sociedade é bastante plural e causal (pluricausalidade), pois, como diz Aron (apud WEBER, 1989, p. 473),

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uma filosofia do tipo marxista é falsa porque é incompreensível com a realidade, com a natureza da ciência e da existência humana. Toda ciência histórica e social representa um ponto de vista parcial; é incapaz de prever o futuro, pois este não é pré-determinado. Nesse ensaio trazemos a contribuição de Weber para a compreensão e interpretação da sociedade moderna até então vista por ângulos macro-sociológicos. Ao contrário dos teóricos principais da sociologia estrutural (que dão ênfase à sociedade e às estruturas), Weber procura o sentido da sociologia na ação social dos indivíduos. 3 SOCIEDADE E (DES)ENCANTAMENTO DO MUNDO MODERNO Uma das características do mundo moderno é o elevado processo de racionalização e de especialização da ciência. Essa leitura pode ser encontrada no livro Ciência e Política: duas vocações (1905), do próprio Weber. Nessa belíssima obra, o autor considera que a ciência é uma vocação organizada em disciplinas a serviço do auto-conhecimento e conhecimento de fatos inter-relacionados. A racionalização científica está intrinsecamente ligada e articulada entre si ao longo e no decorrer

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