Resenha do livro População e Geografia - Amélia Luísa Damiani
Por: Gustavo Teles • 3/9/2017 • Resenha • 2.050 Palavras (9 Páginas) • 7.113 Visualizações
O livro População e Geografia foi publicado pela Editora Contexto em 2002, e contém 107 páginas, divididas em quatro capítulos, introdução onde discorre a questão do método; Concepções Sobre População, na qual fala sobre a teoria de Malthus e Marx sobre a população além de abordar o Malthusianismo, Neomalthusianismo contemporâneo, elementos da dinâmica populacional, mortalidade, natalidade, fecundidade e migração; A Geografia da População na Geografia Clássica, na qual discorre a diversidade de ocupação ou de povoamento da superfície terrestre, fatores da distribuição da população, a importância da demografia na análise geográfica da população, as migrações, superpopulação e superpopulação nos países subdesenvolvidos; e o último capítulo População e Geografia, no qual trata a população e homem, a produção do homem, o homem ao trabalho e a regulação de sua sexualidade, o caminho das diferenças, o crescimento demográfico e a homogeneização, as diferenças consentidas e as diferenças produzidas.
A autora é Amélia Luisa Damiani, graduada em Geografia pela USP – Universidade de São Paulo, onde também obteve os títulos de Metre e Doutora, além de receber o título de livre-docência em Geografia Urbana pela Universidade de São Paulo. Atualmente é professora doutora na Universidade de São Paulo, sua experiência está focada principalmente na área da Geografia, com ênfase em Geografia Urbana, atuando principalmente nos seguintes temas: cotidiano, urbano, urbanização crítica, produção do espaço e metrópole.
Damiani crítica o quantitativismo no qual é a utilização de números para estudar a dinâmica demográfica, assim fazendo com que se tenha uma ideia frívola da verdadeira realidade que a população se encontra, sendo que o mais importante seria levantar a questão da qualidade, no qual defende que para analisar a população se deve utilizar problemas mais próximos da realidade, mas a autora discorre que não se deve dispensar o uso dos números por completo.
A percepção de população se desenvolve e é complementada no decorrer dos séculos. Para a Damiani o conceito de população remete-se a partir do século XVII com base nas reflexões de Malthus e até o século XX através do panorama de Marx.
Malthus sustenta a teoria que a miséria é necessária ela seria o ponto de equilíbrio para o crescimento populacional. Apesar da sociedade está fragmentada em classes dos menos favorecidos, e os mais favorecidos, a miséria seria um fator positivo no qual ela serve para reequilibrar a desproporção natural que é o crescimento do número de indivíduos e a produção de meios de subsistência. De acordo com Malthus, se todos consumissem a mesma quantidade de alimentos que a burguesia consome, a quantidade disponível não seria suficiente a todos os indivíduos em contraparte a miséria propaga a morte, aumentando o número de doenças, matrimônios, gerando a guerra, assim fazendo com que haja uma elevada taxa de mortalidade, consequentemente equilibrando o crescimento populacional.
Segundo Marx o pobre é desprovido de recursos, além de ser incapaz de se apropriar de meios de subsistência através do trabalho. O trabalhador sempre depende do empregador, isto advém do capitalismo na qual o propósito da produção é o lucro, a produção do capital e não desfastio das necessidades do trabalhador e da produção. De acordo com a autora a população produz e reproduz, no qual distingue-se em população e superpopulação que não é relacionado crescimento populacional, mas sim do progresso da produção social. A superpopulação é relativa e não correspondente ao crescimento total da população, mas, aos de termos históricos do processo da população social, de como se desenvolve e reproduz o capital correspondente. A superpopulação fara com que haja muita mão de obra, além da mecanização substituir o trabalhador adulto de certas etapas produtivas além do uso de trabalho infantil e feminino, assim reduzindo salários e fazendo o homem aceitar ser explorado, assim fazendo com que haja acumulo de capital para o empregador.
O malthusianismo e neomalthusianismo apesar de não seguirem criteriosamente a teoria de Malthus, ainda é produzida à concepção, em relação aos novos problemas sociais e econômicos históricos, a partir do crescimento da população e os recursos vitais para manutenção de um dado território. O malthusianismo não salienta a produção simultânea e, contraditória da riqueza e da miséria, da superprodução de alimentos e da fome. Para o malthusianismo os países subdesenvolvidos, seriam pobres por terem uma população excedente às possibilidades econômicas ela requer investimentos não produtivos, assim desviando investimentos produtivos, isto aumentaria a força de trabalho da mesma forma reduzindo os salários. Para a autora esse pensamento serviria a uma política interna reacionária e extremamente agressiva. Para autora o neomalthuasianismo é uma ideologia, mas não que signifique uma representação da realidade.
A dinâmica populacional é composta por alguns itens, como a natalidade, fecundidade, mortalidade e a migração da população. Os procedimentos metodológicos da dinâmica populacional variam, mas com o estudo a partir da comparação de dados é possível tracejar um perfil qualitativo comportamental da população, um exemplo seria o aumento do nível de escolaridade dos indivíduos e a redução de filhos por família.
A taxa de natalidade seria expressa pelo número de nascimentos de um dado ano, multiplicados por mil e dividido pelo número total da população no ano e local considerados; a fecundidade, relaciona o número de crianças com menos de 5 anos de idade ao número de mulheres em idade reprodutiva, a variação da natalidade indica o perfil socioeconômico dos países estudados, países com baixa taxa de natalidade são países com características desenvolvidas, enquanto a alta taxa de natalidade se apresenta em países subdesenvolvidos. A mortalidade seria expressa pelo número de óbitos em determinado ano multiplicados por mil e dividido pelo número da população total, a taxa de mortalidade demonstra a exceptiva de vida ao nascer, assim podendo identificar o perfil socioeconômico dos países, entende-se que países com uma alta taxa de mortalidade, haja uma menor qualidade de vida. A migração por sua vez, vai além do entendimento de crescimento populacional natural e deslocamento humano, sendo que com o avanço do capitalismo, desencadeasse um grande fluxo migratório. Para os autores como Pierre Georg a migração é como irradiação geográfica de um sistema econômico e estrutura social.
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