Redes, Nodos e Cidadãs
Por: Paola Rosa • 24/4/2015 • Resenha • 2.954 Palavras (12 Páginas) • 392 Visualizações
“Redes, nodos e cidades: transformação da metrópole latino-americana (MATOS, Carlos de). In. RIBEIRO, Luiz Cesar de Queiroz (org). Metrópoles: entre coesão e a fragmentação, a cooperação e o conflito. São Paulo: Editora Perseu Abramo; Rio de Janeiro: Fase, 2004. Pp. 157-196”
Página 157: A) A liberação econômica, desregulação, crescimento metropolitano
A partir da déc de 1970: países latino-americanos começaram a aderir (...) às recomendações de alguns organismos multilaterais aos países em desenvolvimento, que preconizavam a realização de um conjunto de reformas estruturais a fim de estabelecer a competitividade e o crescimento ➔ “modelo neoliberal”; evolução da economia mundial a partir de 1980.
Página 158: Estratégia destinada a produzir uma profunda reestruturação das respectivas economias nacionais. (...) Esses processos de reestruturação (...) significaram a progressiva incorporação desses países à dinâmica da globalização.
Nesse novo cenário (...) houve uma revalorização do papel das áreas metropolitanas principais (AMP). Para além das transformações derivadas dos impactos da globalização, evidencia-se a persistência da identidade particular de cada cidade.
Página 159: Certas mudanças relacionadas à globalização afetam a estrutura, a organização, o funcionamento e a imagem urbana e estão se reproduzindo por toda parte.
➔ Embora as cidades não convirjam para um modelo único, algumas mudanças tendem a ocorrer em todas elas, devido aos impactos da globalização.
OBJETIVO DO TEXTO – ler parágrafo.
Página 160: No Gráfico I analisa-se a forma com que a mudança de estratégia macroeconômica favoreceu o avanço e o aprofundamento da reestruturação/informacionalização/globalização em cada um desses países e como isso fez com que a maior parte dos nodos das empresas em rede e globalizadas localizadas nesses países evidenciasse uma marcante preferência por se situar em suas AMP, o que nelas provocou um conjunto de mudanças estruturais que impôs um novo tipo de cidade.
A evolução que está sendo observada atualmente mostra, por um lado, maior polarização e segregação social e, por outro, forte intensificação da expansão ou dilatação metropolitana, com incontroláveis tendências à suburbanização, periurbanização e policentrismo.
B) Globalização e crescimento econômico metropolitano
1. Globalização e nova arquitetura produtiva
Ponto de partida das mutações observadas em grande parte das AMP do mundo: reintegração em um âmbito supranacional, por meio de empresas que, nessa dinâmica, foram impulsionadas a se organizar e funcionar em rede (decomposição e reintegração). – “Integração organizacional” (GUILHON, 1998, p.97) → formação, expansão e integração de um número cada vez mais amplo de empresas formadas e operando como redes transfonteiriças (RTF) (...) significou a progressiva incorporação de setores e lugares à dinâmica globalizada (162)
Página 161:
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Página 162: Formação de um espaço mundial de acumulação, em que inúmeras empresas-rede valorizam seus capitais em um crescente número de atividades e territórios.
Os arranjos institucionais promovidos pelas políticas de ajuste estrutural estimularam a mudança organizacional intra e interempresarial, e ao mesmo tempo possibilitaram que esses países configurassem um âmbito propício para a chegada e desembarque de diversos tipos de redes globais em seus territórios.
Modelo celular em rede (VELTZ, 2000, p. 178 e ss.) – tipo de configuração produtiva em que 3 evoluções principais são identificadas:
- decomposição das grandes empresas integradas verticalmente
- crescente externalização da atividades consideradas não estratégicas
- multiplicação no interior das fábricas de unidades elementares semi-autônomas
Acompanhando a crescente influência da organização e funcionamento reticular das empresas, impôs-se como fato fundamental a progressiva financeirização da economia mundial.
Página 163: 2. Redes produtivas e novas centralidades metropolitanas
O funcionamento do modelo celular em rede deu origem a duas tendências simultâneas e complementares:
- ampla dispersão territorial das diferentes células e nodos das RTF
-concentração em determinados locais das funções de comando e coordenação e de uma diversidade de nodos, principalmente produtivos, financeiros e comerciais.
→ Ao se globalizarem, as RTF tiveram de dispersar seus nodos, mas também foram obrigadas a concentrá-los em um determinado número de lugares estrategicamente selecionados.
Página 164: Foram selecionados como receptores de nodos os locais que ofereciam uma série de atributos e fatores que as RTF percebiam como condição necessária para o melhor desenvolvimento de suas atividades e, portanto, para a intensificação de seu crescimento e expansão.
Ao receber e concentrar em seu seio um crescente número de nodos de empresas reticulares, diversas AMP se constituíram em nodos de uma rede de cidades transfronteiriças.
Página 165: A própria natureza da cidade muda, pois, como afirma Veltz (1997, p. 61), “as metrópoles modernas deixam de ser sistemas autocentrados para se transformar em potentes entrecruzamentos de redes múltiplas”. Essa transformação implica uma redefinição medular do próprio conceito de cidade e permite discernir as diferenças essenciais entre a cidade fordista e a que se configura nesse novo cenário.
3. Empresas-rede e a nova base econômica metropolitana
Com a articulação de cada uma dessas cidades ao modelo celular em rede passou a se localizar nelas um crescente número de nodos ou elos de diversas RTF, cuja presença significou progressiva transformação de suas respectivas bases econômicas metropolitanas. ➔ Evolução da economia mundial caracterizada pela incontrolável intensificação da tendência à centralização e à aglomeração do capital.
Página 166: Como se configurou a nova base econômica metropolitana (as AMP que desempenham um papel na rede global de cidades transfronteiriças são a nova base):
As AMP tenderam a concentrar especialmente:
- funções de direção, gestão, coordenação e controle das principais estruturas empresariais globalizados ou em processo de globalização (conglomerados, multinacionais, oligopólios)
- a parte mais importante dos serviços para a produção e das atividades associadas às NTIC (Novas tecnologias de informação e comunicação), bem como dos serviços às familias
- uma parte importante das atividades mais dinâmicas e inovadoras da nova indústria
- as atividades relacionadas à distribuição e comercialização dos produtos globais
→Esse conjunto de funções e atividades forma uma espécie de circuito superior de acumulação nas respectivas economias nacionais, pois seu dinamismo estimula o crescimento de um conjunto de atividades de menor entidade.
Página 167: 4. Crescimento metropolitano e redes mundiais de cidades
O aumento da concentração de nodos de RTF de diversa natureza nas AMP fez com que elas se tornassem, em sua escala, “locais estratégicos para as operações econômicas globais” (SASSEN, 1998, p.9) dos respectivos países.
Isso não implica afirmar que, ao se envolverem nesses processos, tenham se transformado em cidades globais, (...) mas que começaram a ser afetadas pelas transformações correspondentes à sua progressiva globalização.
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