A Atividade de Avaliação a Distância
Por: Jorge1957 • 20/8/2019 • Artigo • 4.120 Palavras (17 Páginas) • 208 Visualizações
Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul
Campus Virtual
[pic 3] | Atividade de Avaliação a Distância |
Disciplina/Unidade de Aprendizagem: UA - ESP.-208 – GUERRAS DA ANTIGUIDADE À MODERNIDADE - 2018A
Curso: História Militar
Professor: Camel André de Godoy Farah
Nome do aluno: Jorge Sebastião de Freitas
Data de Envio: 23/07/2018
AS CRUZADAS
- Introdução:
As Cruzadas ficaram registradas na história da humanidade como um dos eventos mais disputados envolvendo a cristandade e o islamismo. Essas disputas já haviam se iniciado antes mesmo do Papa Urbano II fazer sua proclamação no Concílio de Clermont, pois os cristãos já estavam envolvidos em conflitos com o Islã empenhando-se em impedir o seu avanço na península Ibérica. No Oriente Médio esta disputa já vinha acontecendo entre o Império Bizantino e o Islã, mas não era um conflito contínuo prevalecendo a tentativa de acordos visando uma convivência pacífica. Com o início das Cruzadas, a presença de fanáticos religiosos da cristandade abalou esse frágil equilíbrio que vinha sendo mantido.
Até os dias de hoje estes eventos mostram a sua influência; ainda vivemos à sombra das Cruzadas e a consequente Jihad islâmica com seus resultados muito bem conhecidos por todos nós, não só no Oriente Médio mas também em todo o mundo em pleno século XXI, ou seja, depois de passados setecentos anos daqueles eventos originais.
Estes eventos influenciaram de forma fundamental a história do mundo ocidental da época quando se considera que os cristãos estavam envolvidos em combater a expansão do islamismo e sua presença na Terra Santa, enquanto florescia o Renascimento transformando de forma radical a cultura ocidental. Este processo estava levando a Europa a um desenvolvimento Tecnológico, Filosófico, Artístico, Politico e Econômico sem precedentes em sua história.
Para o Império Bizantino a situação era totalmente inversa ficando cada vez mais econômica e militarmente enfraquecido, perdendo territórios e enfrentando as crescentes pressões do ocidente e dos turcos otomanos.
Para o Islã, as Cruzadas não se apresentavam como uma grande ameaça, mas a presença dos cruzados na Síria e Palestina incomodavam seus planos de conquistas territoriais e os obrigou ao estabelecimento de grandes forças militares na região a fim de combatê-los, impedindo que se transformassem em uma ameaça maior. Para eles significou o rompimento de um status quo caracterizado pela tolerância religiosa. A presença dos ocidentais trouxe a intolerância e a radicalização à região agravando a situação de grupos minoritários como os judeus e islâmicos de outras vertentes.
- Desenvolvimento:
2.1 Causas:
As Cruzadas envolveram grupos distintos de povos que habitavam uma grande região geopolítica em torno do Mediterrâneo, Orientes Próximo e Médio e a Europa. Esses povos eram: os ocidentais, também chamados de francos ou latinos, que habitavam o norte, oeste e sul da Europa; os bizantinos ou gregos que habitavam o Oriente Próximo e os Balcãs; e os muçulmanos ou islâmicos que habitavam o Oriente Médio, o Norte da África e parte da Península Ibérica.
Junto ao Império Bizantino viviam povos que eram tolerados por ele, os outros cristãos eram vistos como cismáticos ou hereges, mas havia aqueles como os armênios, georgianos e núbios que se estabeleceram como estados independentes e outros como os jacobitas e maronitas da Síria, coptas do Egito e nestorianos no Iraque e na Pérsia formavam comunidades mais ligadas aos muçulmanos.
Os muçulmanos também formavam um grupo bastante eclético com diferentes vertentes religiosas, além de étnicas e linguísticas, abrigando várias minorias entre elas os judeus. Esses povos possuíam diversas culturas, pois alguns viviam isolados em suas comunidades enquanto outros mantinham relações com seus vizinhos. O Império Bizantino e os muçulmanos, os mais dominantes na região, mantinham relações que variavam entre conflitos e acordos que equilibravam a sua convivência evitando confrontos de maiores proporções. Os muçulmanos entre os séculos VII e X se apresentavam como dominantes, mas quando o Califado Abássida de Bagdá se dividiu, os bizantinos estabeleceram o seu domínio nos séculos X e XI realizando uma série de ações para consolidar seu poder na região, mas em seguida começou um processo de desmobilização militar acreditando que sua vitória sobre os armênios lhe garantiria uma paz mais permanente com os muçulmanos.
Para os povos que ali viviam se tornou comum conviver com as mudanças de poder procurando negociar com os governantes de maneira a evitar conflitos, estabelecendo-se relações comerciais e politicas para garantir o status quo na região.
A invasão dos turcos seljúcidas conquistando a maior parte da Anatólia abalou aquela situação. Apesar do fato em si não possuir representatividade imediata para os muçulmanos, causou comoção no Império Bizantino levando o Imperador Alexsius I a solicitar a intervenção do ocidente a princípio na forma de tropas que deveriam ficar sob o seu controle, mas tal não aconteceu e esta intervenção se apresentou na forma inesperada pelos Bizantinos, de uma Cruzada a Terra Santa totalmente fora de seu controle.
Apesar da atitude indolente dos muçulmanos no início, as atividades dos turcos seljúcidas logo começaram a se mostrar incômodas para eles, pois aqueles estabeleceram um governo centralizado encorajando o renascimento cultural e religioso sunita concedendo-lhes autoridade, mas é importante citar que antes e até quando a Primeira Cruzada chegou os turcos seljúcidas ainda não haviam estabelecido o controle total da região. No Egito, Palestina e na costa Síria o Califado Fatímida permanecia no controle, florescendo o comércio com os bizantinos e os italianos e fazendo trocas culturais.
O Império Bizantino e o Ocidente não se relacionavam bem desde 1054 quando houve o grande cisma entre as igrejas cristãs do oriente e do ocidente tornando as relações entre eles de constante hostilidade. A situação se agravou a ponto de alguns cristãos ocidentais considerarem os bizantinos piores que os muçulmanos e por sua vez no Império Bizantino havia aqueles que preferiam a dominação turca a dos cristãos ocidentais.
A primeira região de conflito entre os bizantinos e os ocidentais foi o sul da Itália onde os bizantinos possuíam territórios até serem expulsos pelos normandos. Em seguida a disputa mudou para os Balcãs onde os ocidentais queriam ampliar sua influência. O Império Bizantino sofria também com a expansão comercial dos Italianos com Veneza e Gênova se aproveitando das suas dificuldades comerciais.
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