Relatório de Campo: Agroecologia no Vale do Ribeira
Por: inivsucram • 5/7/2015 • Relatório de pesquisa • 2.024 Palavras (9 Páginas) • 323 Visualizações
Introdução
O presente trabalho é referente a disciplina de Geografia Agrária II, ministrada pela profa. Dra. Valéria de Marcos e tem como objetivo a descrição e a compreensão da logística agrícola das populações tradicionais do Vale do Ribeira observadas no trabalho de campo realizado no dia 20/12/2014 ao dia 22/12/2014, mas especificamente na cidade Barra do Turvo, no Estado de São Paulo e Adrianópolis no Estado do Paraná.
Estas populações tradicionais vêm sofrendo as transformações nas relações dentro do campo, e para isso são criadas alternativas em relação aos modos de produção e o manejo da terra para que essas populações não fiquem a margem e suprimidas pelo sistema agrário capitalista. Afinal no gene da constituição dessas populações poucos são os laços comerciais em relação a produção que era caracterizado basicamente pela subsistência. Sendo assim a alternativa postulada pelo agente do meio ambiente, geógrafos, antropólogos, agrônomos, foi o sistema de agroecologia que refere-se ao estudo da agricultura desde uma perspectiva ecológica. Tem como unidades básicas de análise os ecossistemas agrícolas, abordando os processos agrícolas de maneira ampla, não só visando maximizar a produção, mas também aperfeiçoar o agroecossistema total - incluindo seus componentes
A partir da perspectiva da agroecologia é que vamos trabalhar na confecção do presente relatório de campo. Buscando compreender a relação das populações tradicionais com este sistema agrícola, além das relações a níveis governamentais que incidem sobre as práticas tradicionais dessas comunidades.
Dados Gerais
Barra do Turvo é um município brasileiro do estado de São Paulo. Localiza-se a uma latitude 24º45'23" sul e a uma longitude 48º30'17" oeste, estando a uma altitude de 158 metros. Sua população estimada em 2004 era de 8.613 habitantes.
O município de Barra do Turvo apresenta um grau de urbanização de 43,33% de sua área em 2014, segundo a Fundação SEADE. São Miguel Arcanjo apresenta um IDH de 0,641 no ano de 2010, índice considerado baixo pela ONU, e está abaixo da média do Estado de São Paulo.
História
O atual município de Barra do Turvo foi fundado por Antonio Bueno Sampaio, vindo de Iporanga, por volta de 1852 que se estabeleceu com plantação e criação de porcos, na confluência do rio Turvo com o rio Pardo. Naquela época tudo era difícil e o transporte mais usado era o de tração animal: no lombo de burros e mulas, ou, canoas de madeira. A terra apesar de extremamente acidentada era fértil e o feijão surgia como a principal cultura da região. O extrativismo do palmito Jussara surgiu também como uma oportunidade e uma ilusão econômica para muitas famílias rurais. Depois de vários ciclos extrativistas e agropecuário (porcos e milhos, feijão, Jussara, gado, búfalo e agrofloresta...), hoje em dia a paisagem é dominada pelos pastos nos vales e baixo de encostas, agrofloresta nas encostas e pela Mata Atlântica nos cumes e encostas. Barra do Turvo teve sua maior fartura no período entre 1910 e 1930, quando foi grande a produção agrícola e pecuária. Grande quantidade desses produtos era transformada no próprio município, fabricando assim rapadura, aguardente e farinha de mandioca. Criadores de porcos conduziram suas manadas as vezes com mais 500 cabeças a Itapeva, rumo aos frigoríficos, cortando sertões em viagens que duravam 20 a 25 dias para chegar a seu destino. Tropas de mulas partiam em direção a Iporanga, Apiaí, Eldorado e Iguape, levando produtos agrícolas. Utilizavam-se também de canoas como meio de transporte até Iguape, onde iam buscar mercadorias ou à Tradicional Festa de Bom Jesus. Hoje a maior produção da região é a de Banana dividas em extensões de pequenas, médias e grandes propriedades
Agroecologia e as Populações Tradicionais
A primeira parada neste trabalho de campo foi o nosso lugar de acolhimento e repouso situado na propriedade de Pedro Baiano. Almoçamos e na seqüência em um conversa, Pedro nos revelou a suas impressões a partir de seu histórico de vida, nos situou quanto a realidade das práticas tradicionais e agrofloresta no desempenhos das funções no campo e também da relação que tem com agentes governamentais e as cooperativas.
Logo em seguida fomos apresentados aos cultivos da propriedade todos pautados pelo conceito de Agroecologia. É necessário entender até quando e porque a agroecologia surge como uma alternativa ara essas populações. É importante estarmos ciente quanto a relevância e os enlaces das políticas públicas governamentais. Esta região está situada dentro do Parque Estadual de Jacupiranga, na categoria de Reserva de Desenvolvivimento Sustentável(RDS) que é uma área natural que abriga populações tradicionais, cuja existência baseia-se em sistemas sustentáveis de exploração dos recursos naturais, desenvolvidos ao longo de gerações e adaptados às condições ecológicas locais visiando desempenhar a proteção da natureza e a manutenção da diversidade biológica.
A administração do parque detém as leis quanto às práticas e o manejo de uso e ocupação de solo, o que muitas vezes vai de encontro com as práticas das populações tradicionais. O caso mais notório é a restrição da prática da coivara, que é um cultivo itinerante de baixa rotatividade e alta diversidade que trabalha com a regeneração da terra garantida a sua fertilidade. As autoridades competentes utilizam o argumente de que a coivara além de incidir da degradação da mata causado pelas queimadas torna o terreno infértil dentro de um período de 3 a 12 anos. Fato é que a coivara não atende o tempo de produção do modo capitalista, por isso se torna uma prática insuficiente a tais pretenso e é neste panorama que surge a alternativa da agroecologia. A agroecologia corresponde a um campo de estudos que pretende o manejo ecológico dos recursos naturais, para através de uma ação social coletiva de caráter participativo, de um enfoque holístico e de uma estratégia sistêmica- reconduzir o curso alterrado da co-evolução social e ecológica, mediante um controle das forças produtivas que estanque seletivamente as forma degradantes e espoliadoras da natureza e da sociedade.
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